Os caminhos coloniais que surgiram no litoral, provavelmente originados de trilhas indígenas e melhorados por colonizadores, aproveitavam as margens dos rios e venciam o relevo da Serra do Mar. Destacam-se três caminhos: do Itupava, da Graciosa e do Arraial. Nesta malha que ligava cidades do planalto com o litoral até meados do século XIX, transitavam grandes comboios de animais com cargas de mercadorias: fumo, couro, cereais, ferragens, cachaça, entre outros.
O Caminho do Arraial acompanhava o leito do rio do Pinto (um dos principais afluentes do rio Cubatão), onde a princípio era usado por garimpeiros. Schmidlin e Polinari (2006) citam que este trecho ligava o atual município de São José dos Pinhais ao Porto do Rio do Pinto.
Nesta região as atividades de extração de ouro intensificaram-se com os mineradores se estabelecendo em arraiais, e um dos mais destacados foi o Arraial dos Mineradores de Ouro do Rio do Pinto.
Fagnani, Fiori e Wageck (2006) relatam que as terras à margem do caminho tornam-se povoadas e de tráfego intenso, sendo que no século XVIII ganha importância comercial ao ligar o planalto a Paranaguá.
Em 1825 o Caminho do Arraial recebe o calçamento com pedras irregulares para passagem dos rebanhos de gado vindos do planalto. Chegando próximo ao rio Cubatão os animais eram abatidos no Porto de Carniças, e embarcados para abastecimento de Paranaguá.
Com a abertura de tráfego de carroções pela Estrada da Graciosa o caminho foi abandonado, desaparecendo parte obstruído pela passagem do oleoduto da Petrobras ou parte aproveitado no traçado de algumas estradas, restando apenas alguns vestígios de trechos que são paralelos à Rodovia BR-277.
Carla Cristina Tonetti Zaleski
Diretora de Geografia – IHGP