O ano de 2023 começou com boas notícias com relação a exportação de granéis sólidos vegetais carregados pelo Corredor Leste do Porto de Paranaguá (Correx). Apenas em janeiro, 1.240.560 toneladas dos produtos foram carregadas, um volume 12,88% maior que o registrado em janeiro de 2022 (1.099.044 toneladas).
O volume de soja em grão embarcado se destacou no contexto nacional. Segundo dados do Governo Federal (ComexStat), o volume de exportação de soja colocou o porto paranaense como líder nacional no período. Foram 346.881 toneladas de soja embarcadas pelos três berços preferenciais. Quantia superior aos volumes movimentados nos portos de Rio Grande (263.365 toneladas), Salvador (71.396) e Vitória (56.180 toneladas).
O diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia, afirmou que os números revelaram uma tendência que já era observada no fim do ano passado. “A demanda do segmento dos granéis vegetais de exportação vem intensa desde o final de 2022. Neste ano, não tivemos nenhum período de ociosidade no embarque pelo Corredor Leste”, disse Garcia.
Modais
Com tanto volume embarcado, também foi significativo o número de caminhões recebidos em janeiro. Desde 2016, não se observou um fluxo tão intenso como o deste começo de ano no Pátio de Triagem. Foram 29.639 veículos que chegaram para descarregar soja, milho e farelo de soja nos terminais paranaenses.
O recorde para o mês na ocupação de vagas do local, registrado há sete anos, foi de 30.064 caminhões. O número de 2023 é quase 15% maior que o registrado em 2022, quando foram 25.819 transportadores recebidos.
Com isso, o modal ferroviário também apresentou aumento. “Apesar da quantidade maior de caminhões, a participação do modal rodoviário foi menor comparado a janeiro de 2022. Em contrapartida, o transporte por ferrovia teve alta”, afirmou o diretor-presidente.
Em janeiro de 2022, cerca de 83,8% da movimentação de janeiro saiu pela rodovia e em janeiro deste ano foram 82,3%. A participação do modal ferroviário passou de 13,7% para 17,7%.
Manutenção
A Portos do Paraná ressalta que os números foram alcançados mesmo com um berço a menos, devido à manutenção programada. A performance dos operadores foi suficiente para atender com tranquilidade e qualidade a demanda do primeiro mês do ano.
Desde o final do ano passado, os berços do Correx – 212,213 e 214 – passaram por parada de manutenção programada. No último berço do cronograma, o 214, um dos carregadores de navios (shiploader 6) passou por ajustes maiores que exigiram que o berço fosse paralisado no período.
“As manutenções que realizamos agora, de maneira bem minuciosa, além de ajustar os equipamentos, dão mais eficiência e segurança às operações por mais um ano de atividade e também reduzem as paradas corretivas ao longo do ano”, comenta Garcia.
Os ajustes estão, também, na organização do fluxo do transporte das cargas que chegam do interior e de outros Estados.
Milho
Apesar do destaque para a soja, o milho foi o principal responsável pela alta no início do ano. Foram 629.960 toneladas de milho carregadas no último mês de janeiro, volume 388% maior que o registrado nos mesmos 31 dias de 2022: 129.126 toneladas. Em janeiro deste ano também houve embarque de farelo do cereal: 59.525 toneladas.
Janeiro não costuma ser um mês típico para a exportação de granéis, especialmente o milho. No entanto, alguns fatores podem ter impulsionado a demanda pelo cereal brasileiro. Um deles é a lacuna aberta no mercado internacional pela situação da guerra na Ucrânia e a nova demanda da China.
“No último mês de novembro, com o novo acordo comercial com a China, 136 empresas foram auditadas e habilitadas pelo Ministério da Agricultura para armazenar e exportar milho no Brasil”, afirma a engenheira agrônoma Ana Paula Kowalski, técnica do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema Faep/Senar-PR.
O Paraná, de acordo com ela, é o segundo Estado com maior número de plantas autorizadas pelos governos chinês e brasileiro. Como explica a especialista, a Ucrânia e os Estados Unidos costumavam ser os principais exportadores de milho para a China. As exportações ucranianas reduziram 24%, já que tiveram menor produção e dificuldades para embarcar o produto, devido ao conflito com a Rússia. E, no caso dos norte-americanos, há conflito comercial.
“O Brasil surge como uma alternativa importante. O País vem se tornando uma potência na exportação de milho, com um crescimento anual bastante expressivo”, afirmou a agrônoma.
Ainda de acordo com a análise de Ana Paula Kowalski, nos Estados Unidos o volume de milho embarcado já tem sido reduzido. “O Brasil ocupou essa lacuna e a tendência é que isso se mantenha para os próximos anos”, acrescenta.
Com informações da Portos do Paraná