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Ano Novo 2021

2020: um ano desafiador para as áreas da saúde e educação

Médica e diretora de escola falam sobre os impactos causados pela pandemia

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2020: um ano desafiador para as áreas da saúde e educação

As áreas da saúde e educação tiveram que superar algumas barreiras neste ano em virtude das mudanças impostas pela pandemia. Os profissionais de ambas as áreas passaram por momentos complicados, tiveram que se adaptar em um cenário atípico e não deixar que pacientes e alunos ficassem desamparados.

Encarando a realidade

A médica infectologista, Lucia Eneida Rodrigues, atua na linha de frente dos atendimentos da Covid-19 no Hospital Regional do Litoral. Segundo ela, a situação mais próxima que viveu até hoje em relação à atual foi a pandemia de H1N1, em 2009.

Foto: Arquivo pessoal

“A diferença é que a vacina veio mais rápido. Mas já havia lidado com os estudos de populações e progressão de pandemia, que seguem um padrão razoavelmente conhecido. Quando raciocinamos baseados nas evidências que a boa ciência nos traz, temos a oportunidade de encarar a realidade, ainda que adversa, com mais maturidade”, disse a médica.

Para ela, este ano foi importante para que os profissionais de saúde mostrassem seu valor na sociedade. “Temos equipes inteiras, de enfermagem, fisioterapeutas, médicos, fonoaudiólogos, o pessoal do administrativo, da higienização e hotelaria. Profissões e profissionais maravilhosos que antes não eram notados estão na linha de frente mostrando a que vieram. Demonstraram uma força e uma garra, um amor pelo próximo tão intenso. Para quem está lá dentro e vê todo o empenho de cada um, consegue entender a dimensão do trabalho dessas pessoas. Ainda mal remunerados, pelo menos foram vistos, sabe? Eu agradeço demais à equipe de higienização das unidades de saúde e, principalmente, dos hospitais. Sem essas equipes, o trabalho seria mais árduo e a espera mais longa”, lembrou Dra. Lucia.

“Para quem está lá dentro e vê o empenho de cada um, consegue entender a dimensão do trabalho dessas pessoas”, disse Dra. Lucia Eneida sobre o trabalho dos profissionais de saúde (Foto: Arquivo pessoal)

Medo da doença

A médica relata que chegou a sentir medo da doença e acredita que mudança de comportamento das pessoas para uma atitude de segurança será um dos maiores aprendizados da pandemia.

“Eu tomo os cuidados preconizados: distanciamento social com uso de máscara, lavagem frequente de mãos ou uso de álcool gel, não levar as mãos ao rosto, ando com cabelo preso e sem adornos (que podem ser reservatório de vírus), tento dormir bem e me alimentar bem. Dentro do local de atendimento, estou sempre com a paramentação adequada, mantendo as técnicas de manuseio do paciente. Isso com certeza funciona, pois apesar do risco aumentado e exposição que profissionais de saúde têm, eu ainda não peguei Covid e espero em Deus não pegar antes de uma vacina segura chegar até nós”, contou a médica.

O maior ganho de todo este ano, na sua opinião, foi aprender a dar valor ao que realmente tem valor.

“As pessoas conviveram mais juntas e ficou claro quem faz falta e quem apenas faz ruído na nossa vida. A felicidade é absolutamente interna e ter diminuído o frenesi do dia a dia nos fez encarar várias realidades: relacionamento, trabalho e nossa própria casa. Você percebeu quantas casas foram reformadas? Lógico que muitas pessoas tiveram que encarar seus sentimentos e pensamentos. E que essa busca da verdade de cada um permaneça entre nós para que possamos evoluir como humanidade”, concluiu Dra. Lucia.

Da sala de aula para o celular

A diretora da Escola Estadual Faria Sobrinho, Liliana Kffuri, afirmou que para a educação o ano também foi de dificuldades desde que as aulas no Paraná foram suspensas, no dia 20 de março. “Este ano foi complicado para todo mundo e para a educação ficou essa questão de depender dos pais dos alunos para que o processo tivesse sucesso. Temos que estar sempre antenados com as mudanças do mundo, não podemos negar essas novas tecnologias, compreender que, infelizmente, nem sempre podemos contar com as famílias. O profissional da educação teve que se reinventar, ter um olhar diferenciado e incansável para que o aluno alcançasse o objetivo. É um momento dolorido, mas estamos vencendo da melhor forma possível”, disse a diretora.

“Tenho certeza de que eles vão valorizar muito mais a escola e o professor”, afirmou a diretora da Escola Estadual Faria Sobrinho, Liliana Kffuri (Foto: Arquivo pessoal)

A maior dificuldade encontrada, segundo Liliana, foi a relação com a tecnologia. “Os alunos tinham celulares, mas ficou evidente e me chocou o fato deles não terem o domínio do uso da tecnologia para fins educativos. A maioria tinha domínio para jogos, redes sociais, mas para a escola, não. Finalizamos o ano e muitos alunos estão sem esse conhecimento e alguns pais também não tinham esse suporte para lidar com a tecnologia. Tivemos uma educação diferenciada, não podemos fazer um comparativo entre a sala de aula e a educação remota. Acredito que muitos perderam a oportunidade de que isso fosse fazer diferença na sua vida. Tivemos aulas on-line maravilhosas”, lembrou Liliana.

Já os professores, na visão de Liliana, se tornaram melhores do que eram.

“Houve um desgaste, mas os professores do Faria Sobrinho deram um show, inventaram novos materiais e ferramentas. Eles fizeram um papel excelente, fiquei muito orgulhosa da nossa equipe pedagógica que trabalhou muito bem para que todo mundo chegasse ao final do ano. Nós nos superamos”, destacou a diretora.

Distância dos alunos

Foto: Arquivo pessoal

Liliana conta que durante esses meses de suspensão das aulas presenciais, alguns alunos foram até a porta da escola e pediram para entrar nas salas de aula para suprir a falta do local que frequentavam diariamente. “A gente só sente saudades do que a gente gosta, sinto a falta dos meus alunos, até do barulho. Essa relação de estar junto é incomparável, fez uma falta para todos, foi um grande aprendizado, eu amo meus alunos”, disse Liliana.

De acordo com Liliana, a partir deste momento, os pais e os alunos devem passar a valorizar mais a escola. “Tenho certeza de que eles vão valorizar muito mais a escola e o professor. Eu sempre disse isso a eles: valorizem seu professor e esse momento que você está ali para aprender. Porque a escola é essa relação do aprendizado, mas o que acontece na escola é muito maior, é a vivência. Uma certeza que eu tenho é que muitos pais vão valorizar, porque sentiram na pele o que é ser professor. Espero que isso faça uma grande diferença no nosso País. Nossa população merece uma escola pública de qualidade”, finalizou Liliana.

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