Irmã Tarcísia fala sobre vocação e sua vida religiosa

Irmã Maria Tarcísia de Jesus, criada em uma família católica, desde muito cedo entendeu sua vocação, e aos 14 anos entrou para a Congregação Nossa Senhora do Bom Conselho, no Rio de Janeiro, fazendo o noviciado. Ela relata que sua vocação surgiu pelo chamamento de Deus e também por ser de uma família muito católica. Além disso, Irmã Tarcísia possui duas irmãs que também são religiosas, Irmã Maria Cecília e a Irmã Maria Zélia, todas da mesma congregação. Há mais de seis anos em Paranaguá, a religiosa conta, nesta entrevista, um pouco de sua vida religiosa, o trabalho que exerce frente ao Asilo São Vicente de Paulo e deixa uma mensagem aos jovens que buscam suas vocações. Confira.

 

Folha do Litoral News: Como percebeu que a vocação à vida religiosa era a vontade e o plano de Deus na sua vida?

Irmã Tarcísia: Na época, tinha sete anos de idade. Após a minha primeira comunhão surgiu esse chamado de Deus no meu coração. Daí foi crescendo e fui dizendo para minha mãe 'eu vou ser uma freira', e ela dizia assim: 'o que é isso minha filha o que é freira você não sabe o que é' e eu dizia assim: 'mas Deus tem um plano para mim que eu vou ser uma freira'. E com 14 anos eu entrei para a Congregação Nossa Senhora do Bom Conselho, que fica no Rio de Janeiro. Com dezesseis anos fui para o noviciado, no qual permaneci por dois anos e depois fiz os votos de pobreza, obediência e castidade por um ano, e depois fiz por dois, três e, hoje, sou uma religiosa de voto perpétuo, que é o voto definitivo, um compromisso para sempre com Deus.

 

Folha do Litoral News: O que é ser uma religiosa?

Irmã Tarcísia: Para mim é ser uma pessoa consagrada especialmente vivendo para Deus e servir o próximo na pessoa de Jesus. Por onde passamos devemos fazer as pessoas felizes, e quando conseguimos isso, nós nos realizamos. Também somos felizes por estar levando almas para Deus. E é uma coisa assim que não é para todos, Deus chama, Deus escolhe e Deus capacita aqueles que são chamados.

 

Folha do Litoral News: A senhora se sente realizada naquilo que faz?

Irmã Tarcísia: Eu me sinto super realizada, me sinto  muito bem e isso completa a minha vida. E tudo o que faço primeiro para agradar a Deus e depois para as pessoas se sentirem felizes.

 

Folha do Litoral News: Como surgiu o convite para a senhora vir trabalhar em Paranaguá?

Irmã Tarcísia: Eu estava trabalhando no Hospital e Maternidade Santa Casa da Misericórdia de Itanhandu no sul de Minas. A madre ligou para mim e disse que tinha um convite para me fazer e completou dizendo: 'Eu estou abrindo uma casa lá no Paraná numa cidade chamada Paranaguá e é você que vai'. E eu no mesmo momento perguntei se era preciso dar uma resposta imediata. Ela disse que eu poderia primeiramente pensar e depois dar minha resposta. Então eu fiquei dois meses pensando e, de repente, a madre me chama e pergunta se estou aminada para ir a Paranaguá e eu respondi que sim, estava, então eu vim. Foi a primeira vez que saí para longe para trabalhar, o mais longe da Congregação que eu trabalhava lá, mas é mais perto era sul de Minas, Rio sempre fiquei por lá. Quando recebi este chamado para poder vir trabalhar aqui. Eu fiquei pensando assim 'meu Deus, vou para um lugar tão longe, longe da minha Congregação, longe da minha família, longe das irmãs. Pensei assim, eu vou, Deus me chama para uma missão e daí vim. Encontrei muitas dificuldades, muitos desafios, mas fui vencendo todos eles com a graça de Deus.

 

Folha do Litoral News: E como a senhora foi parar no Asilo São Vicente de Paula?

Irmã Tarcísia: Eu vim parar cá a pedido da Congregação, porque eu já tinha uma experiência antes de trabalhar com os idosos, já que sou enfermeira. Por isso elas acharam que eu é que tinha que vir, pois era uma Irmã mais preparada, e já vai para sete anos no ano que vem que estou em Paranaguá.

 

Folha do Litoral News: Quais são seus desafios frente à instituição?

Irmã Tarcísia: Os desafios são muitos e cada ano que passa a gente enfrenta novos, que parecem que são mais fortes que os outros, mas a gente vai vencendo, porque nós não trabalhamos sozinhos, nós fazemos parte de uma comunidade que trabalha junta. O presidente não trabalha sozinho e eu não trabalho sozinha e como se diz: 'Uma andorinha só não faz verão'. Uma pessoa sozinha não vai fazer tudo que o asilo precisa e vencer todos os desafios. Mas como a gente faz a união da diretoria, das Irmãs e dos amigos vamos vencendo os desafios e a união para mim faz a força. E como uma andorinha só não faz verão então a gente se espelha na andorinha e juntamos todos e vamos.

 

Folha do Litoral News: Qual recado deixaria para os jovens sobre a vocação religiosa?

Irmã Tarcísia: Para os nossos jovens afirmo que existem bastantes desafios no mundo de hoje, mas é Deus quem chama. O principal é o jovem saber escutar a voz de Deus, aquela voz que cai dentro do coração, uma voz que está dentro da gente e que a gente tem que parar e fazer silêncio dentro de nós mesmos, refletir e ver qual é a vocação que Deus está nos chamando. E se quer ser um religioso, o jovem também precisa levar a vida com Deus. Porque se ele está no barulho, ele não escuta a voz de Deus. O Espírito Santo fala dentro da gente e quando Deus chama a gente sabe que Ele chama, e temos que dar esta resposta do sim. Hoje em dia é muito difícil o jovem saber dizer um sim para Deus, antigamente era difícil, mas não era tanto como nos dias atuais. Hoje em dia, o jovem é capaz de dizer o sim, mas muitas vezes eles sabem que Deus está chamando, mas ele não quer se desapegar das coisas do mundo. A vida religiosa era um despego, a gente deixa tudo para seguir o tudo que é Deus. Deus dá, mas Deus quer que viva dessa coisa para fazer o bem às pessoas e nós, da vida religiosa, temos tudo e não nos falta nada, mas nós não nos apegamos às coisas que nós temos. É isso que Jesus quer da gente 'venha e segue-me' e essa é a mensagem que eu deixo para os jovens.