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Entrevista

Cláudia Valéria: três décadas atuando na educação especial

Presidente da Apae de Paranaguá fala sobra as atividades da instituição

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Cláudia Valéria Kossatz Lopes e Silva nasceu em Curitiba e veio ainda recém-nascida para Paranaguá. É graduada em pedagogia e pós-graduada em Educação Especial e Psicopedagogia. Iniciou no magistério em 1984, no ensino comum e, em 1988, foi convidada para atuar na Apae, iniciando um trabalho que prossegue até os dias atuais. Sua trajetória é marcada por conquistas e sonhos em torno de uma causa que ela considera ser sua opção de vida. Cláudia Valéria é casada com o empresário Henrique Cezar Plaisant da Paz e Silva, mãe de dois filhos, Guilherme e Gustavo, um é formado em Engenharia Mecânica e outro em Direito, ambos residem em Curitiba. É sobre as atividades em torno da educação que ela fala nesta entrevista. Confira:

 

Folha do Litoral News: Como surgiu o interesse pela Educação Especial?

Cláudia Valéria: Faz 29 anos que eu trabalho na Apae, com alunos com deficiência. Meu foco sempre foi a Educação Especial, até mesmo quando iniciei meus estudos no magistério. Não teve fato ou acontecimento específico que me fizesse ir para essa área. Posso dizer que foi uma opção de vida. Meu coração e todo meu trabalho sempre estiveram em torno da criança e do adulto com deficiência.

 

Folha do Litoral News: Qual é a maior barreira que um pai que tem um filho com deficiência enfrenta nos dias de hoje?

Cláudia Valéria: A maior barreira é a falta de informação. Nós somos a única escola do município preparada para receber alunos a partir de um mês de vida, ou até mesmo alguns dias de vida, pois nessa fase é mais fácil de ser feito o diagnóstico. Temos toda uma equipe preparada para acolher essa família. Pois ninguém está preparado para gerar um filho com deficiência e quando os familiares recebem o diagnóstico são encaminhados até a escola e nós entramos com a informação e, a partir daí, eles recebem orientações.  

 

Folha do Litoral News: Antes de ingressar na Apae, a criança passa por triagem?

Cláudia Valéria: Quando a criança chega à Apae ela é encaminhada por algum setor, de educação ou saúde ou, às vezes, algum familiar que conhece o trabalho da Apae. O primeiro processo é uma anamnese, a qual é feita pela psicóloga ou assistente social, elas fazem esse trabalho de coleta de informações. Com isso, a escola passa a conhecer sua realidade sociocultural e o histórico de seu desenvolvimento, sendo elaborado um plano de trabalho que auxilia o paciente a conhecer e compreender melhor a si mesmo, melhorando sua adesão ao tratamento.

 

Folha do Litoral News: Que tipo de deficiência a pessoa apresenta para poder ser inserida na Apae?

Cláudia Valéria: Os alunos vêm com idade de 1 ano a 2 anos. Nesse período, a gente não pode considerar que já  tenha deficiência intelectual. Nós consideramos esta criança com atraso no desenvolvimento. A não ser quando já tenha um diagnóstico de Síndrome de Down, autismo ou de uma  paralisia cerebral. A nossa escola atende criança com deficiência intelectual e múltipla deficiência. Quando tem múltipla deficiência são sempre duas ou mais associadas que seria a deficiência intelectual junto à deficiência motora.

 

Folha do Litoral News: Existe algum projeto que você gostaria que se tornasse realidade?

Cláudia Valéria: A gente vive de projetos, de sonhos. Nós sonhamos muito. Hoje até pela dificuldade que a instituição está passando na questão de continuar a dar este atendimento de qualidade visto a dificuldade financeira, a nossa vontade seria que a instituição tivesse maior visibilidade perante a sociedade. Não podemos apenas ser dependentes do Poder Público. Gostaria que o empresariado local, a comunidade e os  comerciantes viessem conhecer a nossa realidade e nosso trabalho. O nosso atendimento é muito caro, porque demanda de várias especialidades tanto na área de educação, como na da saúde, assistência social e temos uma escola equipada, mas é caro para se manter. É uma estrutura cara. Nós gostaríamos de convidar estas pessoas que viessem até aqui e não adianta só falarmos do nosso trabalho. As pessoas têm que ver, constatar que este trabalho está sendo realizado com seriedade, até para dar a credibilidade necessária. Estamos com duas maiores  dificuldades, as quais temos que dar conta. Não estamos conseguindo manter a nossa equipe de profissionais paga pelo SUS porque este convênio já temos há 11 anos e o recurso  é o mesmo, o montante financeiro que nos é repassado. O que poderíamos ter e oferecer aos nossos alunos há  11 anos houve uma defasagem bem grande. Mesmo a questão dos salários dos profissionais. E outra situação que temos urgentemente que resolver é o acesso de nossos alunos na escola porque nós estamos em uma rua sem saída e nos dias de chuva os alunos têm que descer dos transportes. Não há um local coberto, mas  nós temos um terreno aqui do outro lado da escola. Nós poderíamos fazer a entrada em um local coberto e não  temos verba, não temos recurso para isto.

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