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Entrevista

Amilton Aquim, a lenda viva do rádio paranaense

Radialista, comentarista esportivo e apresentador de Estúdio, Amilton Aquim é detentor da carteira 001 da Associação dos Cronistas Esportivos do Paraná.

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Amilton Aquim, parnanguara, é radialista, comentarista esportivo e apresentador de estúdio. Traz em seu currículo ser um dos pioneiros na Rádio Difusão no Estado do Paraná, um trabalho que dura desde o dia 25 de março de 1955, quando começou a trabalhar na então rádio dos irmãos Rizental, que anos depois passou a ser a Rádio Difusora de Paranaguá, atualmente FM104.  

Ele é membro do Centro de Letras de Paranaguá Leôncio Correia, do Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá (IHGP), Associação dos Cronistas Esportivos do Paraná e da Associação dos Cronistas Esportivos do Brasil, orador por diversas gestões do Clube Atlético Seleto, dentre outros cargos. 

Nesta entrevista, Aquim fala um pouco de sua trajetória, do trabalho realizado sempre pautado na dedicação e amor. Além de mencionar o sucesso do programa que apresenta na 104FM, o Sala de Visitas Unimed, e dos avanços que o rádio teve ao longo dos últimos 60 anos. Confira:

 

Folha do Litoral News: Conte um pouco de sua história, sua trajetória de vida.

Amilton Aquim: Sou filho de Elias e Nagiba Berberi Aquim. Nasci no dia 9 de setembro de 1938, em Paranaguá. Meus pais, comerciantes, eram proprietários de uma loja que era tradicional na cidade, a Casa das Meias. Com apenas 16 anos, eu já tinha vocação para imprensa e, por incrível que pareça, participava de competições de jogos de botão e nas rodadas que estava livre com um companheiro de trabalho que já é falecido, Edgar Picanço, nós fazíamos a transmissão. Ele transmitia os jogos do campeonato de botão e eu comentava, foi daí que fui pegando o gosto e a experiência. Quando estava entre 16 e 17 anos, o saudoso Ayrton Poli, que tinha vindo de Guarapuava em 1952, me viu na Praça Fernando Amaro e me convidou para que ingressasse na rádio. Ele me disse que o Rizental precisa de uma pessoa para fazer um programa esportivo, que era transmitido às 18 horas e tinha o nome “A Hora do Esporte”. Quem fazia esse programa era João Fernandes, o popular Capelão, e Francisco Alves Guerra, o popular Chiquito. Eles se desentenderam com o Rizental e deixaram de fazer o programa. Então levado por Airton Poli fui até a rádio, que era localizada na Rua Prisciliano Correia, um sobrado, em baixo era uma loja de bicicleta do seu Rizental e em cima o estúdio e o auditório, que recebeu grandes nomes da música popular brasileira como Orlando Silva, Sílvio Caldas, Emilinha Borba, Marlene, Francisco Alves e tantos outros artistas de renome. Cheguei lá e fui conversar com seu Rizental, que me falou que precisava de uma pessoa para fazer o programa esportivo e perguntou: podemos começar? Era uma quinta-feira, disse que aceitava e que iniciaria no domingo, pois queria me preparar. Ele disse que não, que era para começar no mesmo dia, soldado no quartel tem que estar atento a todo momento, o senhor a partir de agora é um soldado no quartel. Aceitei, e foi assim que inicie minha carreira como radialista.

 

Folha do Litoral News: E como era o trabalho no início?   

Amilton Aquim: A comunicação evoluiu muito com a tecnologia. Mas vamos lá para o começo, como estava sempre na Praça Fernando Amaro, ali diariamente se reuniam os homens do esporte de Paranaguá, dentre eles Renato Thomaz Nascimento representando Elite, Doutor Joaquim Tramujas representando o Seleto, Toto Branco representando Paranaguá e representando o Rio Branco, Nei Neves. Mesmo antes de entrar no rádio eu já tinha um caderno de anotações, eu ficava lá no meio deles e pegava as informações. Iniciei o programa às 18 horas do dia 25 de março de 1955 e, por incrível que pareça, não tremi, mesmo com a grande responsabilidade. A partir daí, passei a comandar a parte esportiva da rádio, e foram grandes transmissões, jogos do Rio Branco, do Elite, do Seleto, sempre participando nas transmissões como comentarista, bem com fazia o programa no estúdio. Foi neste momento que passamos a fazer transmissões fora de Paranaguá, onde conheci Vinícius Coelho, Carneiro Neto, Machado Neto, enfim pessoas de renome no Estado.

 

Folha do Litoral News: O senhor é um dos fundadores da Associação dos Cronistas Esportivos do Paraná. Conte um pouco desta história?

Amilton Aquim: Sou um dos fundadores da associação, a minha credencial é a numero 001. Fui condecorado com meu sócio número 1 e passei a integrar como associado a Associação dos Cronistas Esportivos do Brasil, e minha credencial dá acesso a qualquer estádio do Brasil e da América do Sul. Como já havia comentado, fiz vários amigos no meio. O rádio para mim foi um aprendizado muito grande e tenho uma grata recordação. Sempre falo que o rádio para mim é uma cachaça.

 

Folha do Litoral News: Como um dos radialistas mais experientes do Estado, qual sua opinião sobre a comunicação nos dias de hoje?

Amilton Aquim: Se você for comparar o rádio de hoje com o de ontem tem muita diferença. Antigamente se fazia rádio com dificuldade, não tinha tecnologia como temos hoje. Era uma mesa de som com dois toca-discos e do lado do vidro para frente ficava o locutor, era bem rudimentar. Hoje não, hoje é tudo para informática, é tudo através do computador. Hoje em dia a rádio não tem uma discoteca, antigamente tínhamos uma sala com LP´s 78 rotações, hoje não, o ouvinte pede uma música o operador vai lá em um botão e toca música, está tudo informatizado. Apesar do rádio ter mudado muito, quando foi lançada a televisão se pensava que a rádio fosse cair na audiência. Todo mundo ficou preocupado, a televisão vai entrar e a rádio vai cair de produção. E isso não atrapalhou. Hoje as rádios, em sua grande maioria, funcionam em FM, é uma faixa  principal que não tem ruído. Antigamente eram AM (Amplitude Modulada) e OC (Ondas Curtas). Então a tecnologia fez com que o rádio melhorasse naquilo que diz modernismo, eu sempre gostei do rádio.

 

Folha do Litoral News: O programa Sala de Visitas Unimed é um sucesso, por resgatar histórias de nossos ilustres moradores. Fale um pouco do programa.

Amilton Aquim: O programa foi lançado em 1993, e ficou no ar de 1993 a 1997, na primeira fase. Em abril de 2016, estava na Praça Fernando Amaro, e chegou uma pessoa da Unimed me avisando que o Dr. Mário Percegona queria falar comigo e que seria uma reunião importante. Eu falei para o cidadão, eu sou apenas um usuário da Unimed, pago o plano mensalmente. E a pessoa disse que não sabia o assunto. Isso me deixou mais curioso. Chegando lá fui recepcionado com uma mesa farta, e já estavam lá o padre Ademar, então diretor da rádio, e o atual gerente Ronaldo Martins. O Dr. Mário chegou com dois médicos da Unimed, e me disse para comemorar o retorno do programa Sala de Visitas, e terá o nome Sala de Visitas Unimed. Eu disse a ele que estava com quase 80 anos e já fazia 23 anos que o programa havia saído do ar. Ele disse não, tem que ser com você que foi o idealizador. E a partir do dia 5 de junho de 2016 reiniciei o programa.  

 

Folha do Litoral News: Com toda essa história de vida, com certeza o senhor tem boas histórias para contar. Poderia compartilhar alguma que considera especial para sua carreira?

Amilton Aquim: Veja bem, tenho um caso que me lembro sempre. Nós estamos transmitindo um jogo no campo do Rio Branco, e na época foram inauguradas as cabines de rádio, e foi realizada uma homenagem a minha pessoa, Cabines de Rádio Amilton Aquim. Terminando as homenagens em campo, fomos para a cabine para ligar a aparelhagem e deixar tudo pronto para o início da transmissão que iniciaria às 15h30. Eu era o comentarista, Waldir Campos narrador e Mura-Mura repórter de campo. Neste momento, chegou um locutor da rádio nacional de Rolândia, quando ele subiu a escadaria da cabine viu aquela placa Cabines Aminton Aquim e aquela 'papagaiada' toda. Iniciamos a jornada esportiva e estava lá comentando a perspectiva do jogo, e Waldir estava ao meu lado, quando o locutor pergunta: Senhor, queria uma informação, esse cidadão já é morto há quantos anos? Dei risada, pois veja que coisa, o cara pensou que a homenagem era para um morto e eu estava ali. Isso é algo pitoresco, eu sendo homenageado em vida e a pessoa pensando que a homenagem era para uma pessoa falecida. Isso dentre tantos outros casos e causos que acontecem conosco que estamos sempre lidando com as pessoas. 

 

Folha do Litoral News: Que mensagem o senhor deixa nestes 371 anos de Paranaguá?

Amilton Aquim: Eu adoro Paranaguá. Saí daqui apenas por quatro anos para me formar como jornalista, e tenho 64 anos de profissão, lembrando que também me aposentei pelo Instituto Brasileiro do Café, o IBC. Então, desejo que Paranaguá saia de certos ostracismos, que seja olhada com mais carinho pelas autoridades, não só as estaduais, como também as federais. Aqui é o berço da civilização. Aqui começou o Paraná e durante muitos anos Paranaguá ficou esquecida. Hoje, talvez até não, porque eu acompanhei a posse do governador eleito Ratinho Júnior, ele fez uma promessa que o Porto de Paranaguá vai investir mais em Paranaguá e no litoral. Com a palavra do governador eu tenho certeza de que Paranaguá vai atingir o objetivo. Então, eu desejo a Paranaguá nesses 371 anos progresso, saúde e trabalho para a população. Felicito as autoridades através do prefeito Marcelo Roque, do presidente da Câmara Waldir Leite, as nossas autoridades constituídas, e que todos se unam em prol de uma Paranaguá mais pujante. Também agradecer à direção da Folha do Litoral News por essa oportunidade e a gente vai se encontrar mais vezes para conversar. Muito obrigado e um abraço a todos!

 

 

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