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Religiosidade

Bispo de Paranaguá relembra o verdadeiro significado da Páscoa

Dom Edmar compartilhou suas reflexões sobre o significado espiritual por trás das tradições e práticas da Páscoa

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Nesta época de celebração da Páscoa, o bispo de Paranaguá, Dom Edmar Peron, destaca a importância de refletir sobre o verdadeiro significado desta data tão significativa para os cristãos em todo o mundo.

Em uma entrevista exclusiva, Dom Edmar compartilhou suas reflexões sobre o significado espiritual por trás das tradições e práticas da Páscoa.

“Em primeiro lugar, nós crescemos na fé celebrando esses dias da Páscoa, se nós formos às celebrações com o espírito aberto para entrar nos ritos, ouvir e participar ativamente das leituras, rezar com as orações da celebração, porque a liturgia não é uma encenação das coisas que Jesus fez nos últimos dias para nos salvar desde a sua entrada triunfal em Jerusalém, mas é um tornar presente. Na liturgia nós dizemos na linguagem teológica que ela é memorial, ou seja, ela torna presente e realiza para aqueles que celebram a salvação. Então, a primeira atitude para o crescimento na fé é ir celebrar de espírito aberto para rezar, para cantar, para ouvir atentamente a palavra e assim sermos colocados pela ação do Espírito Santo dentro da salvação novamente”, disse o religioso, enfatizando que para que isso aconteça, é importante que as pessoas em suas casas leiam as leituras das celebrações, não simplesmente apareçam para as celebrações sem nenhuma preparação. “As pessoas devem se preparar, para que possam chegar lá conscientes do que vai acontecer, tem muitos subsídios na internet que apresentam as leituras e as orações de cada dia, então para o crescimento espiritual e podermos participar ativamente, portanto, das celebrações, é preciso essa preparação, mas é preciso também aquela preparação da oração, chegar antes, acalmar-se, ficar em silêncio, rezar, tudo isso ajuda para que nesse silêncio orante o Espírito Santo possa agir. E o terceiro aspecto para o crescimento espiritual, a consciência de que quando nós celebramos estes dias, nós queremos e desejamos seguir os passos de Jesus, indo da sua cruz à sepultura e alcançando a ressurreição, a vida nova”, comenta Dom Edmar.

Além disso, Dom Edmar relata como a data é celebrada na Diocese de Paranaguá. “Em primeiro lugar, é preciso ter consciência de que os ritos, isto é, as palavras, aquilo que vai ser rezado, cantado, dito, e os gestos, estes já estão nos livros litúrgicos, já estão nos livros de oração da igreja, eles não mudam. Mas nós precisamos ter consciência de que a nossa Diocese tem uma diversidade cultural muito grande, porque ela está organizada em três regiões pastorais. A região pastoral une algumas paróquias, com o intuito de melhor levar avante a evangelização. Então nós temos as paróquias que estão desde Campina Grande do Sul, vão contornando Colombo, Curitiba até Doutor Ulisses. Essas formam a região Pastoral Serra, então são comunidades, paróquias com muitas comunidades, 15, 12, 25, muitas comunidades. É claro que celebrar ali na região Pastoral Serra, vai ter características próprias daquelas comunidades. Por exemplo, uma comunidade que quilombola vai ter ritos e jeitos próprios para celebrar, é diferente de uma Igreja Matriz. Depois nós temos a região Pastoral Paranaguá Marumbi, que inclui todas as paróquias da cidade de Paranaguá e os Santuários, mas as paróquias de Guaraqueçaba, Antonina e Morretes. Aqui há uma outra característica, além dos fiéis, nós temos um fluxo de turistas, temos o movimento do porto, nós temos as ilhas, envolve uma outra compreensão e com tradições muito antigas na Semana Santa. Em terceiro lugar nós temos a região Pastoral Praias, que envolve os municípios de Pontal do Paraná, Matinhos e Guaratuba. Ali é marcante a presença de pessoas que vêm para o litoral, na praia nesses dias da Semana Santa, então elas se misturam às pessoas das comunidades e na paróquia de São Pedro Apóstolo em Matinhos é que eu vou celebrar o Tríduo do Pascal. Então tudo isso configura uma outra maneira de celebrar, porque eu digo isso, porque cada assembleia, no fundo, marca um jeito de celebrar a Páscoa”, explica Dom Edmar.

Questionado sobre quais são as tradições específicas da Páscoa, Dom Edmar lembra algumas delas. “Vou recordar algumas delas, então são muito características nas comunidades e as pessoas gostam desses gestos, a tradição de levar ramos para serem abençoados e depois guardá-los em suas casas de modo especial, guardá-los junto a uma imagem de Jesus ou ao crucifixo. Nós temos o significativo gesto do Lava-Pés na Missa da Ceia do Senhor, com a qual se inicia o Tríduo Pascal, é a memória do serviço de Jesus, da sua entrega pela nossa salvação. Temos o beijo da cruz na celebração da Sexta-Feira Santa da Paixão do Senhor, que as pessoas veneram desse modo muito afetuoso a cruz salvadora de Jesus. Normalmente na sexta-feira à noite nós temos a procissão do Senhor Morto que une a cruz e o sepulcro, porque aquele que morreu na cruz foi sepultado, desceu à mansão dos mortos, mistério celebrado no silêncio do Sábado Santo. Nós temos o acendimento das luzes e o canto do Aleluia, quando o Sábado morre e começa a sua noite, que é a noite já dominical, a noite da Páscoa, a noite da ressurreição de Jesus. E no domingo nós temos normalmente a aspersão com a água abençoada na noite da Páscoa e muita gente leva esta água para abençoar as suas casas. Se não estou enganado, também temos também a tradição aqui na nossa região que o fandango cujos instrumentos ficaram calados durante toda a Quaresma,  na noite do sábado, o chamado Sábado de Aleluia retomem a sua alegria e as suas manifestações”, comenta Dom Edmar, que enfatiza que a Páscoa é o ápice da fé cristã, marcando a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte, e oferecendo a promessa de vida eterna para aqueles que creem.

Além disso, Dom Edmar incentivou os fiéis a aproveitar a temporada da Quaresma como um período de reflexão, arrependimento e renovação espiritual, preparando seus corações para celebrar plenamente a Páscoa.

Também enfatiza a importância de viver os valores cristãos de amor, perdão e solidariedade, não apenas durante a Páscoa, mas ao longo de todo o ano.

Em meio às celebrações e tradições da Páscoa, Dom Edmar deixa uma mensagem aos fiéis da Diocese de Paranaguá. “Ao longo do período Quaresmal nós fomos instigados pela Campanha da Fraternidade a redescobrir a alegria, a beleza da fraternidade humana, promovendo e fortalecendo vínculos da amizade social para que em Jesus Cristo a paz seja uma realidade entre todas as pessoas e povos. A luz disto, vós sois todos irmãos, então eu gostaria de recordar aos fiéis e a todos os que têm acesso a esta página que Cristo é a nossa paz. De dois povos, ele fez um só, mediante a sua cruz, na qual ele matou a inimizade. No Cristo, então, nós buscamos estas relações que nos unem e constroem paz entre as pessoas, na nossa cidade, mas que precisa atingir o mundo inteiro. E a Páscoa de Jesus seja esta esperança vitoriosa de que a paz é possível. E concluo com a citação de São João, capítulo 12, versículo 32, onde Jesus diz que quando ele fosse elevado da terra, atrairia a si todos. Então, a sua Páscoa não é somente para algumas pessoas que, crendo, celebram, mas a sua Páscoa é vitória de vida para todas as pessoas. Desejo que essa vitória de vida seja aquela vitória de condições de vida digna, vida verdadeira, feliz para todos. Desejo que a ressurreição de Jesus reacenda em nós esta fraternidade necessária para construirmos a cada dia relações de paz, sermos semeadores de esperança, de paz no mundo que nem sempre tolera estas realidades do evangelho, mas profundamente humanas. Feliz Páscoa a vocês da redação da Folha do Litoral News, e feliz Páscoa a todos”, externa Dom Edmar.

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