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Meio Ambiente

Área de praia em Pontal do Paraná é isolada para preservar ovos de tartaruga em extinção

Tartaruga-gigante, espécie de risco grave de extinção raramente vista na região, desovou cerca de 100 ovos em Pontal do Sul (Foto: Projeto Tamar)

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Área de praia em Pontal do Paraná é isolada para preservar ovos de tartaruga em extinção

Profissionais explicam importância da ação 

O último dia de 2020 foi especial não somente por marcar o fim de um ano tão difícil, como também por uma demonstração de que o ecossistema do litoral do Paraná ainda é bastante rico e deve ser preservado continuamente. No dia 31 de dezembro, uma equipe de profissionais e pesquisadores do Projeto de Monitoramento de Praias (PMP-BS) e do Laboratório de Ecologia e Conservação (LEC) da Universidade Federal do Paraná UFPR) isolou uma área na praia do balneário de Pontal do Sul, em Pontal do Paraná, onde uma tartaruga-gigante (Dermochelys coriacea) depositou ovos ainda no início da manhã. 

Segundo a assessoria da UFPR, a tartaruga-gigante é uma espécie em risco grave de extinção e raramente vem ao litoral do Paraná para desovar. “É o segundo episódio acompanhado pela equipe, que monitorou caso semelhante em 2010”, informa. “A tartaruga colocou cerca de cem ovos, que devem ser preservados, porque a espécie é protegida integralmente por norma federal”, complementa.

“A tartaruga possivelmente voltará daqui a uns dez dias para nova desova, podendo subir a praia para deposição de ovos até dez vezes na mesma temporada. A tartaruga-gigante é uma espécie criticamente ameaçada de extinção e precisa de todos os cuidados e monitoramento especializado de dia e de noite durante todo seu período reprodutivo”, afirma a bióloga e pesquisadora Camila Domit, que coordena o LEC/UFPR.

Segundo as equipes, a população não pode interferir em nenhuma etapa do processo, algo que inclusive é crime de moléstia de animais, conforme legislação ambiental. As principais orientações são: não mexer na tartaruga e ovos e evitar frequentar o local de desova.  “Obedecer às orientações é essencial para dar chance de sobrevivência aos filhotes da espécie ameaçada, que já têm baixa expectativa de chegar à vida adulta”, explica a assessoria, destacando que tais medidas valem para qualquer animal marinho avistado na região.

Tartarugas-gigantes 

De acordo com a UFPR, a tartaruga-gigante, também conhecida como tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) é a maior espécie de tartaruga marinha existente no mundo, podendo pesar 700 quilos e medir até dois metros. A maior parte das desovas desta espécie ocorre no litoral norte do Espírito Santo, entretanto alguns casos já ocorreram no Paraná. “De acordo com a classificação do Ministério do Meio Ambiente (MMA), é uma espécie criticamente em perigo de extinção. Ainda com a proteção integral (proibição de captura, transporte, armazenamento, guarda, manejo, beneficiamento e comercialização), ainda são registrados encalhes de animais adultos, causados por saúde debilitada, nas regiões Sudeste e Sul do Brasil”, salienta.

“Na costa brasileira, não temos registro apenas de animais nascidos no Brasil, há ocorrência de grande número de animais que vêm do Gabão e de outras regiões da África, que se alimentam nas águas do Sudeste e sul. Uma desova como esse evento no Paraná pode estar relacionado a diferentes motivos, inclusive ser consequência dos efeitos de mudanças climáticas, da demanda da espécie por novas áreas para reprodução ou até uma influência do processo comportamental de migração desses animais”, ressalta Camila Domit. Ainda de acordo com a UFPR, a ocorrência de mortes de tartarugas marinhas por encalhe no Brasil é alarmante.

Desovas raras em areias do Paraná

Segundo a UFPR, é algo raro acontecer uma desova de tartaruga-gigante no litoral do Paraná. “As ocorrências reprodutivas anteriores desta espécie de tartaruga no Paraná foram entre os anos de 2007, 2009 e 2014, e se referia a um mesmo animal identificado que acabou indo a óbito, provavelmente devido à captura incidental em atividades pesqueiras (o animal tinha marcas e a presença de anzóis de pesca comercial)”, explica. A assessoria ainda ressalta que as fêmeas da espécie podem colocar ovos até dez vezes por temporada, porém poucos filhotes conseguem chegar à vida adulta, visto que a tartaruga-gigante é muito vulnerável à pesca comercial e degradação ambiental. 

Segundo a bióloga e gerente operacional do PMP-BS/UFPR, Liana Rosa, é um privilégio poder monitorar e compartilhar informações sobre a espécie. “A tartaruga-gigante é um animal resistente que habita nosso oceano há milhões de anos, mas está exposta a diversos tipos de impacto. Apesar de sua magnitude, é sensível às mudanças e à degradação ambiental. Sua reprodução geralmente não tem alto sucesso em percentual de nascimento de filhotes e sobrevivência deles até a vida adulta”, salienta.

“Os principais desafios que essa e outras espécies de tartarugas vêm enfrentando hoje em nosso oceano são a diminuição dos recursos alimentares devido à degradação ambiental, captura acidental pela atividade pesqueira e a contaminação dos mares. Todos nós podemos fazer algo para contribuir com a conservação desta espécie, cuidando de nossa relação com a qualidade e saúde do planeta”, finaliza.

Com informações da UFPR

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