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Litoral

Avó fala sobre tragédia que matou a neta de 18 anos em supermercado

Rayssa Batista Santos estava em seu primeiro emprego para custear curso e realizar sonho de ser farmacêutica

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Foto: Acervo da família

Na noite da sexta-feira, 22, uma tragédia atingiu o litoral do Paraná. Um supermercado localizado no balneário Canoas passou por um desabamento de laje, que ocasionou a morte de três funcionárias do estabelecimento: Rayssa Batista Santos (18 anos), Camille Vitoria Souza Dias (18 anos) e Pryscilla Maris Tascheck Farro (36 anos), deixando também 12 pessoas feridas. A Folha do Litoral News conversou com familiares de uma das vítimas, Rayssa Santos, que estava em seu primeiro emprego em busca da conclusão do curso de Farmácia, trazendo o relato em tom de tristeza e pedido por justiça da sua avó e mãe, Devanedi Cardoso da Silva, e da tia, Rosangela Alves da Silva Freitas. 

Sonho de ser farmacêutica

Segundo a avó de Rayssa, o sonho dela era ser farmacêutica. “A gente foi em Paranaguá para ela fazer um curso, procurar se conseguia com que ela fizesse esse curso. Eu fui com ela, saímos de lá por volta das oito da noite. Quando chegamos lá, graças a Deus, uma mulher recebeu a gente no local em que a gente foi, onde ela disse que só tinha uma vaga e que a vaga era dela”, explica. “Fizemos a ficha dela, o cartão passou, ela ficou alegre, pulando e o sonho dela era ser farmacêutica”, completa. 

Dona Devanedi explicou como surgiu a oportunidade de emprego no supermercado Super Rede, inaugurado na última quinta-feira, 22, um dia antes do desabamento, explicando que foi oferecida uma vaga de emprego, algo que ela corria atrás desde os 15 anos de idade. “A moça disse que estava abrindo um mercado e que que ia passar tudo escrito para ela, mandando ela ir agora, antes que ela chegasse em casa”, explica a avó, frisando que imediatamente que Rayssa soube da vaga de emprego ela foi até o local, com Devanedi conseguindo a passagem para o seu transporte. “Ela voltou de lá tão feliz, com um sorriso no canto da boca, falando que tinha conseguido, falando que tinha sido dado um número que era pra ela ligar, que iria ajeitar tudo e que na semana mesmo iria trabalhar”, explica.

Visita à neta e vazamento de água no teto

De acordo com a avó, ela foi visitar Rayssa no local de trabalho na sexta-feira, 22, quando a neta havia informado sobre um vazamento de água no supermercado que teria ocorrido no teto. “Eu estava na fila, tem aquele funil, aquela boca grande para baixo que parece ser um cano, eu estava junto com uma senhora na fila dos idosos e a água despejou em cima da gente. Eu falei: meu Deus, um mercado que está inaugurando, caindo água desse jeito? Aí a moça me falou assim: acabaram de fazer, ele vai despencar”, complementa Devanedi da Silva. 

“Minha filha tinha tudo pela frente, com toda a saúde, esperança de fazer tudo, de ajudar, de estudar, fazer o que ela tinha vontade de fazer, mas isso foi tirado dela, acabou a minha vida”, afirma a avó e mãe, Devanedi Cardoso da Silva (Foto: Acervo da família)

Tia relata chegada ao local da tragédia e descoberta da morte

Rosangela Alves da Silva Freitas, tia da vítima, junto com o esposo, chegou ao mercado após o desabamento da laje já sabendo da tragédia, mas não da morte de Rayssa. “Ela estava muito feliz, ela falou: eu vou trabalhar e quero todo mundo lá. Ela tinha começado segunda-feira, 18, a arrumar e fazer tudo, só que na sexta-feira, 22, foi o dia da inauguração, onde ela falou que queria todo mundo lá. Daí ele falou assim, que havia acontecido um acidente no local que a Rayssa trabalha, quando a gente já estava indo para ver ela, estávamos prontos, pegamos o carro e saímos desesperados. Chegamos lá, a gente não conseguiu entrar, falaram que ninguém podia entrar, só que daí a gente começou a pensar que ela estava no meio da multidão do jeito que ela era, só que ela não estava no meio da multidão, a gente ficou procurando e não conseguiu entrar”, completa.

“Uma senhora falou que tinha um corpo lá e eu já me desesperei. Eu não sei como, acredito que Deus, meu esposo chegou e foi um guarda, não sei, que levou ele e falou que ela estava mesmo morta, falando: você quer acreditar? E aí levou ele lá, Deus deixou, porque ele não permite levar, ele levantou o pano e fez assim para mim (sinal positivo com a cabeça)”, relata Rosangela. 

Dor e pedido por justiça

“Isso aí tirou um pedaço de mim. A minha filha foi embora, ela era meu ouro, era meu tudo. Eu tenho a minha filha, mas ela morava comigo, ela era meu ouro, entendeu? Minha filha era para tudo, era comigo, então tiraram um pedaço de mim e eu não consigo, não tenho mais vontade de viver. Minha filha tinha tudo pela frente, com toda a saúde, esperança de fazer tudo, de ajudar, de estudar, fazer o que ela tinha vontade de fazer, mas isso foi tirado dela, acabou a minha vida, destruíram a minha vida e da família em peso”, afirma Dona Devanedi.

O pedido da avó agora é por justiça, com uma investigação que apure quem foi o culpado pela tragédia em Pontal do Paraná. “A justiça seja feita, porque o que eles fizeram minha gente é ganância, isso aí não pode acontecer. Se a gente não tomar a frente e todo mundo se reunir, quem está sofrendo, parentes e todo mundo, eles vão fazer mais, vão continuar mentindo, fazendo o que estão fazendo, jogando para debaixo do tapete”, finaliza Devanedi da Silva. 

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