No Dia Internacional da Mulher, destacamos a história de uma mulher que transformou sua trajetória profissional em um compromisso de proteção e acolhimento para outras mulheres. Márcia Garcia, com 25 anos de serviço na Guarda Civil Municipal de Paranaguá, é hoje a coordenadora da Patrulha Maria da Penha, um programa essencial para garantir a segurança de vítimas de violência doméstica na cidade.
Uma trajetória de luta e compromisso
Márcia iniciou sua carreira na Guarda em 1999 e, ao longo dos anos, passou por diversas áreas, como o setor de trânsito, Defesa Civil e patrulhamento de motos. Em 2019, assumiu o comando-geral da Guarda Civil e, paralelamente, a coordenação da Patrulha Maria da Penha, função que desempenha há seis anos.

Com uma equipe composta exclusivamente por mulheres, a Patrulha Maria da Penha se tornou uma referência no acompanhamento de medidas protetivas e no suporte às vítimas de violência. Segundo Márcia, a presença feminina no atendimento faz toda a diferença. “No início, o atendimento era feito por um casal de guardas, mas percebi que as mulheres se sentiam constrangidas com a presença masculina. Desde que passamos a ter somente mulheres na equipe, o acolhimento e a confiança das vítimas melhoraram muito”, explica.
Como funciona a Patrulha Maria da Penha?
O principal foco da patrulha é garantir o cumprimento das medidas protetivas de urgência, dando suporte às vítimas e auxiliando a Justiça no monitoramento dos casos. A equipe acessa diariamente o sistema ProJude para acompanhar processos e, em caso de descumprimento da medida protetiva, atua imediatamente para garantir a segurança da mulher, podendo até realizar prisões.
Além disso, a patrulha trabalha em parceria com a Polícia Civil, Polícia Militar, Ministério Público e o Judiciário, criando uma rede de proteção eficiente. Também orienta as vítimas sobre seus direitos e os encaminhamentos necessários, como assistência social, psicológica e jurídica.
O desafio de ser mulher e líder na segurança pública
Márcia Garcia é uma das poucas mulheres a ocupar um cargo de liderança dentro da Guarda Municipal, e ela reconhece que o caminho não foi fácil. “O mundo ainda é muito machista, mas conquistei respeito pelo meu trabalho. Sempre fiz questão de atuar com dedicação e justiça, independentemente de quem está envolvido. A lei é igual para todos”, ressalta.
Com três filhos já adultos e avó de um menino de quase três anos, Márcia se orgulha de sua trajetória e de poder contribuir para um mundo mais seguro para as mulheres. “Me encontrei nesse trabalho. O assunto da violência contra a mulher precisa ser discutido, e por isso estamos sempre levando informação para diferentes públicos. Nosso próximo projeto, ‘Maria Vai às Ilhas’, levará orientações sobre a Lei Maria da Penha para comunidades mais distantes. Depois, vamos implementar o ‘Maria Vai à EJA’, para conscientizar jovens e adultos sobre o tema”.
Uma mensagem para todas as mulheres
No Dia Internacional da Mulher, Márcia deixa um recado para aquelas que buscam seu espaço e independência. “Muitas mulheres deixam de estudar ou de se capacitar por causa de relacionamentos e, quando se veem em uma situação difícil, não sabem para onde ir. Mas existe uma rede de proteção e apoio. As mulheres precisam lutar pelo seu espaço, buscar conhecimento e acreditar que são capazes. Se tiverem um objetivo, vão conseguir”.
Histórias como a de Márcia Garcia mostram que a luta pela igualdade e pela segurança das mulheres avança a cada dia.