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Coronavírus

Doação de órgãos em tempos de pandemia. Saiba como funciona

No Brasil, os cidadãos decidem se serão ou não doadores, mas após a morte apenas a família tem a palavra final. No caso de falecido com Covid-19, existem protocolos

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Mesmo com as dificuldades causadas pelo novo Coronavírus, o Estado do Paraná se mantém líder em doações e transplantes de órgãos no País.

O transplante de órgãos e tecidos é considerado técnica consagrada para uma efetiva reabilitação de pacientes portadores de insuficiência terminal desses órgãos.  Além do objetivo fundamental dos transplantes de órgãos de salvar vidas, principalmente, nos casos de transplante de coração, fígado e pulmões, esses procedimentos também promovem significativa reabilitação física e social dos pacientes, reintegrando-os à família e ao trabalho, com uma melhor qualidade de vida. Mas como ficam as doações de órgãos em tempos de pandemia?

A coordenadora do Sistema Estadual de Transplantes, Dra. Arlene Terezinha Badoch, explica como funcionam os critérios para doação de órgãos. “O diagnóstico de morte encefálica é um direito do paciente e da família. Independente se a pessoa pode ser doadora ou não, o diagnóstico de morte encefálica deve ser feito. Então, existem vários critérios clínicos que suspeitam que o paciente está em morte encefálica. Daí abrimos o que chamamos de protocolo de morte encefálica, onde são realizados vários exames clínicos, exame de imagem e sorológico para verificar se aquela pessoa está ou não está em morte encefálica. Se está em morte encefálica, comprovada por todos estes exames, e este é um direito do paciente e da família. Então toda a pessoa que venha a ser doador de órgãos, tem que estar em morte encefálica. Mas nem toda pessoa que tem a morte encefálica pode ser doadora de órgãos. Muito pelo contrário, tivemos 1200 notificações de morte encefálica, e apenas 600 foram validadas para entrevista, sendo que apenas pouco mais de 450 foram doadores. A morte encefálica é um diagnóstico a um universo maior. Tem o diagnóstico de morte encefálica, se confirmou, você vai verificar se ela testou e tem condições para ser um doador”, detalha Dra. Arlene, explicando quais os critérios para que uma pessoa em morte encefálica seja doadora de órgãos. “Os critérios são os mesmos que a gente utiliza para ser doador de sangue, e mais alguns outros específicos. Então, a partir deste momento são descartadas situações como doenças contagiosas, doenças transmissíveis, situações de câncer, onde se vai avaliar se ele pode ou não ser um doador. Ou seja, mesmo se não estivéssemos em pandemia, os critérios seriam os mesmos, isso é importante ressaltar. A pandemia aumentou o número de mortes encefálicas com a Covid, fazemos o diagnóstico, apresentamos o perfil para a família, mas ele não é apresentado para doação”, explica.  

Dra. Arlene, coordenadora do Sistema Estadual de Transplantes, explica como funcionam 
os critérios para doação de órgãos.
Dra. Arlene, coordenadora do Sistema Estadual de Transplantes, explica como funcionam
os critérios para doação de órgãos. Foto: Arquivo/AEN

Vale destacar que o Sistema Estadual de Transplantes do Paraná SET/PR, trabalha arduamente pela excelência dos serviços no âmbito do Sistema Estadual de Transplantes, principalmente para ampliar o acesso dos pacientes que necessitam ser submetidos ao transplante, qualificar os procedimentos e aumentar o número de transplantes no Estado o que consequentemente, exige a ampliação do número de doações. Todo esse trabalho levou a um significativo aumento nos índices de doação e captação de órgãos no estado nos últimos anos.

ÓBITOS POR COVID-19

De acordo com a norma técnica da Anvisa, que serve como recomendação à rede hospitalar brasileira, pacientes com Covid-19 confirmada por teste não podem fazer a doação de órgãos, com “contra-indicação absoluta”. Já pessoas que contraíram o vírus, mas que tiveram regressão completa dos sintomas há mais de 14 dias estão elegíveis para a doação desde que um teste RT-PCR seja realizado e tenha dado negativo 24 horas antes da captação dos órgãos. O mesmo é válido para pacientes que faleceram com suspeita de Covid-19.

DOAÇÕES

Mesmo neste período de pandemia, o Paraná se mantém líder em doações de órgãos, transplantes de rim e menor recusa familiar no ranking nacional do último ano.

Mesmo neste período de pandemia, o Paraná se mantém líder em doações de órgãos, transplantes de rim e menor recusa familiar no ranking nacional do último ano. O Estado atingiu a marca de 41,5 doações de órgãos por milhão de população (pmp) em 2020, ficando à frente de todos os estados brasileiros e muito acima da média nacional, que fechou em 18,1 pmp. Os dados são da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) e foram divulgados este mês. 

Além da liderança no número de doações, o Paraná foi o Estado que mais realizou transplantes de rim e o segundo em transplantes de fígado, com uma média de 40,6 e 20,1 transplantes pmp, respectivamente.

No ano passado, o Estado teve 1.161 notificações de potenciais doadores e 475 doações efetivas, as quais corresponderam a 698 transplantes de órgãos sólidos realizados no Estado.

Os dados também mostram que o Estado teve queda na taxa de recusa familiar. No último ano, apenas 23% das famílias recusaram a doação de órgãos, sendo este o índice mais baixo já registrado na história do SET/PR.

Com informações da SESA/PR

Foto: Venilton Kuchler

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