Coronavírus

Butantan salienta crescimento da pandemia, mas sem aumento expressivo de mortes e internações

Sublinhagens da Ômicron impactam, mas com casos leves e moderados "graças à vacinação"

São Paulo - Fachada do centro de pesquisa biológica Instituto Butantan, no bairro do Butantã, zona oeste da capital.

No último dia 1.º de julho, o Instituto Butantan trouxe informações científicas sobre o atual momento da pandemia da Covid-19, ressaltando que novas variantes advindas da cepa da Ômicron e a pressão evolutiva do vírus fez com que os casos aumentassem, mas que fossem leves e moderados, algo que ocorre graças ao avanço da vacinação contra o Coronavírus. Segundo a entidade científica, apesar do crescimento, não deverá haver um aumento expressivo de mortes, visto que a imunização completa contra a doença vem impedindo o agravamento da Covid-19 para internações e óbitos.

“Ainda que o número de infecções por Covid-19 continue aumentando e pressões evolutivas levem ao surgimento de novas variantes do SARS-CoV-2, não devemos ter um aumento expressivo de óbitos porque a vacinação completa vem impedindo o agravamento da doença para internações e mortes. Essa é a opinião do presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, para quem os imunizantes atualmente em uso no Brasil têm oferecido proteção inclusive contra a variante ômicron do SARS-CoV-2, cepa predominante no mundo e que tem dado origem a diferentes sublinhagens”, detalha o Instituto Butantan

Segundo o presidente do Butantan, é visível que a pandemia está crescendo, mas em um ritmo lento. “Isso não significa que vamos ter aumento de óbitos. O que estamos observando é que, mesmo que aumentem as infecções, em função da vacinação os casos são leves ou moderados”, explica Covas, que é médico hematologista, bem como professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP). “Mas continuamos a ter óbitos e internações, principalmente nas pessoas que não completaram o esquema vacinal com terceira e quarta dose. Seria ilusório achar que a pandemia acabou”, acrescenta.

Segundo o Painel Coronavírus do Ministério da Saúde (MS), que utilizada informações do DataSUS, “na 25.ª semana epidemiológica de 2022 (de 19 a 25/6) foram registrados 368.457 novos casos de Covid-19 e 1.359 mortes”, enquanto “na 28.ª semana epidemiológica de 2021 (11 a 17/7) haviam sido contabilizados 273.445 novos casos e 8.373 mortes”. “Isso indica que, em julho de 2021, quando apenas 30 milhões de brasileiros haviam completado o esquema primário de vacinação, a proporção era de 1 morte a cada 271 casos de Covid-19; atualmente, com 167 milhões de pessoas com as duas doses ou dose única, a proporção é de 1 morte a cada 28 casos”, detalha o Butantan.

Variantes, evolução e importância da vacinação

Segundo o órgão científico, a evolução de um vírus como o Coronavírus não é algo aleatório e não há como prever como isso irá ocorrer. “A ciência sabe, no entanto, que alguns elementos favorecem essa evolução. Essas pressões evolucionárias, às quais todos os seres vivos e vírus estão submetidos, dependem muito do ambiente em que o organismo está”, informa. “Essa evolução de variantes era desconhecida, embora esperada, e o SARS-CoV-2 evoluiu”, aponta o presidente do Butantan.

Entretanto, o que chamou a atenção na Covid-19 foi uma evolução significativa em um curto período de tempo na pandemia, algo que também ocorreu na gripe espanhola em 2018. “Na pandemia de Covid-19, tivemos a introdução das vacinas. As vacinas que foram usadas, principalmente nos países desenvolvidos, agiam contra a proteína S [Spike], um pedaço específico do vírus. Isso é pressão evolutiva: seleciona naturalmente os vírus que acumulam mutações nessa proteína”, detalha Dimas. 

Para o Butantan, “isso propiciou, no início, uma evolução em busca do escape vacinal – ainda que, na prática, a vacinação em larga escala tenha se revelado capaz de conter o avanço no número de mortes por Covid-19″, informa. “Esse é o panorama geral: tem as pressões seletivas e o vírus vai sendo selecionado à medida que a própria pandemia avança”, ressalta o presidente. 

Sublinhagens

Segundo o Butantan, é necessário compreender a evolução do vírus durante a pandemia, com aumento da circulação, surgimento de novas variantes, bem como a importância da vacinação neste processo. “Em 2020 e início de 2021, muitas pessoas que ainda não tinham a imunidade estabelecida pela vacina foram infectadas pelas cepas delta e gama. E então veio a ômicron, uma variante muito diferente de todas as que a antecederam e que causou a quarta e a quinta ondas de Covid-19 no Brasil e no mundo. Ela rapidamente se propagou por todo o mundo, tornando-se dominante e dando origem às sublinhagens, variantes muito semelhantes às linhagens das quais provêm. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a ômicron e suas sublinhagens são a única variante de preocupação (VOC, na sigla em inglês) do SARS-CoV-2 atualmente em circulação”, detalha a assessoria.

“Estamos vendo evolução dentro da ômicron. Começou com a BA.1, hoje na Europa já foi tudo BA.2 e agora rapidamente passando para BA.4 e BA.5, variantes de disseminação muito rápida. No Brasil a BA.1 atingiu mais de 70% dos casos e a BA.2 subiu com velocidade. Agora a BA.4 e BA.5 também crescem rapidamente. Isso explica a tendência do número de casos e de internações nas últimas semanas”, ressalta Dimas Covas. “Segundo a Rede Genômica Fiocruz, coordenada pela Fundação Oswaldo Cruz, o processo de substituição da linhagem BA.1 pela BA.2 já está consolidado, e a BA.2 atualmente responde pela maioria das amostras analisadas pela instituição”, detalha a assessoria. 

De acordo com o Instituto Butantan, assim que uma nova sublinhagem da variante é detectada, cientistas analisam os impactos em termos de gravidade da doença. “Se o efeito for pequeno, a tendência é que a variante se dissemine e depois diminua sua participação. “Nós aprendemos a cada dia, a cada semana”, explica. “A vigilância genômica é importante e o Butantan tem feito isso há algum tempo exatamente no sentido de permitir a identificação de variantes novas e a porcentagem delas na população”, finaliza o presidente.

Com informações do Instituto Butantan

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Leonardo Quintana Bernardi

Jornalista graduado pela PUC-PR com atuação desde 2012 no jornalismo impresso, online e em audiovisual, bem como em assessoria de comunicação. Já trabalhou em órgãos públicos, jornais locais, freelances em veículos de alcance nacional e desempenha suas funções na Folha do Litoral News desde 2017. Defensor do jornalismo como meio de transformação social.