Em entrevista realizada na sexta-feira, 3, o prefeito de Paranaguá, Adriano Ramos, abordou a grave situação enfrentada pela saúde pública do município. Durante visita à Unidade de Pronto Atendimento – UPA 24 horas, Ramos presenciou filas extensas, falta de médicos e uma estrutura comprometida por contratos herdados da antiga gestão. Acompanhado pela secretária municipal de Saúde, Patrícia Muzetti Vianna Scacalossi, ele ouviu relatos de pacientes e destacou a necessidade de um sistema mais eficiente e humanizado.
“Estamos revisando cada detalhe para corrigir erros do passado e oferecer uma saúde pública digna e respeitosa. Não ignoraremos essa realidade. Nosso compromisso é transformar a saúde de Paranaguá e devolver à população o cuidado que ela merece”, afirmou o prefeito.
Ao lado de fora, na frente da UPA, o prefeito descreveu e citou alguns pontos do que conseguiu observar após a visita ao local. “A grande dificuldade está na demora do atendimento dos médicos, nós observamos ali no relatório das consultas que no período do dia o atendimento levou aproximadamente 43 minutos cada atendimento e isso gerou um acúmulo para o período noturno, onde agora todo mundo viu o que está acontecendo. Nós estamos no segundo dia de gestão, a Patrícia é uma servidora de carreira de mais de 20 anos, tem muita capacidade para resolver os problemas não só da UPA, mas da saúde como um todo. Está se ambientando ainda, conhecendo todo o sistema”, disse Adriano Ramos.
FASP
“Quem faz a gestão da UPA é a FASP, o prefeito Marcelo Roque, ele renovou o contrato para mais três meses, que já é em março, esse contrato é muito amarradinho e nós não temos muito o que fazer nesse momento, do que está acontecendo aqui. A Patrícia buscou com alguns médicos para ver se queriam vir aqui fazer um plantão extra. Nós conversamos com a Mariana, que faz a escala da FASP, que é a empresa que gerencia, a Mariana me mandou uma mensagem agora novamente aqui no WhatsApp, que ela já mandou no grupo, deu o print do grupo, solicitando para que algum médico poderia vir aqui para atender. Não teve ainda nenhum retorno. Mas medidas nós vamos tomar para minimizar esse problema daqui”, explicou Ramos.
O prefeito Adriano Ramos afirmou que a saúde é um compromisso e prioridade no seu governo e que buscará melhorar o atendimento à população. “O que nós queremos é deixar uma coisa muito clara. Isso aconteceu durante oito anos da gestão do prefeito Marcelo Roque. Foram oito anos que toda a cidade sabe que ele não conseguiu resolver o problema da UPA ou não deu atenção devida para essa situação. O que nós faremos? Nós vamos melhorar o atendimento da UPA. Esse é um compromisso nosso, é nossa prioridade. Como nós ouvimos agora ali das pessoas que estão ali dentro, que eles desconhecem durante todo esse período da gestão anterior do prefeito Marcelo Roque quando uma secretária de saúde esteve aqui, agora são 23h18, uma secretária de saúde anterior esteve aqui para tentar resolver o problema ou quando o prefeito Marcelo Roque esteve aqui às 23h18”, frisou. “Nós não vamos fugir da responsabilidade. Nós não vamos nos esconder no gabinete”, completou.
SECRETARIA DE SAÚDE
A secretária municipal de Saúde, Patrícia Muzetti Vianna Scacalossi, informou a imprensa sobre a situação, também, nas unidades básicas de saúde em Paranaguá. “Para vocês terem uma ideia, a gente está com um déficit de consulta na unidade da Vila Garcia. A gente pode observar que a consulta hoje está sendo agendada daqui a três meses. Pode uma unidade básica de saúde com agenda para daqui a três meses? Isso com certeza vai refletir aqui na UPA, porque o paciente que chega na unidade básica e não consegue a consulta, ele vem para a UPA para o atendimento, porque às vezes uma simples dor de garganta pode virar uma situação mais complicada. A gente percebe que aqui na UPA, a maioria dos atendimentos são pulseirinhas azuis e pulseirinhas verdes. Então são pulseirinhas que são agravos, que não são emergentes. Quanto mais forte, por mais quente a cor da pulseirinha, mais emergência é”, relatou a secretária.
Ao ser questionada sobre a quantidade de médicos que estavam atendendo na UPA naquele momento, ela respondeu aos jornalistas. “Hoje à noite a gente tem seis médicos da empresa credenciada. A gente tem que entender que aqui na UPA não tem só o atendimento do corredor, a gente tem um setor de emergência, que são alguns pacientes que ficam aqui internados, às vezes por mais tempo”, contou Patrícia.
CÂMARA MUNICIPAL
O prefeito Adriano Ramos aproveitou a oportunidade para informar publicamente que os vereadores podem continuar buscando informações na UPA, que ninguém será barrado ou impedido de fiscalizar, que é o papel do legislativo, sendo poderes independentes.
“Algo que eu quero deixar muito claro, o vereador de Edilson Caetano que está aqui conosco, tem vindo com muita frequência aqui na UPA e, tem um detalhe, na gestão anterior do prefeito Marcelo Roque, os vereadores não conseguiam passar da porta de entrada porque os seguranças não permitiam por determinação do prefeito. Nós conversamos aqui com quem também gerencia a enfermagem e eles não tinham autorização para passar nenhuma informação para nenhum vereador”, afirmou o prefeito.
“Eu quero dizer que nossa gestão, uma gestão onde nós não queremos privar o direito, principalmente de quem foi eleito pelo povo como o vereador Edilson e todos os 18 outros vereadores, que a qualquer momento que eles quiserem vir na UPA fiquem à vontade. Que a nossa determinação, que foi passada agora aqui para a direção, que nenhum vereador pode ser barrado e nenhum tipo de informação pode ser negada ao vereador. A Câmara Municipal vai executar e exercer a sua função que é fiscalizar o poder executivo. São poderes independentes, mas harmônicos, e aqui não tem ditadura, não tem perseguição. Ninguém vai prender o vereador Edilson Caetano, como fizeram na gestão anterior, por ele cumprir a função dele”, finalizou o prefeito.