Pesquisa apresentada em 2015 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que uma em cada 10 pessoas no mundo, 10% da população global, sofre de algum distúrbio de saúde mental. Isso representa aproximadamente 700 milhões de pessoas. No entanto, apenas 1% da força de trabalho mundial de saúde atua nesta área. Pesquisas mais recentes indicam que o número pode ter subido para até 15%.
Segundo o Ministério da Saúde, 3% da população geral sofre com transtornos mentais severos e persistentes; mais de 6% da população apresenta transtornos psiquiátricos graves decorrentes do uso de álcool e outras drogas e 12% da população necessita de algum atendimento em saúde mental, seja ele contínuo ou eventual.
Em Paranaguá, a realidade não é diferente nem mesmo distante do dia a dia das pessoas. Pelas ruas é possível se deparar com populares que apresentam sintomas mais visíveis dessa realidade. Contudo, muitas vezes a população não sabe a quem procurar ou o que fazer ao se deparar com situações que requerem tratamento, internamento, entre outras questões relacionada à saúde mental.
ASSISTÊNCIA SOCIAL
Sobre a questão de moradores em situação de rua com transtornos psíquicos graves não relacionados ao uso de drogas e álcool, o secretário municipal de Assistência Social, Levi de Andrade, explicou que atualmente são poucos casos. “Nessa situação temos em Paranaguá apenas dois ou três casos. Para o tamanho da cidade esse número é baixo”, observou.
Ele explicou que a Saúde é que avalia a situação da pessoa com transtorno mental. “É a Secretaria de Saúde, Caps, Samu, Hospital Regional que verificam qual a necessidade de tratamento daquela pessoa, seja acompanhamento médico, internamento, consultas, entre outros”, informou.
De acordo com Andrade, a Secretaria Municipal de Assistência Social também realiza contato com hospitais, caso haja a necessidade de internamento, por exemplo. “Nós fazemos contato com hospitais para internamento. Mas, o ideal é o encaminhamento ao Caps. Dependendo da situação, no caso de surtos, por exemplo, a própria população pode ligar para o Samu, o qual encaminha a pessoa à UPA que por sua vez, caso necessário, encaminha ao Hospital Regional do Litoral”, ressaltou.
Levi de Andrade: “Nós fazemos contato com hospitais para internamento. Mas, o ideal é o encaminhamento ao Caps”
O secretário disse que a prefeitura tem o interesse de criar na cidade o Caps-AD. “Neste momento não temos em Paranaguá um atendimento a esse tipo de pessoa. Em tese, o Hospital Regional tem cinco leitos para pessoas com transtornos mentais”, comentou.
CAPS
A diretora do Departamento de Saúde Mental do Centro de Atenção Psicossocial (Caps), Thais Pacheco, informou que no Caps, 30% dos atendimentos é referente a pacientes dependentes químicos e 70% de pacientes com algum transtorno mental. Sobre encaminhamentos para internamentos em Curitiba, partem do ambulatório de saúde mental. “Ocorre quando o psiquiatra que atende pelo ambulatório de saúde mental avalia o paciente, percebe a necessidade e encaminha para Curitiba para internamento”, declarou. Ela disse que o encaminhamento acontece quando o paciente entra em surto e não é possível conter esse surto por um período rápido. “Ele precisa ser contido por um período muito maior, ou seja, precisa permanecer no hospital sob efeito de medicação. Nesses casos ele é encaminhado”, declarou.
Sobre moradores em situação de rua com transtornos mentais, a diretora frisou que o papel do Caps, segundo o que é preconizado pelo Ministério da Saúde, não é ir buscá-lo. “As portas do Caps estão abertas, mas ir até a pessoa nas ruas não é função do Caps. Acontece também de pessoas quando presenciam alguém em surto, ligar para o Samu que encaminha a UPA”, comentou. A diretora lembrou ainda que é uma rede de atendimento em que secretarias e outros órgãos se envolvem no resgate dessa pessoa, encaminhamento e tratamento da mesma. Os transtornos mentais envolvem não somente o setor da saúde, mas outros setores como a educação, emprego, assistência social, entre outros órgãos e secretarias.