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Cultura Viva

Política e políticos

Os políticos passam por homens mais preocupados em estender armadilhas aos seus semelhantes do que zelar pelos interesses destes

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Relendo o livro de Spinoza “Tratado Político”, encontra-se no primeiro capítulo, parágrafo segundo, o seguinte texto: “Os políticos passam por homens mais preocupados em estender armadilhas aos seus semelhantes do que zelar pelos interesses destes, e o seu principal título de honra não é a sabedoria, mas a astúcia”. Tendo vivido há mais de três séculos, o grande filósofo revela em seu alto pensamento uma mensagem que, pela atualidade, perturba pelo realismo do conteúdo. Assistindo às pré-campanhas dos políticos que visam à vitória nas próximas eleições, ficamos confusos e nos perguntamos: haverá ligação efetiva entre o texto de Spinoza e as mensagens lançadas pelos políticos atuais? Será que ao divulgaram suas propostas estarão sendo apenas astuciosos, visando a nos convencer do seu poder de resolver os graves problemas sociais que nos envolvem e dos quais não se vêem saídas, a não ser através das suas mensagens estrategicamente elaboradas? Até que ponto podemos crer na capacidade individual dos políticos, em desfile pelas telas da televisão, de colocarem os municípios, os estados, o país na rota do desenvolvimento, da organização, tão sonhada pelos brasileiros? A dúvida que nos abala e provoca profundo desânimo na hora de votar permanece latente em função do panorama político aberto pela mídia: denúncias de corrupção alarmantes encadeadas que parecem não ter fim. Como vamos decidir, entre tantos, os que realmente agem com dignidade confiável, os bem intencionados, os que não escondem atrás dos sorrisos amenos, de gestos afáveis, das palavras escolhidas, a ganância, o desejo irrefreável de gozar dos privilégios que os cargos lhes conferem? Uma vez vitoriosos, instalados, relegam ao ostracismo as promessas feitas, conscientes de que os eleitores, na grande maioria, não mais lembram dos candidatos votados, e, assim, não poderão protestar, alegando o descumprimento de acordos expostos.     E ao final do mandato, retornam, aperfeiçoando a técnica das apresentações, e vão-se eternizando no poder à custa da ausência total de compromisso dos próprios eleitores.

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