conecte-se conosco

Sob o Véu

A LÓGICA NA MENTE SUPERIOR

Publicado

em

Eurênio de Oliveira Júnior – Membro do Grão Conselho da Sociedade Brasileira de Eubiose

O esoterismo esclarece-nos – e a Eubiose o faz de maneira minuciosa – que a mente
humana, a qual provém da Mente Universal, agasalha duas posturas, expõe dois estados,
na visão horizontal do processo. Uma atitude está voltada para o mundo das formas, o
chamado “estado manifestado das coisas”; e outra, para a visão da unidade, de onde essa
Mente Universal provém, atitude essa que é a probabilidade que nós, humanos, temos de
conhecer e de reconhecer a nossa origem.

Na óptica vertical desse mesmo processo (e o entroncamento entre o horizontal e o
vertical é que produz a Cruz do Mundo), o afastamento desse momento crucial (= fonte da
cruz) é que ocasiona a formação dos polos do entendimento, os quais, quanto mais
distantes desse ponto magno, adquirem o significado da dificuldade da reaproximação e
da conciliação; gerando, por sua vez, novas e renovadas visões dessa irresignada
dificuldade.

Neste torvelinho reside a mente concreta, pois que submetida ao grosseiro, como
seja, aos pontos que substituem e não raro suprimem uns aos outros.

Já a mente superior acha-se imersa no abstrato, o campo sem polos, sem
contraposições, que a todas as possibilidades, abarca.

Daí a notória distinção entre a fantasia e a abstração.

A fantasia é uma criação.

A abstração, uma constatação ou um estado.

Na fantasia, há uma formulação com seus desavisos. Na abstração, uma vivência por
supressão da formulação fantasiosa que nos interdita e desvia-nos da real verticalização, a
que se chega por partida daquele ponto crucial.

Certa feita, ouvi por explicação do professor Jorge Inácio Penteado da Silva Telles, de
notável filosofia, um mote comparativo das figuras de Caim e Abel, filhos primevos do
casal Adão e Eva. Sabemos que Caim matou Abel. E o fez por ciúme, pela desfeita que
houvera recebido. Porque as oferendas dele, Caim, para o Senhor, geravam fumaça que se
expandia na horizontal; e, as de Abel (el-ab, o primeiro), propunham-se à vertical, na
diretriz do Alto. Muito plausível essa interpretação da passagem do Velho Testamento, a
apontar os dois naipes de mente humana.

Contudo, bem entendendo esse procedimento, não precisamos fazer o nosso “caim”
matar o universal “abel”. A Deus o que seja de Deus; e, a César, o que lhe pertence,
embora com a provisoriedade dessas projeções materiais.

Vamos voltar à análise da face mental voltada para os efeitos, também
nomenclaturada de concreta, raciocinante, positiva; e sempre em cotejo com a face
aparentemente (tão só aparentemente) contrária, já que aspirante e participante do
“outro lado” (?!!!) da nossa própria história.

A mente comum, ordinária (pelo convívio que com ela todos temos, quase que o
tempo todo, enquanto vivos) conhece o mundo pela denominada “razão”.

Sem perquirições filosóficas, descabíveis nesta oportunidade, a razão sensaciona-se
(e a rede das sensações cobrem, qual manto intrincado, as nossas vidas) pelos atributos da
relação, da conexidade, da correspondência, do cotejo.

Daí o surgimento da tipologia lógica: como setor da filosofia que trata do
pensamento na sua generalidade, seja por indução (concepções que saem do particular
para o amplo), por dedução (caminho inverso, do todo para o entendimento singelo), por
hipótese, por inferência (defluindo um entendimento de outro). Aqui campeiam os
encadeamentos, as interdependências, e, também, as mutualidades.

Mutualidades a serem vistas como correspondências. A analogia, “o que está em
relação com”.

Essa a proveniência das escolhas. Entre o certo e o errado, o bem e o mal, o quente e
o frio, o claro e o escuro. E a contraposição de um com o outro, de um relativamente ao
outro.

Tais são as escolhas lógicas do mundo, genericamente visto.

Essas as origens das extremações.

O que está “bem” deste lado, não comporta estar “bem” do lado oposto.

Contudo, o Oriente, partindo da China (não a atual, mas a histórica e vetusta China),
legou-nos o símbolo perfeito a traduzir “o movimento do mundo”: o Yin/Yang.

Equivale dizer, um polo contém o germe do outro, do oposto. Não é puro. É, em
realidade, apenas conceitual (apreciação que faço e adoto para mim).

Claro está que nesta área da mente lógica, quando um lado adquire enorme
dimensão, o outro como que desaparece. O ódio “parece” não conter qualquer vestígio de
amor; e este, nenhum indício de ódio.

No entanto, na mente que aspira à essência, ou ao espírito (a face iluminada e
luminosa da mente de cada um), ambos os lados, detectados pela face mundana, são
possíveis em existência; são coexistentes.

Logo, tenho a escolha: a que lado “me entrego”.

Todavia, para admitir, na minha vigília (estado de alerta), que sou detentor de “um
outro lado” quanto aos raciocínios que tenho, eu devo passar por experimentações.

Tais experiências são, ou naturais, ou proporcionadas pelas circunstâncias do
ambiente; sempre pendentes do estado a que me proponho.

Equivale dizer, uma proporção depende do voluntário (ação da vontade); outra
proporção, do acontecimento, na maior parte por escolha. Este, de sua vez, pode ocorrer
por deliberada magia, à qual me disponho a participar. O fato é que essa magia, se branca
e mais especificamente teúrgica, vai gradativamente estabelecendo a perduração desse
estado, por ressonância.

Eis como caminha, pouco a pouco, o estabelecimento das renovadas condições da
mente abstrata, também dita superior; que, sob-rigor, é idimensional (fora das dimensões,
ao menos as que posso imaginar, formar imagem). Assim como o espírito é idimensional.

Mas, do lado de cá (da mente mundana ou concreta), tenho também, embora de
maneira sutil e fugidia mesmo, de admitir ou se quisermos, adotar, um conceitual. Porque
enquanto cá estamos, não ideamos propriamente o lá: imaginamos (formamos imagem),
mas não estamos no mundo da ideia – que será certamente mais amplo e rico que a mera
imagem ou fantasia.

Ou seja, partimos de um conceitual: lá refoge ao aqui; lá é outra coisa.

Ao mesmo tempo em que nos dispomos a participar do lá, adotamos como ponto de
partida o que de melhor temos aqui: o conceito sobre o lá.

Por onde concluímos que a admissão do abstrato, parte do lógico, pois é o lógico que
formula e “entende” a coexistência de dois naipes mentais.

Apenas que este, que está aqui, o “raciocínio lógico”, não entende e não abarca o
que está lá, e cujo start ou partida acha-se num “raciocínio sem lógica”, ilógico, portanto.

Mas é, também, um raciocínio (advém da razão). E cujo oposto não constitui verdade, pois
o “ilógico”, por ser mais, de cuja particularização advém o lógico, “entende” e agasalha
este, o lógico.

Em suma, a mente superior igualmente guarda uma lógica; ao menos na sua
admissibilidade, na fonte de sua existência para nós. Aqui, uma lógica mais fiel ao seu
étimo, qual seja, a formulação do logos ou logoi (o Logos que nos é mais próximo), uma
lógica, indene de dúvida, transcendental, que ultrapassa os limites da simples razão.

Essa lógica transcendental, atrelada à lógica do raciocínio, é que leva à realização na
Terra.

Se livre, solta, meramente mística, pouco nos serve.

É aqui que temos de realizar os valores maiores de que nos damos conta.

Isto é evolução. O que o Logos espera de cada um de nós.

Publicidade






Em alta

plugins premium WordPress