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Semeando Esperança

Preparar – Preparar-se

A nossa vida é marcada por muitas esperas

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A nossa vida é marcada por muitas esperas. Esperamos o resultado das notas finais do ensino médio e dos exames de sangue. Esperamos a chegada de um amigo muito querido ou de um parente distante que vem pra conhecer nossa família. E, às vezes, nos parecemos com o Pedro, pedreiro, esperando o trem, esperamos a segunda-feira para cuidar melhor da saúde. Vivemos esperando, mas nem sempre agindo. Desse modo, “o tempo passa e a gente vai ficando pra trás”. O que Chico Buarque queria dizer com sua música? Penso que seria possível afirmar que a espera nunca pode ser marcada pela inércia, sentados esperando ouvir, quem sabe, a “esperança aflita, bendita, infinita do apito de um trem, que já vem, que já vem, que já vem…” Esperar é, sim, luz radiante como o sol do meio dia quando entendida como “confiança em se conseguir o que se deseja”. Desse modo, quem espera é uma pessoa que confia, planeja, organiza e, enfim, dedica-se com todas as forças para alcançar o que espera.

O Advento, atual momento celebrativo da Igreja católica, é tempo de esperança, preparando o encontro com o Senhor. Mais do que preparar coisas, como enfeites próprios desse período, é urgente “preparar-se”. Como podemos ler no texto bíblico, proposto às comunidades neste domingo: Lucas 3,1-6. Depois de citar os nomes de pessoas importantes, detentoras de autoridade política, administrativa e religiosa da época, é apresentado um jovem, João, o filho de Zacarias: “A palavra de Deus foi dirigida a João, o filho de Zacarias, no deserto”. Ele é um homem totalmente aberto a acolher a Palavra de Deus, porque homem do silêncio, homem do deserto, homem da escuta. A palavra requer despojamento e silêncio para ser ouvida: “a palavra foi inventada para ser calada. É só depois que se cala que a gente ouve. Parece que há um horror ao vazio. Não se pode parar um minuto. Não há silêncio. Não havendo silêncio, não há audição” (Adélia Prado).

Hoje, o anúncio do Senhor que vem – “preparem o caminho do Senhor” – ressoa no deserto de nossa vida, marcada por aridez espiritual e dores. Ressoa no ambiente conflitivo e violento de nossas cidades, nos lares que choram a perda de um filho, baleado enquanto brincava em pleno dia ou daquele outro que morreu asfixiado pela covid. Situações que ferem de morte a esperança. Justamente nessas ocasiões se faz necessário silenciar e procurar  para ouvir uma palavra capaz de reacender em nós as brasas da esperança, ocultas sob cinzas, e nos motive a continuar vivendo, seguros de que “a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5).

Preparar – Preparar-se, vivendo, pois, a esperança, aguardando a vinda do Cristo salvador. Na expectativa de sua vinda gloriosa, no final dos tempos, nos preparamos, no momento presente, adorando o Senhor no mistério do seu Natal, nascido na fragilidade de nossa carne, e o sirvamos nos sofredores, que são suas presenças concretas, como nos indica o evangelista Mateus (25,31-46).

Como você poder é experimentar a fecundidade eloquente do silêncio, ao longo dessa semana?

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