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Juliana Kerexu

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Guerreira é o sobrenome dela, literalmente. Só que em Guarani. Estamos falando de uma Cacica Indígena: Juliana Kerexu.

Guiada por uma cultura (Mbya-Guarani) que acredita que a origem de toda a humanidade se deu a partir da criação de uma mulher gerada por Nhanderu (deus), Juliana, como única mulher entre 7 filhos, tem fortes referências femininas: mãe, avó e bisavó.

Desde muito nova, foi ensinada pela avó a buscar força espiritual e ancestral, aprendizado que carrega como um dos marcos da sua vivência. E a sua mãe, embora se achasse tímida demais para a luta, na verdade sempre inspirou Juliana a não colocar a culpa das coisas erradas no mundo, mas sim encará-lo de forma positiva, acreditando que as coisas acontecem como devem acontecer.

Fruto de um sonho, desde 16 de novembro de 2018 é a cacique da aldeia que ajudou a construir, a Tekoa Takuaty, localizada na Ilha da Cotinga, litoral do Paraná, que mantém a tradição do cultivo do milho Avaxi Ete e é a primeira da região liderada por uma mulher. 

É casada, mãe de 2 filhos, artesã, professora de guarani, escritora, poetisa, dá palestras e a sua história de luta começou aos 15 anos de idade, quando acompanhava as mulheres indígenas na venda de artesanatos e presenciava a violência, o preconceito e racismo nas cidades. A partir daí, ela passou a buscar os direitos e o espaço do seu povo, principalmente das mulheres, na política e, também, dentro da aldeia. 

Em tudo que faz, busca valorizar a força feminina e a reconexão que a cultura traz do povo com as suas raízes. Seu propósito é sempre estar ocupando espaços. Não sozinha, mas com o seu povo e as mulheres, trabalhando com um olhar mais amplo de um mundo que nós precisamos curar coletivamente: “A nossa mãe Terra precisa desse trabalho coletivo, para mudarmos para melhor.” Juliana sente-se múltipla e tem necessidade de espalhar tudo que aprende com a vida, com as pessoas, com os lugares e as lideranças.

Diz que as mulheres são as bases estruturais que mantêm em pé todas as comunidades e “precisamos buscar fortalecimento para mantermos firmes essas bases, mostrar o potencial da mulher que no seu cotidiano pode ocupar qualquer espaço que tiver vontade”. Por esse pensamento que resulta em ação, ela recebeu uma menção honrosa da ONU, na campanha a campanha #MulheresRurais, Mulheres com Direitos, que tem o objetivo de promover a visibilidade das mulheres rurais, indígenas e afrodescendentes em um contexto complexo de desigualdades estruturais e desafios sociais, econômicos e ambientais.

“O povo indígena nasce lutando e morre lutando”. Como uma jovem cacique mulher, enfrenta o triplo de dificuldades, mas procura sempre lembrar do conselho da mãe e levar as coisas de forma positiva. Conta que as pessoas se assustam ao vê-la, por ter essa bagagem tão jovem, porém, o susto passa quando ela começa a falar, afinal, planta e colhe o que diz.

Siga @jukerexu e @notaveismulheres no Instagram!

Roberta Schneider Cecyn

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