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Elaine Cristina Lopes

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Sonhar com uma carreira de economista/ executiva enquanto criança não é muito comum, mas quem disse que os sonhos precisam ser?

Elaine nasceu em Assis, SP e esse era o sonho dela. Por não possuir condições financeiras para sair da sua cidade e estudar economia, aos 18 anos optou por cursar administração em uma universidade particular em Assis mesmo. Para pagar a mensalidade e o curso de inglês, trabalhava como secretária e limpava o escritório aos sábados. O que ela não esperava era que o curso, que era a sua segunda opção, traria a sua grande paixão profissional: a Bolsa de Valores. Em uma visita com a faculdade se encantou e logo conseguiu um estágio na área, deixando o seu emprego que remunerava bem para passar a estudar a sobre esse novo universo.

Depois de formada, o crescimento foi eminente: atuou como Gerente Júnior de Mercado de Capitais em um grande banco na capital, São Paulo, aos 23 anos; foi analista de bolsa de valores; assumiu a gerência de uma sala de ações na sua cidade natal e depois veio a oportunidade que traçaria o rumo da sua vida: como mulheres no mercado de capitais eram raras nessa época (2005), ainda mais no interior, era sempre convidada para ministrar palestras e cursos e, com isso, foi despertando o seu desejo de ensinar. Não ficou só no desejo, ela aceitou o convite de uma Universidade na cidade de Marília para ministrar aulas. 

Um MBA em Controladoria e um Mestrado na UNESP já estavam na sua bagagem quando iniciou um Doutorado que seria feito parte no Canadá, porém uma grande surpresa mudou os planos da sua vida. Engravidou aos 32 anos, no meio do que achava ser a sua grande oportunidade profissional. Mas a vida tem maneiras inesperadas de nos ensinar. Ela conta que a maternidade foi a melhor coisa que aconteceu, ensinando-a que uma mulher é mais forte do que ela mesma supõe. Foi com essa força que ela concluiu o doutorado, amamentado pelos corredores da universidade e escrevendo a sua tese de madrugada.

Em busca de algum local onde pudesse criar o seu filho com tranquilidade, chegou a Paranaguá, por meio da oportunidade de dar aulas na UNESPAR. Enfrentando as barreiras de morar em uma cidade nova sozinha, com um filho pequeno e os milhares de questionamentos que recebia sobre a sua escolha, conta que o Tom, seu filho, enfrentou tudo com a leveza de um anjo. Isso, junto ao suporte e incentivo que sempre recebeu dos seus pais, fez com que fosse possível cursar ainda um pós-doutorado, fase na qual ela intensificou a suas pesquisas e projetos sociais sobre as questões de gênero.

“Eu não devia fazer uma faculdade particular sendo pobre, não devia viver sozinha em SP, não devia engravidar sem estar casada, não devia deixar meu bom trabalho por um sonho, não devia trazer meu filho tão pequeno para longe… foram alguns dos inúmeros “nãos” que eu ouvi ao longo da vida, notadamente por ser mulher. Mas eu só ouvi o sim do meu coração e quero que todas as mulheres saibam que são capazes de viverem a vida que escolherem, sem que, para isso, seja necessário deixar partes de si e de seus sonhos para trás”. 

Elaine é inspiração. 

Roberta Schneider Cecyn

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