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Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá

BOI-DE-MAMÃO

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O boi-de-mamão é uma manifestação folclórica que encanta e traz muita alegria. O folguedo que ocorre no litoral do Estado do Paraná seria oriundo do auto do boi que ocorre em Santa Catarina. Existem dezenas de apresentações de boi de mamão no Estado de Santa Catarina. Alguns pesquisadores sugerem que o nome (boi-de-mamão) se originou, devido aos mais antigos utilizarem do mamão verde para confecção da cabeça do boi. Por volta da década de 1920, ou mesmo antes, algumas famílias catarinenses se estabeleceram no litoral do Paraná e, aqui, começaram a manifestar e apresentar o boi-de-mamão. Registros fotográficos e relatos demonstram que na década de 1940, seu Nilo Gervasi junto a seu irmão Silvino (Nego), eram crianças e participavam do boi de mamão, época na qual, eles se apresentavam nas colônias Maria Luiza e Pereira e em frente da estação ferroviária, no centro de Paranaguá. 

De acordo com Beatriz Furlanetto, o espetáculo é resultante da união de elementos das culturas europeia, africana e indígena, no qual o boi é a principal figura. O espetáculo conta também com as figuras do vaqueiro, urubu, cavalinho, vaca ou cabrinha e a Bernúncia. Entretanto, são diversas figuras dantescas que foram incorporadas à encenação. 

A Bernúncia, particularmente, é um animal fabuloso com grandes mandíbulas. A sua entrada no espetáculo é um dos pontos culminantes.  De acordo com o Dicionário Folclórico Brasileiro, a Bernúncia entra logo após a dança do boi, do cavalinho e da cabrinha. A Bernúncia abocanha os descuidados, os agarrando e engolindo. Enquanto não consegue engolir outro, ginga de um lado para outro. Álvaro Tolentino discute que a Bernúncia teria sido inventada por um morador de Itajaí, Santa Catarina, que procurou construir o bicho da forma mais grotesca possível. Após a construção, esse morador teria demonstrado a figura a sua tia, com medo essa mulher gritou o esconjuro abrenuncio, nome que teria pegado e, sido adaptado para nomear o bicho. Outra explicação possível, é que a Bernúncia seria a encarnação do bicho papão. Outras versões indicam que a mesma seria uma convergência dos monstros encontrados em apresentações da Europa. A Bernúncia se assemelha visualmente a Santa Coca, monstro do folclore europeu, que desfilava nas procissões de Corpus Christi em Portugal e na Espanha. Por fim, existe a versão de que a Bernúncia seria uma versão ocidental do grande dragão celeste chinês. 

Sem sombra de dúvida, o boi-de-mamão traz alegria e preserva a tradição. De acordo com a pesquisa de Beatriz Furlanetto no litoral do Paraná existem quatro grupos que mantém vivo o folguedo; em Paranaguá o Boi de Mamão é realizado pela Associação Mandicuera, em Guaratuba pelo grupo folclórico de Guaratuba, e, em Antonina são dois grupos: o da Associação folclórica Boi do Norte e do grupo Folclorico Boi Barroso. 

Para Furlanetto, 2011, p.9, a riqueza do folguedo pode ser apreendida através da questão do sagrado e do profano, do “escárnio que acomoda e ou denuncia o conflito social, a brincadeira que irradia alegria, a beleza que desperta o encantamento, o riso que provoca a catarse e a libertação”.

Priscila Onório Figueira

Referências

CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 2005. 

FURLANETTO, Beatriz Helena. O boi de mamão no litoral paranaense: Que tradição é essa. In: Anais do VII Fórum de Pesquisa Científica em Arte. Curitiba, Embap, 2011. Disponível em: http://www.embap.pr.gov.br/arquivos/File/Forum/anaisvii/001.pdf 
HEMEROTECA DIGITAL. O boi de mamão no folclore catarinense. In: Diário do Paraná, n. 4770, ano 17, Curitiba, 6 de junho de 1971. p.18

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