conecte-se conosco

Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá

Seu Oliveira – A alegria do Carnaval

Publicado

em

Sucessão no IHGP

O carnaval, com seus desfiles em sambódromos, com escolas de samba ricamente disputando o título de campeã, com muito samba, cerveja, fantasias exageradamente coloridas e chamativas, é a forma como atualmente comemoramos, mas nem sempre foi assim. O carnaval, através dos tempos, passou por muitas transformações, apesar de todos os esforços para defini-lo, continua envolto em uma aura de magia. O carnaval se renova e se transforma e não pede explicações: é um momento para ser sentido, vivido, confundido em sonho, fantasia e realidade. Contagiante, transforma todos os que dele se aproximam em verdadeiros foliões. É uma festa de luz, de cor, de muita música, sendo extraordinário e único.

“Ah, no meu tempo…”

Quem tem contato com pessoas mais velhas, certamente já ouviu essa frase acompanhada de um suspiro nostálgico. Por mais que pareça um comentário saudosista, realmente o carnaval de sessenta anos atrás era comemorado de forma diferente, reforçando a premissa de que havia mais participação do povo e as pessoas eram mais felizes. E, se estamos vivenciando o carnaval, as recordações de uma época marcada por personagens extremamente simbólicos, só reforçam a saudade de um tempo que não volta mais.

Fazer uma viagem no tempo em que Paranaguá viu a efervescência do carnaval, é relembrar vultos que não se apagam da nossa memória, entre eles SEU OLIVEIRA.

João Freire de Oliveira, o mais famoso palhaço do carnaval parnanguara, era português de nascença. Nasceu em São Paio de Casaes, diocese de Porto, em Portugal, em 27 de junho de 1904. Sua vinda ao Brasil deu-se em 1909, com cinco anos de idade e sua família estabeleceu-se na cidade do Rio de Janeiro. Lá permaneceu até 1954, quando, então, mudou-se para Paranaguá. No Rio de Janeiro, participava do Carnaval de rua na região central da cidade.

Essa paixão pelo Carnaval de rua ele trouxe para Paranaguá e participava dos desfiles dos banhos a fantasia e, na segunda-feira, desfilava na Praça Fernando Amaro e Avenida da Estação Ferroviária com seu irreverente e alegre palhaço.

Seu Oliveira amava inventar suas fantasias, porém, a mais fantástica era o palhaço que ostentava um grande relógio no braço, nada mais que um despertador, com o qual brincava com as crianças e adultos fazendo o relógio despertar estridentemente. Essa figura era marcante e esperada para ser vista no carnaval por suas críticas políticas e do cotidiano. Preparar as fantasias era o que mais amava fazer, deixando sua esposa enlouquecida, pois sempre queria tudo muito prontamente. A cerveja era a bebida mais consumida no carnaval de antigamente e seu Oliveira também gostava de tomar suas cervejinhas. Todavia, nos cinco dias de Carnaval não ingeria nada de álcool, era pura alegria manifestada no desejo de divertir quem participava dos festejos de Momo.

Seu Oliveira trouxe para Paranaguá as regras do Futebol de Salão, uma nova modalidade esportiva, organizando jogos e campeonatos no Clube Santa Rita. Foi, para a geração com quem conviveu nas décadas de 50 e 60, um exemplo de disciplina, generosidade, tranquilidade no trato pessoal, honestidade e alegria de viver a vida com muita paz e amor.

Faleceu em Paranaguá,em 06 de maio de 1975, aos 70 anos.

Relembrar, nesse período da festa mais popular brasileira, de fatos, feitos e pessoas marcantes, é colocar em evidência a riqueza de nossa cultura e a criatividade na beleza de suas apresentações alegóricas. Entre arlequins, pierrôs, colombinas, odaliscas que enchiam nossos olhos de alegria e admiração, a figura do palhaço de Seu Oliveira povoou o imaginário de muitos foliões que os seguiam pelas ruas, fazendo um cortejo ao redor da Praça Fernando Amaro, vivenciando uma das manifestações culturais mais difundida em todo o nosso país – o Carnaval.

Profª Lúcia Helena Freitas da Rocha 

2ª Vice-presidente do IHGP- Biênio 2023-2024

Em alta

plugins premium WordPress