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Crônicas

O malabarismo dos pratos

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Por: Kátia Muniz

Quando era criança e meus pais me levavam ao circo, muitas atrações prendiam minha atenção. Naquela época, ainda era comum a apresentação de animais. Lembro do quanto fiquei eufórica ao ver o elefante, os cachorros que saltavam entre arcos de fogo, a jaula com o leão e o domador corajoso. Também sentia o coração aos pulos com os trapezistas que, por frações de segundos, soltavam as mãos um do outro e faziam piruetas no ar. Não posso esquecer de mencionar a contorcionista, que se dobrava como se não tivesse ossos pelo corpo e se encaixava, perfeitamente, dentro de uma mala. Quanto aos palhaços, era uma parte da qual eu não gostava. Não pelos palhaços em si, mas por não conseguir rir com as anedotas. Condição que me acompanha na vida adulta, uma vez que não gosto muito de piadas.

Todavia algo me inquietava, um número que muitos espectadores aplaudiam, porém não era o mais esperado: o malabarismo dos pratos. Consistia, basicamente, em girar muitos pratos ao mesmo tempo, cada um sustentado por uma vareta. Dessa forma, a malabarista se posicionava no meio do picadeiro e começava a rodar um, depois outro e assim sucessivamente. De repente, ela estava diante de aproximadamente uns dez pratos, enquanto mantinha a concentração para não os deixar cair. 

Eu era muito menina, contudo, hoje em dia sei que nós todos, de alguma forma, também equilibramos pratos.

Na fase adulta, somos apresentados ao prato da profissão, do estudo, do casamento, da maternidade, do orçamento doméstico, entre outros. Uma infinidade de pratos amparados por um equilíbrio que, na maioria das vezes, nem mesmo sabemos como alcançamos.

Mais adiante é que vamos tendo a consciência de que viramos malabaristas conforme as responsabilidades vão batendo à porta.

Volta e meia um ou vários pratos caem, pois se torna humanamente impossível dar conta de todas as exigências que o mundo moderno traz. Faz-se necessário entender que nem sempre conseguiremos lidar com todos os afazeres ou zerar a agenda abarrotada.

Afinal, o malabarismo dos pratos também atende pelo nome de “vida”.

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