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Crônicas

Amizades

Por: Kátia Muniz

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Assistindo a um programa de entrevistas, pude conferir, num dos questionamentos em pauta, um bloco inteiro falando sobre as amizades. “Por que umas duram tanto e outras não?” 

Algumas amizades mantêm-se fortes, resistem ao tempo, acompanham o percurso da vida. Muitas iniciam na infância, invadem a adolescência e a juventude, aprimoram-se na vida adulta. Haja o que houver, elas não sofrem abalos sísmicos. Namoros, casamento, divórcio caminham de comum acordo com a amizade estabelecida muitos anos atrás. Nessas relações, nenhuma das partes força nada, não há cobranças, e a própria vida vai tratando de manter as engrenagens azeitadas.

Outras obedecem a um momento, respeitam um tempo. Tiveram sua importância dentro de um contexto ou de um período. Inútil querer resgatá-las. Funcionaram lá no passado, não funcionam aqui no presente. Pelo simples motivo de que agora os gostos e os interesses são outros, as opiniões mudaram, as ideias e os ideais evoluíram. Essas amizades não aguentam um “revival”. Perderam o prazo de validade. O tempo congelou as brincadeiras, as confidências, os medos, as inseguranças, as alegrias e as tristezas que foram compartilhadas. No caso de um reencontro, automaticamente, instala-se um travamento nos diálogos, há um constrangimento no silêncio, não há mais o que falar, a não ser “se irá chover ou não”. Nada mais triste do que tentar salvar uma conversa usando como muletas as temperaturas climáticas. Sábios são os que reconhecem que essas amizades devem permanecer guardadas na memória, como uma linda e boa lembrança. Em certas coisas não se mexe. Não se pode vasculhar e nem reviver.

Amizades são relacionamentos. É também uma das formas de expressar carinho e amor. É preciso recrutar um batalhão de sentimentos para elas funcionarem. E ainda assim não há garantia. Tudo pode fluir muito bem com outros, como com Ana e Beatriz, com Marcos e Fernando, e não com Diego que acabou de ser apresentado aos quatro.

Amizades longevas, amizades momentâneas, amizades fugazes.

Amizades boas são aquelas que suportam intempéries, que se solidificam nos maus momentos, em que há troca de experiências, que se fortalecem e se reconhecem mesmo que o tempo jogue cada um para um lado. 

Nada mais delicioso do que reencontrar um amigo, mesmo que haja, no meio, uma ausência de dias, de meses ou de muitos anos, e engatar um papo como se tivessem se falado ontem, ou melhor, como se nunca tivessem se separado.

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