Rio Itiberê
Alexandre Camargo de Sant’Ana
Em 1890, quando a higiene não era responsabilidade dos governos municipais, a elite comercial já queria transferir a alfândega para o Porto Dom Pedro II, pois o Itiberê seria prejudicial à saúde dos habitantes e há tempos assoreava, virando um pântano causador de febres mortais. Nada aconteceu e nos dez anos seguintes o número de habitantes caiu de 12.000 para 10.000 ou 8.000.O êxodo urbano agravaria a situação.
Relatório do Governo Estadual alertava em 1900 que o rio só não se tornara um “microbioso pantanal” devido a dragagens regulares. Porém, a cidade certamente cresceria em direção ao Porto d’Água, caso contrário, a população “desaparecerá infestada por febres intermitentes”. Em 1905, a poluição do Itiberê fortalecia o êxodo e provavelmente o cais da Rua da Praia seria trocado pelo Porto Dom Pedro II. Era necessário sanear o rio pelo bem da saúde pública. O discurso se repetia, descrevendo o Itiberê como um lodo fedorento que fazia mal à saúde dos habitantes e esvaziava a cidade: 1907, o assoreamento estava alarmante; em 1908 diziam ser possível passar “ao Valladar” a pé; 1912, mangues e bancos de lama surgiam por todo o Itiberê. A mídia apelava ao Governo Federal, não apenas em nome do embelezamento, mas em defesa da saúde publica.
Entre 1912 e 1914, a prefeitura efetuou melhorias no cais da Rua da Praia e um artigo afirmava que em breve o porto estaria livre dos miasmas da febre amarela e do “empalludismo”. Todavia, o Itiberê não era o único inimigo dos higienistas. Existiam hábitos insalubres que precisavam ser combatidos e deficiências que necessitavam ser corrigidas. No centro deste debate surgiu a questão dos esgotos e da água potável encanada, que seria comemorada com o chafariz importado da França.