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Professor Cleto

José Cleto da Silva, nosso eterno professor Cleto. Nasceu pobre em Paranaguá no ano de 1843 e para piorar perdeu o pai logo cedo, precisando...

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José Cleto da Silva, nosso eterno professor Cleto. Nasceu pobre em Paranaguá no ano de 1843 e para piorar perdeu o pai logo cedo, precisando assumir a posição de homem da família. Trabalhando de noite para pagar os estudos, rapidamente se destacou entre os alunos e virou professor em 1867, aos 24 anos. Quatro anos depois solicitou autorização ao governo provincial para criar a primeira escola a receber negros escravizados como alunos. Liberal e depois Republicano, Cleto também virou um abolicionista e defensor da igualdade entre os indivíduos, chocando a sociedade reacionária da época. Sem medo, bateu de frente com os dois homens mais poderosos da cidade: o Juiz Chavantes e o futuro Visconde de Nacar, o senhor Manoel Antônio Guimarães. Participou da política, tornando-se importante e respeitado por sua índole. Chegou a ser proprietário de jornal, também utilizando da escrita para atacar seus adversários e denunciar os desmandos da elite local. Tanto perturbou os homens poderosos e escravocratas da cidade que acabou perseguido e praticamente expulso de Paranaguá, de onde saiu quase falido no ano de 1886. Em Curitiba continuou a lecionar e a lutar pelo fim do Império e da escravidão. Mesmo após a Proclamação da República ele não se aquietou e participou da Revolução Federalista, inclusive tendo que fugir para não ser preso quando o governo republicano acabou com o movimento revolucionário. Sempre lembrado como um grande mestre, morreu em 25 de fevereiro de 1912 causando intensa comoção no meio intelectual e político do Paraná. As homenagens ao querido professor Cleto misturaram-se com as homenagens ao republicano José Cleto da Silva, mostrando que além de um conceituado educador, Cleto era um importante líder político. Em Paranaguá, além da rua que recebeu seu nome, ele também ganhou um busto em sua homenagem, hoje praticamente esquecido no pequeno jardim da Rua XV, atrás do antigo Mercado do Café. A placa do monumento há muito foi roubada e quase ninguém sabe que a bela estátua representa José Cleto da Silva, o professor republicano e abolicionista que nunca baixou a cabeça frente às injustiças de seu tempo. Sua missão como educador foi mais que simplesmente ensinar a ler, escrever e fazer contas. Ele tentou libertar as mentes de seus alunos e fazê-los pensar de forma diferente do senso comum, desafiando antigas ideologias. Amado por seus discípulos e odiado por quem estava no poder, Cleto foi o exemplo do que todo professor deve ser: um guerreiro pela emancipação mental dos alunos e não um podador do pensamento. Grande homem em sua época, muito à frente do seu tempo, hoje certamente seria perseguido por aqueles que defendem uma escola sem partido e sem pensamento crítico. Viva o professor Cleto.

 

 

Alexandre Camargo de Sant’Ana

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