Diferente da tímida comemoração nas ruas, a primeira noite de Carnaval nos clubes ocorreu com grandes festividades, muita alegria e união entre as sociedades parnanguaras. Mais luxuosos e direcionados aos indivíduos de maior poder econômico, os bailes nos dois principais clubes, Republicano e Literário (assim como ocorrera no carnaval de rua), também contou com muito lança-perfume. O mesmo acontecendo no Clube Operário. De forma geral, as mulheres aderiam mais ao uso das fantasias.
No “Litterario” apareceram alguns mascarados, mas sem energia não atrapalharam o maravilhoso baile. O salão parecia um “templo de Deusas”, com uma intensa luz (a gás) rósea sobre a decoração dourada. Quarenta e uma jovens da sociedade literária “Iris” foram fantasiadas de marujo e em grande estilo entraram acompanhadas pela banda do 6º Regimento. Os carnavalescos dançaram madrugada adentro.
Grandiosa também foi a festa do “Club Republicano”. Consagrando o “Deus-Momo” – como era chamado – e decorado como um grande templo, o clube era definitivamente o vencedor de 1913. Seu maior diferencial: a moderna iluminação elétrica. Com lâmpadas em locais variados do ambiente, a luz rompia de todos os lados no interior do clube. Na fachada principal, 5 focos de “700 vellas” iluminavam a chegada dos convidados. Ao romper de “um tango endiabrado” a guerra de lança-perfume dominou o salão. Momo, a maior autoridade, dominava a mente dos foliões.
Além dos clubes das elites, Paranaguá possuía uma sociedade destinada à classe trabalhadora e a festa no “Club Operario” também surpreendeu. Diferente do Republicano e do Literário, a magnífica orquestra não era contratada e sim formada de improviso entre os próprios sócios. Em comum com as elites houve o uso de lança perfume, fantasias e muita alegria, com o baile durante até 4 horas da madrugada.
Por Alexandre Camargo de Sant’Ana