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Alfândega

No início do século XX, a atividade portuária migrava ao “Porto d’Agoa”, pois o lamacento Itiberê – além de um perigo à saúde– afastava os navios maiores.

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No início do século XX, a atividade portuária migrava ao “Porto d’Agoa”, pois o lamacento Itiberê – além de um perigo à saúde– afastava os navios maiores. Como já analisamos antes, Paranaguá crescia em direção à nova região portuária, mas as transformações urbanas eram mais uma reação às mudanças socioeconômicas do que uma ação esquematizada. Entretanto, mesmo não planejada, a urbanização seguia um modelo fundamentado no discurso científico da época: as águas paradas, pântanos e banhados eram vistos como produtores de miasmas infecciosos e causadores das doenças que assolavam a cidade e a população.

Distante da cidade, o porto também crescia de lá para cá. Muito cedo, o progresso derrubou a mata nativa entre a região da Fonte Nova e o Rocio, e quando os ratos começaram a morrer e boatos sobre a peste bubônica corriam pela cidade em 1902, muitos colocaram a culpa na derrubada do matagal. Apesar do negacionismo de algumas autoridades, a peste avançou e naquele ano morreram 160 pessoas, contra 80 nascimentos. Resultado da “quadra epidêmica”.

Um entrave ao total desenvolvimento do novo porto era a questão da Alfandega, que permanecia funcionando no Antigo Colégio dos Jesuítas, forçando as empresas a transportarem suas mercadorias ao Itiberê para fiscalização. Buscando resolver o problema, o Governo Federal, em 1902, aprovou a construção de um prédio para servir de Alfândega no Porto d´Água. Entretanto, devido a choques de interesses, pois os comerciantes locais preferiam suas cargas descarregadas na Rua da Praia, esta transferência demorou. A pedra fundamental foi lançada em 1903, a obra ficou pronta em 1906, mas inauguraram o prédio somente em 1911. Naquela época, o insalubre banhando na região da Fonte Nova (futura Praça João Gualberto) tornou-se um obstáculo ao progresso. Deveria sumir. Ser aterrado.

Por Alexandre Camargo de Sant’Ana

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