Por Alexandre Camargo de Sant’Ana
Ao longo de três anos, entendemos mais detalhadamente como ocorreu o início do projeto modernizador em Paranaguá no início do século XX. Percebemos que a imposição da ideologia moderna não ocorreu sem reação, afinal, havia uma sociedade colonial de muitas décadas que precisava ser eliminada para a cidade entrar na modernidade. Sendo assim, os poderes normatizadores – políticas públicas, polícia, formadores de opinião e religião – agiam em diversas frentes usando tanto o discurso científico quanto argumentos morais (e até religiosos) para tentarem moldar a população e transformar Paranaguá.
Naquela época, um modelo ideal de cidadão foi imposto, ignorando toda a diversidade social que formava a sociedade: 1) os homens deveriam ser fortes, honrados, saudáveis e estarem prontos a morrerem pela Pátria; 2) às mulheres o papel reservado foi de base da família, responsável pela saúde dos filhos e do marido – se ela falhasse, falharia todo o projeto de Nação!
Antigos hábitos precisavam ser deixados para trás, especialmente aqueles insalubres e imorais, e esse condicionamento iniciava na infância, pois as crianças eram o futuro da Pátria. Ações normatizantes ocorreram no futebol (visto como um esporte moderno, bom para a mente e para o corpo de homens e meninos, desde que praticado em clubes), no carnaval de rua (proibindo práticas – uso de máscaras e entrudo – consideradas ultrapassadas e anti-higiênicas) e na questão das insalubres águas paradas (trocando fontes por água potável encanada, acabando com os pântanos e desobstruindo o Itiberê). Jogatinas, bebedeiras, prostituição, vagabundagem e futebol de rua eram inimigos da modernização de Paranaguá e deveriam ser eliminados a qualquer custo.
Esses foram apenas alguns objetos históricos, mas ainda existe bastante material para ser analisado e assim compreender muito mais como foi essa passagem de cidade colonial para uma Paranaguá moderna.