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Centro de Letras

Memórias Maleáveis

Alexandre Camargo de Sant’Ana

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Em 1937, a Praça João Gualberto – onde desde muito cedo existia um campo de futebol – parecia oficialmente vinculada aos esportes. Não apenas por conta do parque infantil (equipado com brinquedos, campo de futebol e quadras de vôlei e basquete), mas também devido à instalação do Clube Olímpico e inauguração de sua sede no logradouro ao final daquele ano. 

De 1938, além de uma nota de agosto sobre a construção do belo e moderno prédio dos “Correios”, não encontrei mais nenhuma informação. Apesar do cuidado da Prefeitura Municipal com a região da Praça João Gualberto, o pedestal da estátua de Caetano Munhoz da Rocha continuava vazio em frente à nova Estação Ferroviária. O boca a boca já havia deturpado a história da queda da estátua do antigo prefeito (ocorrida sem nenhuma testemunha na madrugada de 15 de novembro de 1930) e criado um mito contrarrevolucionário: Caetano teria sido injustamente derrubado pelos “17 sublimes” – líderes raivosos e desrespeitosos da Revolução de 30 na cidade – em uma espécie de festa vingativa com participação popular. 

O jornal curitibano “Diário da Tarde”, em janeiro de 1939, reforçou este mito ao informar que o busto do mesmo político em Ponta Grossa – segundo eles também derrubado durante a Revolução de 30 – havia sido devolvido ao seu local de origem. O artigo desejava que o erro dos revolucionários parnanguaras levados pelos excessos daquele outubro de 1930 fosse corrigido. Provavelmente, muito em breve a estátua voltaria ao seu lugar, afirmava a matéria. Todavia o reparo à memória de Caetano demorou mais do que o desejado. No mês de agosto, a Prefeitura iluminou a Avenida Arthur de Abreu e prometeu construir uma bela fonte luminosa em frente à Estação Ferroviária, mas o pedestal permanecia sem sua estátua.

Leia também: Clube Olímpico

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