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Caldeirão Fervendo

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A briga entre PSD e PTB aumentou em março de 1957, quando os partidos disputaram a presidência da Câmara. Buffara perdeu e Abud questionou o resultado, pois um vereador do PTB declarou seu voto a favor do PSD, quebrando assim o sigilo da votação. Segundo Abud, o vereador contou em quem votou porque a esposa trabalhava no Porto – dominado pelo PSD – e teria sofrido pressão para o marido mudar o voto. Obirajara negou dizendo ter escolhido o melhor candidato para “os interesses de pacificação política” na cidade.

Dois anos depois de ser reeleito, Cominese promoveu uma festa gigantesca e luxuosa no casamento de sua filha em 22 de outubro de 1957. Segundo um colunista social de Curitiba, “Paranaguá voltou decididamente a ser o berço da cultura da sociedade do Paraná”, relembrando “as noitadas de galas dos impecáveis barões e viscondes”. O solar do prefeito encheu de personalidades e fora “totalmente enfeitado com flores e mulheres bonitas” usando “joias, chapéus elegantes e <visons>”. Todos aproveitaram “<whisky>, vinhos chilenos e uma <menu> espetacular” ao estilo “da saudosa época dos saraus de gala dos nobres […]com seu requinte, classe e fidalguia.

Na Câmara, os opositores podiam se organizar para barrar Abud. Entretanto, enquanto Cominese distanciava-se do povo ao governar a partir de seus interesses privados e dar pouca importância às demandas populares, o vereador ganhava força nas ruas. A postura do prefeito levou os comunistas a apoiarem Abud, assim como a grande maioria dos parnanguaras. O getulismo permanecia forte na cidade e o aumento das contradições sociais e da desigualdade econômica resultantes da economia cafeeira e da gestão de Cominese (ele também um integrante da elite que lucrava com o café) fortaleceram ainda mais o sentimento de revolta.

Por Alexandre Camargo de Sant’Ana

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