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A Velha Cruz

Quando o século XX começou, não havia a Praça Fernando Amaro

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Quando o século XX começou, não havia a Praça Fernando Amaro, Palácio do Café, prédio da Estação, terminal de ônibus, prédio dos Correios, Ginásio de Esportes, Instituto de Educação, Biblioteca e muito menos o Relógio de Sol. Na verdade não existia nem o aterro, e a Região da Praça João Gualberto era um banhado com o riacho Ipyranga, a Fonte Nova e a lavanderia. Além disso, no local onde atualmente passa a Avenida Gabriel de Lara, havia uma cruz antiguíssima, conhecida como a Cruz do Pica-Pau: um importante e tradicional ponto de peregrinação popular.

O prolongamento da atual Hugo Simas (Silva Lemos na época) obrigou a prefeitura a retirar a cruz do lugar original em 1904. De tão relevante, o fato foi noticiado em dois jornais da capital. Segundo o “A República”, ali fora enterrado um homem assassinado e a cruz “secular (…) alvo da devoção popular” seria transportada para o Cemitério Municipal. O “Diário da Tarde” afirmou que a cruz estava lá por 200 anos, assinalando o lugar do assassinato de um indivíduo chamado Pica-Pau, cujo cadáver foi encontrado com míseros 30 réis no bolso. Todo ano havia terços e outras devoções na cruz, que antigamente era de madeira, mas acabou trocada por uma de ferro.

Em 1914, o local da cruz já era “uma extensa avenida”, mas ela não caiu no esquecimento. O “A República”, de 1921 publicou um artigo de A.M. Correa sobre a cruz: “expressão de um culto meio religioso da tolerância plebéa”, sempre cheia de velas, de “signaes mysteriosos, de objetos extranhos, de coroas fúnebres” e “tributos de promessa”. Era o mausoléu de um homem do povo, assassinado “pela insignificância de 30 réis”. Teria sido transferida ao Campo Grande, mas depois sumiu. 

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