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A Praça Fernando Amaro, sua história e seus Coretos.

Passados 112 anos a Praça Fernando Amaro e o seu Coreto continuam sendo referências e ponto de encontro da comunidade parnanguara

Publicado

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Diretamente da oficina de Educação Patrimonial, ministrada por Marcela Bettega.

A Praça Fernando Amaro está ali, no coração da cidade, e o parnanguara tem um carinho todo especial por ela.

Numa crônica na Revista Marinha, de março de 1938, Alceu Davelar descreveu que quando conheceu a praça, ela estava longe de apresentar o aspecto de agora. Conta ele: “Era, apenas, um areião invadido pela graminea brava. E, ao lado, costeando o passeio da rua Faria Sobrinho, três ou quatro árvores de folhas miudinhas, que se ornamentavam de flores muito vermelhas, como os lábios das mulheres da época.

Era o local escolhido para armar os circos de cavalinhos, os “bolantins (shows com bonecos)” que vinham de quando em quando à terra.”

Foi ali que os seus olhos de criança apreciaram, fascinados, o mais belo espectáculo da sua infância. A «pantomima aquática», da Companhia Fer nandez (espetáculos dentro de uma piscina que era montada no local).

Depois segundo ele, foi plantado um jardim bonito com taboleiros de desenhos bem formados, em “leque”, nas “Armas da Republica”, em “estrela”, tudo em grama verde, com flores bem cuidadas.

E foi arborizada simetricamente, tendo no centro, com cerca de dois metros de altura, o primeiro Coreto na forma de um “morro”, também em grama, com adaptação interna para abrigar a banda musical, que fazia ótimos concertos.

Esse interessante “coreto”, foi desde logo alcunhado, o “pão de lot” de Randolpho Veiga, que o realizou.

Em 1903, a praça foi Iluminada, a guiza de postes metálicos, aquela enfiada de canos de ferro galvanizado, para instalação d´agua, que, inacreditavelmente, por muito tempo lá ficou e que o indignava, pelo mal aspecto que dava. E na esquina, pendente de um poste bem alto, o “arco-voltaico” — oferecido e mantido pelo Cel. Domingos Soriano da Costa, que mais servia para atrair grandes e chifrudos besouros, do que propriameute iluminar a praça.

Depois saiu o “pão de lot”, cortado em fatias, para dar lugar a um coreto de madeira, formado em “cerquinha”, com colunas também de pinho branqueado a cal, sobre um estrado, que logo apodreceu. Depois de um trabalho de 4 anos, ficou florida a praça; uma tetéia.

Foi inaugurada oficialmente em 1907, pelo 50.° aniversário de falecimento do primeiro vate parnaguara — FERNANDO AMARO DE MIRANDA — na mais justa das homenagens, a quem levou a curta existência cantando a sua terra.

Em 18 de março de 1914 foi concluída, em todas as respectivas obras, a instalação do Coreto Chalet, manufaturado na "Fundição Indígena", do Rio de Janeiro, com escadaria de mármore carrara e fixado sobre o seu telhado, um adereço em forma de uma Lira.

E novamente recebeu obras de paisagismo, desfizeram-se os canteiros, dando-lhes formas mais modernas, aplicou-se calçamento a “petit-pave”. Roubaram-lhe o sombreado agradável das arvores, que foram inexplicavelmente sacrificadas. Na opinião daqueles que diariamente ali conviviam,  a praça ficou como que núa, perdendo aquele “pitoresco todo seu”, que “a tornava nossa”, com um cunho de todo original.

Atualmente, as palmeiras cresceram, trepadeiras floresceram, em dois portais e há várias arvores frondosas, que amenizam o calor daqueles que a utilizam para baterem um papo sentado na amurada do jardim ou banco, atualizar as redes sociais no celular, ou por alguns momentos, descansarem de alguma caminhada.

O Coreto, sem a lira e o mármore carrara das escadas; substituido em uma manutenção por granito, continua lá na Praça majestoso. Seu palco ainda é utilizado em menor escala para movimentos diversos, espetáculos de música, e até religiosos. As sextas feiras, fica rodeado de barraquinhas, para o tradicional pastel e suco, e até para aquisição de hortaliças e pães caseiros, produzidos pela comunidade.  

Por fim, observamos ainda hoje, com a recente poda das arvores maiores, tal qual Alceu Davelar: “Tantas vezes transformaram a Praça Fernando Amaro, que admira não lhe tivessem mudado também, a denominação”. Para a nossa felicidade, não.

Passados 112 anos de sua inauguração, a Praça Fernando Amaro e o seu Coreto continuam sendo referências e ponto de encontro da comunidade parnanguara, imortalizando o nome do seu mais celebre poeta, que costumava declamar seus versos nas praças em tardes festivas que ele próprio organizava, para o aplauso de todos.

-x-

 Trabalho de pesquisa realizado por Almir Silvério da Silva – Curso sobre Patrimônio, sobre a orientação da Professora Marcela Bettega e com a participação dos demais alunos.

Referências: Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá

História de Paranaguá – Waldomiro Ferreira de Freitas

Revista Marinha – edição de Março de 1938

Jornal Folha do Litoral

 

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