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Ciência e Saúde

Psicóloga alerta: depressão não é ‘frescura’, é doença

Brasil é o País da América Latina campeão de casos de depressão. Cerca de 6% da população sofre com a doença (Foto: Divulgação)

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Caroline Chiarelli Colle explica relação da depressão com o suicídio, fatores que causam a doença e como é possível buscar ajuda médica

Segundo a Organização Municipal de Saúde (OMS), nos últimos dez anos os casos de depressão aumentaram em 18% em todo o mundo, sendo que até 2020 esta deverá ser a doença mais incapacitante do planeta. De acordo com a organização, o Brasil é o País com mais casos de depressão na América Latina, em que 6% de toda a população sofre a doença, um total de 11,5 milhões de pessoas. Apesar dos dados alarmantes, erroneamente há um "fake news" existente há muitos anos na sociedade, de que depressão seria uma "frescura", o que não é verdade, de acordo com a psicóloga e neuropsicóloga, Caroline Chiarelli Colle, que explica as causas físicas e sociais da doença que é real e limitante.

Segundo Caroline Chiarelli Colle, a depressão é um "transtorno que se vincula a determinados neurotransmissores como a serotonina, a noradrenalina e a dopamina. Estes neurotransmissores proporcionam a sensação de bem-estar e felicidade, e seu desregulamento pode gerar os transtornos de humor", diz. "Logo, há alteração química em nosso cérebro na depressão, que altera nosso estado emocional. Com isso, não temos como falar que é uma doença inventada, que é frescura ou mesmo falar que a pessoa 'quer aparecer', como já ouvi de familiares no consultório", afirma a psicóloga. De acordo com ela, dados da OMS apontam que 300 milhões de pessoas no planeta possuem depressão, incluindo adultos, crianças, adolescentes e idosos.

A depressão também é um fator de risco que pode levar ao suicídio. "Tendo causas diversas, como predisposição genética (se algum familiar já teve ou tem), personalidade melancólica, vivência de situações desgastantes ou traumáticas, abuso de substâncias psicoativas e algumas doenças cerebrais, temos que ter um olhar atendo aos que estão a nossa volta. Alguns sintomas estão presentes, como: tristeza intensa, alterações no apetite, apatia, insônia ou hipersônia, sensação de perda de energia, sentimento de inutilidade ou culpa excessiva e pensamentos de morte recorrente, levando a pessoa muitas vezes ao ato, ao suicídio", explica. Segundo Caroline, para tirar a pessoa da depressão, é necessário intervenções como atendimento psicológico com a possibilidade de tratamento com medicamento e profissional especializado, bem como necessidade de alimentação saudável, exercícios físicos e apoio de familiares e amigos.

Caroline Chiarelli Colle explica relação da depressão com o suicídio, fatores que causam a doença e como é possível buscar ajuda médica

REDES SOCIAIS E DEPRESSÃO

Com o passar do tempo, a humanidade passou a realizar mais pesquisas em torno da depressão e da saúde mental, algo que, segundo a psicóloga, fez com que houvesse uma evolução média e no diagnóstico. Apesar dos avanços, a modernidade trouxe ferramentas úteis ao ser humano, mas que também podem alavancar a depressão e prejudicar a saúde mental: as redes sociais. Segundo a psicóloga, elas podem causar o contexto depressivo, por expor grande quantidade de conteúdo negativo, algo alavancado também, por exemplo, por jornais televisivos que expõem alto índice de informações de crimes e notícias que afetam negativamente o quadro emocional da pessoa.

"Pensando nas redes sociais, só é exposto o que é bonito: a viagem que a vizinha fez, a casa maravilhosa que nosso amigo do trabalho tem, o carrão do ano que vimos atrás da selfie da colega. Isso remete a quem vê, que a vida de todo mundo está maravilhosa, menos a dele. Que todos possuem boas posses, menos ele. Que o casal de amigos se amam tanto com tantas declarações pela Internet, que só o meu marido que não faz nada disso por mim. Tudo isso dá a sensação de vazio, de menos valia", afirma Caroline Colle, detalhando como as redes sociais podem afetar a saúde mental do indivíduo. Segundo ela, muitas pessoas que aparentam estar ótimas nas redes, na verdade não expõem o que vivem de negativo, o que passa uma falsa imagem para quem se afeta. "Isto pode causar sentimentos de desesperança, de autoestima baixa, principalmente nas pessoas que têm uma predisposição a transtornos mentais", complementa.

MAIOR INCIDÊNCIA É ENTRE PESSOAS DE 20 A 40 ANOS

De acordo com Caroline Colle, dados apontam que a maior incidência da depressão é entre pessoas de 20 a 40 anos, "porém, todos podem ser afetados pela depressão, sejam crianças, adolescentes, jovens, adultos e também idosos", explica.

TRATAMENTO

Para quem estiver com quadro depressivo, a rede pública disponibiliza profissionais para consultas médicas e encaminhamento através do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). "É necessário salientar aqui, que este profissional que recebe o paciente no postinho, também deve ter um olhar atento aos transtornos, pois, infelizmente, muitos não têm o cuidado e até mesmo o conhecimento de identificar os transtornos mentais. Feito este encaminhamento, a pessoa deve levar ao CAPS para agendamento com os profissionais e assim ter um acompanhamento efetivo psicológico e/ou psiquiátrico", explica.

A psicóloga ressalta que outra opção é buscar o tratamento na rede privada de saúde, que conta com várias clínicas em Paranaguá com profissional de Psiquiatria quando é necessário intervenção medicamentosa, assim como com profissionais de Psicologia que atuam não só nos sintomas atuais, mas em ver o que causou tal estado clínico. "Aos familiares cabe estarem atentos aos sinais e sintomas, disponibilizarem-se para conversas tranquilas, ouvindo sem julgamentos e ajudando no que for necessário e levando aos profissionais especializados. Mas, acima de tudo, além desses profissionais, a própria pessoa que está com depressão e seus familiares podem também ajudar a melhorar o quadro com outras intervenções", explica Caroline.

DICAS PARA AFASTAR A DEPRESSÃO:

– Alimentação saudável. A ingestão de alguns alimentos como: carne, laticínio, oleaginosas, banana, beterraba, chocolate, chá verde, suco de mirtilos, sementes como gergelim, girassol e de abóbora, são ótimas fontes de um aminoácido que se transforma em tirosina e este gera a produção de dopamina;

– Realize atividades prazerosas, como dança, pintura, ioga, etc.;

– Ouça músicas e cante alto;

– Faça passeios ao ar livre;

– Medite, faça atividades de relaxamento (na Internet se encontra muito disto através de vídeos);

– Durma bem, seguindo sempre os mesmos horários para dormir e acordar. Dormir cedo é essencial para a liberação de neurotransmissores responsáveis pelo bem-estar e também para fortalecer contra o estresse do dia seguinte;

– Evite os contatos pelas redes sociais e prefira os presenciais;

– Aproximação dos amigos é essencial.

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