Nutricionista explica como lidar com a alimentação no fim do ano

As festas de fim de ano são marcadas por refeições fartas, além de muita bebida. Por isso que nesta época muitas pessoas se esquecem da dieta e resolvem aproveitar o momento único do ano de confraternização junto com a família e amigos em volta de uma mesa cheia. Carnes assadas, panetones, nozes, castanhas, rabanada e espumante são só alguns exemplos dos produtos que compõem a mesa dos brasileiros nas comemorações de Natal e Ano-Novo.

Segundo a nutricionista funcional Isabelle Alves, no geral, as pessoas normalmente abusam da comida, sendo este um dos períodos em que menos pensam na alimentação. O número de novos pacientes nas clínicas com nutricionistas, inclusive, tende a cair nesta época. “Em janeiro a procura é mais por pacientes novos. Aqueles que prometem que no ano novo vão melhorar a alimentação e a saúde. Aqueles que estão dispostos a tudo”, revelou.

Se abusar da alimentação na noite de festa, no dia seguinte é preciso estar atento a produtos mais saudáveis para compensar.

“Equilíbrio é a palavra-chave. Se exagerou em uma refeição, deve sim maneirar na próxima”, enfatizou a nutricionista.

De alguns anos para cá, comer de forma saudável se tornou tendência em termos de qualidade de vida e bem-estar. Sendo assim, muitos passaram a controlar mais o impulso alimentar durante a semana e no fim de semana “se presentear” com alimentos de que mais gostam. De acordo com Isabelle, o hábito alimentar deve ser constante.

 

 A nutricionista funcional, Isabelle Alves, afirmou que a procura no consultório aumenta no mês de janeiro

 

“Indico retirar apenas uma refeição ou no máximo duas no fim de semana para comer algo de que goste muito. E nunca o fim de semana inteiro comendo errado, pois isso compromete a saúde e dificulta chegar ao objetivo proposto quando se quer perder peso, aumentar a massa magra, melhorar a imunidade ou até mesmo melhorar a fertilidade”, lembrou a nutricionista.

As bebidas alcoólicas estão sempre na mesa de fim de ano e também exigem moderação.

“O comprometimento com a saúde é a chave para ponderar a bebida alcoólica. Apenas alguém comprometido com a sua saúde consegue impor limites para o álcool. De nada adianta a nutricionista ou familiares falarem que se deve beber menos se a pessoa não está comprometida com a própria saúde”, evidenciou Isabelle.

Não adianta colocar a culpa nas mesas fartas de Natal e Ano-Novo, o maior problema indicado pela profissional não é o que se come no fim do ano, mas as escolhas realizadas durante todo o ano. “Quando se cuida da alimentação de forma adequada e personalizada, fazer algumas exceções nesta época do ano geralmente não compromete a saúde quando as escolhas são feitas com equilíbrio e moderação. E, claro, os maiores vilões são os excessos. Excesso de bebidas alcoólicas, excesso de doces e alimentos industrializados (refrigerantes, panetones, chocotones e doces de uma forma geral), excesso de refeições gordurosas e frituras”, explicou Isabelle.

 

Ceias também possuem alimentos nutritivos como castanhas e frutas secas

 

OLEAGINOSAS

Apesar de muito se falar dos vilões do fim de ano, também há alimentos bons para a saúde como as castanhas e as frutas secas, que são mais consumidos nesta época.

“Frutas oleaginosas como castanhas de caju, nozes, macadâmia, amêndoas e castanhas do Brasil são alimentos ricos em gorduras de boa qualidade, proteínas, minerais e compostos bioativos. Quando estão em suas formas naturais, estes alimentos têm efeitos benéficos à saúde humana. Portanto é preciso evitar suas versões salgadas, caramelizadas ou fritas em gordura hidrogenada”, orientou a nutricionista.

Além de serem ricas em gordura de boa qualidade, as castanhas também possuem ômegas 3, 6 e 9, selênio, fibras, magnésio, cálcio e vitamina E. Estes nutrientes, segundo a profissional, são importantes para várias reações bioquímicas que ocorrem no nosso organismo diariamente, melhorando a função de diversos órgãos e sistemas como tireoide, cérebro, saúde do coração e do intestino.

CUIDADOS

Vale lembrar que estes alimentos podem causar alergias ou ainda precipitar episódios agudos de herpes, por terem alto teor de arginina. A atenção vale no momento que for comprar as castanhas, elas podem se oxidar com facilidade ou serem contaminadas por fungos, oferecendo risco à saúde. Os alertas devem surgir quando o aroma estiver alterado e houver manchas brancas ou escuras.

“Prefira comprar em embalagens fechadas e com data de validade. Quando a compra for a granel, observe se há etiquetas com data de validade e higienização nos potes onde ficam armazenadas para venda. Evite comprar as quebradas, pois facilita o processo de oxidação e consequentemente perda de nutrientes”, destacou Isabelle.

FRUTAS SECAS

As frutas secas possuem vários nutrientes e fitoquímicos de alto valor nutricional, são aliadas da saúde quando consumidas na quantidade correta. Deve-se tomar cuidado com o excesso. Como a fruta é desidratada, o seu açúcar fica mais concentrado, deixando-a mais docinha e muito mais fácil de comer.

“As frutas secas são ricas em fibras, ajudam no controle de colesterol, na constipação intestinal e também no peso, pois dão sensação de saciedade. Possuem fitoquímicos (substancias que conferem cor ao alimento), que podem ter propriedades antioxidantes, auxiliando na proteção das células do corpo contra os radicais livres, melhorando a imunidade e combatendo inflamações e infecções; ajudam a realizar a síntese das enzimas que carregam propriedades anticancerígenas, neutralizando ainda elementos tóxicos presentes em nosso organismo”, disse a nutricionista.

As cores também dizem sobre as propriedades das frutas secas, as cores roxas como uva passa, ameixa e cranberry protegem contra os radicais livres e previnem o envelhecimento precoce, ainda contêm propriedades antitumorais, especialmente contra cânceres de origem hormonal. Já as de cores amarelas, como o damasco, é um antioxidante poderoso que combate os radicais livres, ajudando o sistema imunológico e prevenindo o envelhecimento precoce.