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Transformações no Rio Branco

Desde o começo visto como um símbolo da modernidade, o futebol possuía regras bem específicas que buscavam gerar atletas honrados.

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Alguns dias depois do seu primeiro aniversário, jogando na “Vila Junquera”, o 2° time do Rio Branco venceu o 2.° do Brazil. No fim de novembro, venceu novamente com a 1.ª e com a 2.ª equipe. Todavia, nem tudo era festa. Em uma concorrida reunião no “Club Operario”, na noite de 25 de novembro de 1914, o Rio Branco passou por uma séria transformação. Logo após o presidente abrir a sessão, às 21 horas, o capitão do time, Joaquim Lobo, informou sua partida ao Rio. Em seguida, a assembleia elegeu alguns nomes: Annibal José de Lima, diretor esportivo; José de Guimarães, capitão geral; Elysio Pereira Filho, capitão do 2° time; e Jarbas N. Chichorro como capitão do 3°. Tomando a palavra mais uma vez, Joaquim Lobo pediu a expulsão dos sócios José Marinho e Eugenio Tiberio, porque nos últimos jogos com o Brazil eles conspiraram contra a ordem do Rio Branco. Após a expulsão imediata de ambos os sócios, foi lavrado um voto de louvor para o antigo capitão no livro de atas. 23 horas a reunião terminou.

Desde o começo visto como um símbolo da modernidade, o futebol possuía regras bem específicas que buscavam gerar atletas honrados, trabalhando em equipe – o todo acima de cada um, sem espaço para individualidades. Além disso, apesar de existir rivalidade entre os times, a relação interclube idealizada pelos discursos normativos era de amizade e respeito, inclusive entre as torcidas. Desvios comportamentais não possuíam espaço e quando aconteciam eram duramente criticados. Muito rapidamente isto mudou: os clubes passaram a construir suas sedes e seus campos; as torcidas se afastaram; a rivalidade aumentou; e a lealdade total ao time tornou-se essencial. Assim, o futebol continuava escapando da normatização social.

Por Alexandre Camargo de Sant’Ana

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