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Centro de Letras

Intervalo no Jogo

Desde os textos sobre o chafariz de ferro (trazido da França para a inauguração da água potável encanada), passando pelos artigos a respeito do carnaval e agora nesta série futebolística, busco evidenciar a ação dos discursos normativos.

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Antes de continuarmos a história do início do futebol em Paranaguá, devemos relembrar a questão principal da análise: como a chegada da modernidade impactou a sociedade parnanguara? Desde os textos sobre o chafariz de ferro (trazido da França para a inauguração da água potável encanada), passando pelos artigos a respeito do carnaval e agora nesta série futebolística, busco evidenciar a ação dos discursos normativos – os conceitos de normal e anormal – mudando os hábitos dos parnanguaras, definindo o que era desejável e o que não era. Fosse proibindo coletar água da chuva após a inauguração do sistema de água encanada (apesar de antes ser uma prática incentivada), ou criminalizando o uso de máscaras e o jogo de intrudo no carnaval (tradições antiguíssimas entre os foliões), ou usando o futebol como ferramenta de condicionamento físico e mental para moldar as atitudes de meninos e homens (em busca de um ideal de cidadão), o que vemos são novas regras comportamentais tentando eliminar as características rurais e construir uma Paranaguá moderna e próxima da civilização europeia.

Havia uma cidade antiga e ultrapassada, totalmente colonial e cheia de vícios, que precisava sair de cena e deixar o palco livre para uma nova sociedade, mais limpa e ordenada, com cidadãos obedientes aceitando as decisões governamentais – sem contestar. Tais transformações eram comandadas pelas classes dominantes na cidade (inclusive com homens dos tempos imperiais) e não foi perguntado aos parnanguaras pobres se estavam dispostos a mudar completamente suas vidas em nome de um ideal que provavelmente não compreendiam. Assim como em outros locais, a normatização não ocorreu de forma pacífica e são diversas as situações de resistências ao projeto social das elites políticas e econômicas locais. Como estamos percebendo, foi assim com o futebol também.

Por Alexandre Camargo de Sant’Ana

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