Em “nihon-go” (idioma japonês), a palavra Yamato é traduzida por “Grande Harmonia”, que traduz fielmente a filosofia de vida que rege o povo do Sol Nascente. Não por outra razão, foi o nome escolhido para o mais poderoso navio de guerra nipônico na época da II Guerra Mundial. Planejado para uma frota de quatro navios idênticos, o projeto vislumbrava um encouraçado como antes não se havia visto nos oceanos da Terra. Com um comprimento de 263 metros, boca (largura) de 38,9 metros, e calado de 10,8 metros, o projeto elaborado em 1935 previa um armamento de 3 barbetas de 3 canhões cada, com calibre de 18 polegadas (460 mm), de 2 torretas de 3 canhões de 6” (150mm), além de abundante artilharia antiaérea.
Completado em 1941, junto com seu gêmeo Musashi (já em operação) e com o terceiro da série, IJN Shinano (em construção), o Yamato poderia ser considerado o mais poderoso vaso de guerra do mundo quando comissionado, deslocando 72.808 toneladas, com cerca de 3.800 tripulantes, podendo navegar a 27 nós graças aos 154.000 HP desenvolvidos nas suas 4 turbinas a vapor. Para a proteção de seu casco, apresentava uma couraça de blindagem de aço do costado (daí o nome “encouraçado”) que variava entre 280mm a 410mm, dependendo da região mais ou menos sensível do casco.
O Yamato não viu muita ação bélica até meados de 1944, quando participou na Batalha do Golfo de Leyte, nas Filipinas, onde sofreu pequenas avarias do bombardeio realizado pelas forças americanas, mas que resultou no afundamento do gêmeo Musashi nas cercanias da ilha de Samar.
Mantido em reserva estratégica no Japão até abril/1945, foi destacado para uma operação naval, na tentativa suicida de impedir a invasão da ilha japonesa de Okinawa pelas forças aliadas que, se bem sucedida, colocaria o coração da nação, Tokio, ao alcance da aviação americana.
Assim, em 06 de abril de 1945, o Yamato e sua escolta de mais alguns navios remanescentes da outrora poderosa Marinha Imperial Japonesa, iniciaram a operação “Ten-Go”, tentando alcançar e destruir os navios que compunham a frota aliada para a invasão da ilha, embora já tivessem sido descobertos pela aviação americana. Atacado por mais de 280 aviões de vários tipos, bombardeado, torpedeado e incendiado, o Yamato explodiu antes de afundar por inteiro, carregando consigo mais de 3.700 tripulantes para o fundo do mar. O Yamato se constitui num marco da engenharia bélica naval até os dias de hoje.
Geert J. Prange – Eng. Naval
Foto: Ilustrativa