Segundo pesquisa da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático, o risco de lesões por mergulhos em águas rasas no Brasil é de 0,3 para cada 100 mil habitantes. Em 67% dos casos estas lesões resultam na morte do acidentado antes mesmo que ele possa chegar a um hospital. No Paraná, em 2016 foram registradas quatro internações derivadas de acidentes por pulo ou mergulho. Em 2017, mesmo com dados preliminares, este número dobrou. O Estado já registrou oito casos.
“A maioria dos acidentes ocorre por falta de conhecimento do local ou por ignorar regras básicas, como consultar um guarda-vidas e prestar a atenção à sinalização do local. Nem todos que vão a lugares mais afastados, como cachoeiras e pedras, sabem se nadar é o suficiente para não correr riscos de afogamento nestes lugares. Além disso, as marés e os rios sobem e descem constantemente, o que altera a profundidade das águas e aumenta ainda mais as chances de acidente”, enfatizou a médica.
RELATO
Renan, que recém havia completado 19 anos, conhecia o local como a palma de sua mão, pois havia crescido nas praias do litoral. Entrou no mar e quando pulou a primeira onda, sumiu.
“Na hora entrei em desespero. Eu e meus pais começamos a vasculhar a praia para ver se encontrávamos o Renan. Só o achamos cerca de 40 minutos depois, já sendo atendido por uma ambulância do Corpo de Bombeiros. Por sorte, um médico que também estava na praia o encontrou desacordado e chamou os guarda-vidas”, conta o irmão, Rodrigo.
Renan sofreu traumatismo raquimedular. Acredita-se que quando pulou a onda, desequilibrou e bateu com a cabeça na areia. Foram dois anos de tratamento. Algumas complicações fizeram com que pouco tempo depois, Renan viesse a falecer.
“Eu demorei muito para entender e aceitar o que aconteceu. Foi algo aparentemente bobo. Nem eu nem meus pais conseguimos mais viver no litoral após a perda. As pessoas precisam entender que na praia, em pedras, cavas, cachoeira, todo cuidado é pouco. E o prejuízo é muito grande para você se arriscar”, alertou Rodrigo.