Um Governo com alta taxa de rejeição cria uma guerra para reunir apoio popular e distrair a sociedade dos problemas. Temer não foi criativo com a intervenção federal sobre a área de segurança pública do Estado do Rio em meio ao naufrágio da Reforma da Previdência, isso tem sido usado em várias partes do mundo.
A situação da segurança pública é muito grave no Brasil. Há um genocídio de jovens pobres nas periferias das grandes cidades, trabalhadores rurais, indígenas e populações tradicionais sendo chacinados no interior do País. Entre as razões da violência urbana, encontra-se uma política fracassada de guerra às drogas que transforma comunidades em territórios a serem disputados para comércio de entorpecentes. Morrem moradores, policiais, traficantes, vidas.
O Rio não tem Governo, o que é melhor que estar sob o controle dos presidiários Sérgio Cabral e Jorge Picciani. Mas, a máquina pública ainda está tomada pelo vírus do MDB. Há conluio entre comandantes da PM e o crime organizado, já disse Torquato Jardim, ministro da Justiça. A chefia do Tribunal de Contas foi para a cadeia. Quebrado, o Rio vive de favor e em guerra. Por que não houve intervenção no Governo inteiro? Porque seria um desvio da ofensiva política. Desde que a Reforma da Previdência começava a naufragar em 2017, Temer previa uma "agenda positiva" para 2018, baseada em segurança pública.
Seria um mote eleitoral do governismo. O colapso de Luiz Fernando Pezão (MDB) juntou a fome com a vontade de comer. No Planalto, se diz que de fato não havia mais alternativa a uma baderna criminosa geral. Temer e sua turma vão tentar fazer propaganda da intervenção militar na segurança do Rio até outubro. Cuidar do desastre do governo inteiro tiraria o foco da campanha, prejudicaria a tentativa de capitalizar efeitos provisórios da intervenção ou da paz temporária.
Enxergou-se oportunidade política na intervenção do Rio, numa guerra em que Temer não admite derrota, mesmo que para isso, a criminalidade seja distribuída em outros Estados. O resultado de toda essa ofensiva é a construção de um quadro político de ainda maior instabilidade. O pano de fundo para o totalitarismo surge com a falsa percepção da opção militar como solução para problemas oriundos da desigualdade social e do déficit de cidadania. Pão e Circo.
Em ano eleitoral, insistir nessa concepção não é um risco apenas para as principais vítimas como a juventude periférica, mas para a nossa própria democracia. Que Deus nos proteja.
Paulinho Oliveira é cientista político, administrador de empresas, bacharelando em Direito, empresário, secretário municipal de saúde e prevenção da prefeitura de Paranaguá, e presidente estadual da juventude do PODEMOS no Paraná.