Perseguindo o ideal moderno de higiene urbana e tentando melhorar a salubridade local, o coronel João Guilherme Guimarães, filho do Visconde de Nácar e primeiro prefeito eleito em Paranaguá após a Proclamação da República, abriu em 1895 a concorrência para os serviços de instalação dos esgotos e da água potável encanada na cidade. A quantidade de água por habitação não seria inferior a 500 litros e para garantir o lucro da empresa vencedora, esgoto e água seriam obrigatórios em todas as casas através de lei municipal.
Até 1897 nenhuma empresa apareceu e novos editais mais detalhados foram publicados. Tentando deixar ainda mais chamativo, a concessão do fornecimento de água seria por 50 anos e o limite mínimo de água passou a ser de 250 litros por habitante, bem acima do que a ONU considera suficiente para se viver, algo em torno de 110 litros.
Nos lugares designados pela Câmara seriam estabelecidos chafarizes para servir a população, lavanderias públicas e hidrantes para combater incêndios. Alguns dias após a publicação do edital, autoridades parnanguaras visitaram as cachoeiras dos Rios Miranda e Santa Cruz, na Serra do Mar, constatando que o volume de água era mais que suficiente e de magnífica qualidade.
Mesmo com todo o entusiasmo da elite política, os serviços não se concretizaram e no ano de 1899, em relatório para o prefeito João Guilherme Guimarães, o engenheiro Virgilio Ricardo dos Santos comentou o assunto. Segundo ele, todos conheciam as vantagens do sistema de água e esgoto e a câmara municipal deu todo o apoio ao prefeito para a contratação das obras. Porém, como ainda não havia esgotos, era necessário dar uma atenção maior às latrinas.
Água potável encanada em casa ainda iria demorar.
Por Alexandre Camargo de Sant’Ana