Profissionais destacam crescimento do terminal portuário nas últimas décadas
É impossível falar dos 85 anos do Porto de Paranaguá sem lembrar quem faz o terminal funcionar: o portuário. Além da relação profissional, esses trabalhadores possuem uma relação de amor e respeito com a empresa pública Portos do Paraná, é o que salientam Antônio Carlos Santos Barbosa, chefe da Seção de Manutenção Elétrica de Silos, e Marcelo de Almeida Pires, engenheiro eletricista e chefe da Seção de Eletricidade. Os portuários destacam o crescimento e modernidade obtida pelo Porto no decorrer das últimas décadas, bem como a importância do terminal que é o segundo maior do Brasil.
O portuário Marcelo Pires destaca que começou a trabalhar no Porto quando ainda era estudante de Engenharia Elétrica como estagiário. "Isso foi por volta de 1973. Entrei em janeiro de 1978 no Porto, após me formar em dezembro de 1977 em Engenharia Elétrica", detalha, ressaltando que ingressou no quadro do Porto por meio da extinta Portobrás. "O Porto não era algo visado inicialmente para trabalhar, as pessoas não queriam trabalhar aqui. Isso mudou com o Dr. Miranda Ramos, Dr. Alfredo Budant e Dr. Pinho, que foram os pilares da mudança do Porto, onde todo mundo queria e quer até hoje vir trabalhar. Com isso, o Porto cresceu, do tempo que fiz estágio para hoje é enorme a mudança", explica, ressaltando que o setor administrativo ficava no Armazém 8, sendo que atualmente a sede fica em uma estrutura moderna no Palácio Taguaré.
"Sou portuário há 42 anos, e fui estagiário por volta de três anos, algo que dá cerca de 45 anos de Porto. O crescimento do terminal neste período foi extraordinário", acrescenta Pires, destacando a necessidade de que haja um acervo histórico do Porto, com um museu para expor lembranças da história do Porto de Paranaguá, visto que os portuários mantêm um acervo de relíquias do terminal. "Meu filho, Marcelo de Almeida Pires Filho, agora é portuário, ele passou em concurso no ano passado, era um sonho da minha vida colocar um dos meus filhos aqui, visto que meu sogro, meu cunhado e outros parentes já trabalharam aqui no Porto", complementa.
O portuário Antônio Carlos Barbosa ressalta que sua história é parecida com a de Marcelo Pires, ao qual ele considera uma espécie de professor no Porto de Paranaguá. Ele trabalha no Porto há 39 anos, ingressando no quadro da empresa pública em 1981. "Tive pilares aqui no Porto de técnica, junto com o Dr. Teixeira, Nilson Viana, Airton Maron, o falecido Dr. Antonio Augusto. Eu fui marítimo, trabalhei nas dragas de nome Mato Grosso e Rio de Janeiro para construção do Silão. Após isso, ingressei no quadro do Porto. Meu primeiro serviço foi como eletricista de manutenção na seção de guindastes, que hoje não tem mais", explica.
Amor ao Porto
"Minha história no Porto é de emocionar. O Porto de Paranaguá me deu tudo aquilo que eu não tinha e que se eu trabalhasse fora não teria: dignidade, respeito, carisma", frisa, destacando as portas abertas em todos os setores da administração para a sua presença. "Se eu falar do Porto eu estou falando de um amor antigo, de coisas boas, não foram só flores, trabalhei com muitas pessoas que já passaram, entre eles vários superintendentes e diretores, diversos amigos que foram embora, falecidos ou que saíram do Porto. O Porto é igual um casamento, quando você olha você sabe que este é seu amor. Eu tenho a honra e o privilégio de trabalhar no Porto de Paranaguá", afirma Barbosa, destacando que antigamente, no comércio local, bastava apresentar o crachá de portuário para ter crédito em qualquer loja.
A grandeza do Porto de Paranaguá, que é o segundo maior terminal portuário do Brasil, foi construída no decorrer das últimas décadas. "Para mim foi igual uma criança, que você vê todo dia, mas não vê crescer. Quando você vê está grande. O Porto é a mesma coisa", ressalta Barbosa. "Vemos gigantescos investimentos no terminal, nos berços, também no lado terra, que chamamos, com estacionamentos, pátios, armazéns, firmas", ressalta.
"A gente não percebe o crescimento do Porto, mas ele é gigantesco, eu viajo, faço cruzeiros e visitei diversos portos da Europa, e nesses lugares, onde paramos conversamos sobre a questão portuária, onde sempre é falado de Paranaguá. Ou seja, o Porto de Paranaguá é mundial", acrescenta Pires, ressaltando o respeito também do porto paranaense em todo o cenário nacional. "Se você tira o Porto de Paranaguá a cidade morre. Paranaguá depende do Porto, que é a alma de tudo", explica, destacando que a cidade deveria investir mais em turismo.
Orgulho de ser portuário
O portuário Antônio Barbosa destaca que 100% das pessoas de Paranaguá possuem o sonho de trabalhar no Porto. "O Porto representa não só para mim e minha família, mas para Paranaguá e o Paraná uma grandeza milionária. O respeito que a atual diretoria tem com os funcionários eu gostaria de salientar. Eles não olham torto para a gente, eles estendem a mão", diz. "É gratificante ser portuário", acrescenta.
"O Porto é a minha vida. Tudo que tenho, tudo que eu sou, tudo o que a minha família tem deve ao Porto", afirma Marcelo Pires. "Não admito ninguém falar do Porto na minha frente, a não ser que ele seja portuário", acrescenta, destacando que atuou em diversos setores, o que fez com que ele conhecesse o terminal portuário por completo. "Os portuários que sobraram, uns mais, outro menos, todos pensam igual. Nós brigamos pelo Porto. Trabalhamos pela operação, como em uma loja de departamentos, onde a ponta final é vender, o nosso foco é exportação e importação", acrescenta.
Saída e retorno
"Fui agraciado por Deus. Fizeram um Plano de Demissão Incentivada (PDI) e fui embora, pensei que já havia encerrado meu ciclo. Fui embora, dois dias depois veio o convite para eu retornar ao Porto. Deus e o Porto estão sempre comigo. É uma alegria trabalhar e passar mais um aniversário no Porto", ressalta Barbosa. "O que aconteceu foi que as pessoas da outra administração, de fora, sabiam que sem o Barbosa as coisas não funcionavam. Ele retornou e nesta nova administração ele seguiu. Além dele ser chefe, trabalha como peão, vai na frente, põe a mão na massa e os outros precisam seguir o seu exemplo", ressalta Pires.
"Quero agradecer ao Dr. Antonio Augusto, Dr. Teixeira, Dr. Richa, Nilson, Marcelo Pires, pois foi um conjunto de pessoas que deu energia maravilhosa para eu voltar. Não vou decepcioná-las. Se você falar do Porto desde o berço 1 até o 127 eu te explico. E nesse sentido, existem diversas pessoas competentes na Portos do Paraná", acrescenta Barbosa, agradecendo também à atual diretoria da empresa pública Portos do Paraná.
Produtividade
De acordo com o engenheiro elétrico, os investimentos estrangeiros advindos da China e outros países, ocorrem pela competência e produtividade do Porto de Paranaguá. "Eles enxergam o nosso potencial", explica, destacando como exemplo o Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP), que é o maior do Brasil. Barbosa ressalta que a produtividade e a versatilidade sempre foram marcas do Porto, que já movimentou com vagões de trens dentro da faixa portuária, exportou a grande produção de café do Paraná, entre outros. "Já veio frango ensacado para ser exportado por Paranaguá. Agora mudou o sistema, quase tudo vem no contêiner", explica.
Curiosidades
O silo público da Portos do Paraná é uma das construções mais visíveis em Paranaguá e quando na sua inauguração, no final dos anos 70, a administração tinha interesses para o local além da questão graneleira. "No silão, lá em cima, quando construído, a intenção era de fazer um heliponto ou até mesmo um restaurante panorâmico, visto que lá de cima vê o Porto inteiro e até a Ilha do Mel", acrescenta Pires.
Mensagens
"Quero agradecer a todas as pessoas que me deram a oportunidade de voltar ao Porto de Paranaguá. Quero ressaltar para a atual diretoria, bem como meus amigos e irmãos portuários, que o Porto não é simplesmente o Porto, ele é um minério que quanto mais você cava mais coisas boas você encontra. Eu desejo todas as maravilhas do mundo ao Porto", ressalta Antônio Barbosa.
"Que o Porto prossiga desse jeito, que esta administração siga feliz em suas atitudes. Temos uma diretoria, através do nosso diretor-presidente, Luiz Fernando Garcia da Silva, que já trabalhou aqui e tem experiência já atuando no Porto de Santos. Ele tem conhecimento administrativo e portuário e capacidade para ser presidente. Além disso, o diretor de Engenharia e Manutenção, Rogério Amado Barzellay é concursado antigo da Portobrás, com experiência junto ao Luiz Fernando no Porto de Santos e em outras áreas. Além disso, destaco o diretor de Operações Portuárias, Luiz Teixeira da Silva Júnior, que é portuário há mais tempo que eu, bem como o pessoal do Meio Ambiente que está se desenvolvendo positivamente. Que assim continue. O Porto avançando a cidade ganha, o Paraná ganha e o Brasil também", finaliza Marcelo Pires.