Algumas passagens bíblicas são bem conhecidas, como, por exemplo, a que se lê neste segundo Domingo da Páscoa: o encontro de Jesus com os Onze Apóstolos, a fé de Tomé e a certeza de que a pessoa que crê é feliz (Jo 20, 19-31). Estando os apóstolos reunidos a portas fechadas por medo daqueles que perseguiram e mataram Jesus, o próprio Jesus se manifestou glorioso no meio deles e lhes deu a paz e o dom do Espírito Santo.
Eles se encheram de alegria! Mas Tomé não estava com eles e, além disso, não acreditou no testemunho dos seus irmãos. No domingo seguinte, estavam novamente reunidos e, desta vez, Tomé estava entre eles. Jesus se manifestou e Tomé fez sua profissão de fé: “Meu Senhor e meu Deus”. E Jesus, então, concluiu: “Felizes os que não viram e acreditaram!”
Alegria! Em nossos dias, marcados por grandes inseguranças, a alegria não nos pode ser roubada e nem mesmo perder sua expressão no sorriso e na confiança de cada pessoa. Os discípulos ficaram alegres por verem o Senhor ressuscitado. Aquele que eles tinham visto ser condenado e torturado, morto na cruz e sepultado, agora vive! Ele está no meio de nós! Traz as marcas dos pregos em suas mãos e o lado ferido pela lança. Contudo esses sinais de sua paixão são agora sinais de glória, de vitória sobre a morte. “Por suas santas chagas, suas chagas gloriosas, o Cristo Senhor nos proteja e nos guarde. Amém.” (Noite da Páscoa – 1Pd 2,24). Refeitos de sua decepção e tristeza, os discípulos se alegraram. A isso também somos chamados: encarar nossas dores e recuperar a alegria.
Abertura. O medo aprisionava os discípulos; eles se reuniam para celebrar a portas fechadas. Também hoje não nos faltam motivos para nos fecharmos cada vez mais: as mortes em Suzano, os atentados no Sri Lanka, a violência registrada também em nossa cidade. Abrir-se e se unir a grupos que pensam a situação da cidade e buscar juntos propostas de políticas públicas: eis um caminho que nós, cidadãos, podemos percorrer. Pode-se muito bem usar o WhatsApp para encontrar essas pessoas e grupos e, depois, estabelecer uma relação concreta, face a face. Cristo ressuscitado dentre os mortos nos ajuda a vencer nossos medos e a retomar coragem. Ele nos enche o coração com a sua paz: “a paz esteja com vocês”.
Confiança. Certamente a alegria e a abertura estão ligadas à confiança. Tomé não aceitou o testemunho de seus irmãos, por isso não se revelou homem de fé. Confiamos em Cristo. Confiemos também uns nos outros. Certamente a confiança compromete a todos, pois ela requer um jeito de viver – ações concretas – que ajude as pessoas a confiarem umas nas outras. Mais do que as palavras é o agir que suscita a confiança.
+ Edmar Peron
Bispo de Paranaguá