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Jornalismo construtivo, com narrativas positivas, ganha espaço ao se revelar ferramenta de transformação social

Dimitrinka Atanasova

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A busca e o relato da verdade ao público são conceitos básicos do jornalismo e, muitas vezes, estão acompanhados de notícias de caráter negativo, as preferidas por boa parte das redações. Mas também é possível relatar a verdade, com profundidade e de forma útil à sociedade, quando se reporta histórias e fatos positivos. A prática desse tipo de jornalismo, chamado de construtivo, vem ganhando, lentamente, espaço nas redações. Não se trata de oferecer conteúdo positivo com significância social limitada, diz a professora Dimitrinka Atanasova, do Departamento de Linguística e Língua Inglesa da Lancaster University (UK).

“[As reportagens] cobrem questões socialmente significativas, como mudança climática e relações raciais, mas o fazem de forma diferente”, afirma a pesquisadora, que tem dedicado muito do seu trabalho à mídia.

Em artigo publicado pelo blog do Departamento de Mídia e Comunicações da London School of Economics (LSE), Atanasova ressalta que, além das cinco questões elementares da prática jornalística – Quem?; O quê?; Onde?; Quando?; e Por quê? – o jornalismo construtivo pergunta também: o que pode ser feito agora? O objetivo, afirma a professora, é alcançar uma sociedade melhor. “Ao responder a esta última [questão], seus proponentes estão particularmente interessados em amplificar discursos alternativos que sejam afirmativos, criativos, subnotificados e que deem voz a atores sociais sub-representados”.

Atanasova destaca ainda a importância da análise positiva de narrativas, uma das abordagens mais utilizadas para analisar o conteúdo de notícias nas ciências humanas e sociais.

“Semelhante aos objetivos do jornalismo construtivo, os objetivos da análise positiva do discurso foram definidos como amplificadores de discursos que são alternativos, mas que abrem possibilidades de mudança social positiva e inspiram a ação”, afirma.

A análise crítica do discurso, amplamente definida, explica Atanasova, revela como os textos podem destacar ou contextualizar os eventos e questões que descrevem por meio de escolhas gramaticais e de vocabulário (por exemplo, “o manifestante foi baleado” ou “a polícia atirou no manifestante”). “O objetivo da análise crítica do discurso é desconstruir e expor os desequilíbrios de poder, vieses e discriminações que poderiam permanecer escondidos nos textos. É também uma abordagem inerentemente ativista e política que visa criar um mundo melhor, efetuar a transformação da sociedade e capacitar atores sociais sub-representados”.

A pesquisadora sustenta ainda que o jornalismo construtivo (ou jornalismo de soluções) desafia um ângulo de notícias negativas dominante que não é saudável para as organizações de mídia e para a sociedade. “A negatividade afasta as pessoas das notícias e, assim, contribui para o declínio do público de notícias, mas também faz com que as pessoas se sintam impotentes e desmotivadas para agir em importantes questões sociais”.

 

Fonte: ANJ

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