Criado em 2019, o projeto Paranaguá Mais Cores em 2025 mudou de patamar e provocou uma verdadeira revolução cultural e artística na cidade-mãe do Paraná. Duas intervenções artísticas realizadas transformaram o cenário de locais íntimos para a população parnanguara: a da passarela da Ilha dos Valadares e do Aquário, tudo isso com elementos tipicamente caiçaras, algo que resgate e valoriza a cultura parnanguara através da arte urbana. E não pára por aí. O foco agora é o trabalho de base em escolas, colégios e instituições de ensino, com mutirões e ocupação criativa, trazendo a arte e a valorização caiçara em foco para as futuras gerações.

“Acredito que o Paranaguá Mais Cores tem uma importância para a cultura parnanguara, no sentido que todas as artes que a gente trabalha, elas partem do ponto de vista de trabalhar o pertencimento da nossa cultura local. Então são artes produzidas pensando elementos da nossa vida, do nosso cotidiano, do nosso imaginário, do nosso modo de ser, viver, se reproduzir no espaço que a gente está inserido que é a cidade de Paranaguá”, destaca “Gio Negromonte”, advogado, artista e um dos idealizadores do Paranaguá Mais Cores e do Projeto Andada, bem como criador do Museu Urbano do Fandango Caiçara.
Segundo Negromonte, por meio da arte e das cores, é possível mostrar o quão bonito e especial é Paranaguá. “É uma cidade rodeada por belezas naturais, por uma cultura própria, por um modo de vida próprio. Então, conseguir representar isso através das cores, através das artes, para poder ter essa noção de pertencimento da nossa cidade, da cidade do nosso cidadão, é muito importante para a gente e muito importante, de modo geral, para a cultura local”, detalha.
“Ao longo do projeto Paranaguá Mais Cores desde o seu surgimento em 2019, a gente acredita que foram feitos aproximadamente uns 50 painéis artísticos no espaço público e uma média de umas 30, 35 oficinas e mutirões de pintura. Então é mais ou menos essa média, umas 50 artes realizadas ao longo dos últimos anos e mais essas oficinas e mutirões”, salienta o idealizador.
Museu Urbano do Fandango Caiçara
Outro projeto idealizado por Gio foi o Museu Urbano do Fandango Caiçara, que conta com uma importância ampla para Paranaguá e para todo o território caiçara. “Pensando nesse território que vai desde o Rio de Janeiro até Santa Catarina que é toda essa área onde a gente está inserido que é um grande território caiçara. Acreditamos que, para a cultura caiçara, o fandango é como se fosse a expressão mais nítida através da música , da dança e da alimentação, bem como de tudo que envolve se fazer e se viver do fandango. Então, acredito que ele é a expressão máxima da cultura do lugar onde a gente está inserido”, destaca.
“Só que acontece que o fandango é uma cultura muito oral. Então, acaba se perdendo muito com o passar do tempo. Quando o mestre acaba falecendo ele acaba carregando toda essa cultura porque ele é um patrimônio histórico imaterial, ou seja, ele não é palpável, não consegue pegar, então conseguir criar monumentos públicos para homenagear, valorizar e promover ajuda na salvaguarda do fandango caiçara. Isso é muito importante, porque faz parte desse processo das pessoas entenderem qual é a cultura local, entenderem o quão é especial esse lugar onde a gente vive como é especial essa cultura esse modo de vida, de falar, a nossa alimentação, então acreditamos que o fandango é a expressão mais nítida desta cultura”, afirma Negromonte.
Segundo ele, a Ilha dos Valadares é o lugar que é berço da cultura caiçara.

“A nossa cultura caiçara praticamente se estabelece dentro da Ilha dos Valadares. Não à toa é lá que está o fandango, é lá que está toda essa tradicionalidade do modo de vida e da cultura. É muito vindo desse fluxo de imigração de todas essas comunidades que vieram das ilhas para cá para morar na Ilha dos Valadares. Então, ocuparam esse espaço e se reproduziram nesse espaço, por isso que essa cultura está fincada nesse local”, acrescenta.
“Poder valorizar a Ilha dos Valadares, que é um lugar que sempre foi visto pejorativamente, sempre foi maltratado, mal cuidado. Então, produzir artes como o Projeto Andada, que mostra e joga todo o foco para a Ilha dos Valadares, é muito importante. É a mesma coisa que o fandango. Valorizar a cultura que está dentro da ilha que é o fandango caiçara, é muito importante nesse processo de levantar a auto-estima da Ilha dos Valadares e buscar jogar luz para esse lugar tão especial, mas que sempre foi desvalorizado no nosso município, no nosso território”, ressalta Gio
Próximos passos
De acordo com o artista, os próximos passos do Paranaguá Mais Cores envolvem o trabalho de base. “Isso é realizado com oficinas em escolas, colégios e instituições de modo geral e também conseguir avançar nessa lógica dos mutirões de ocupação criativa, que eu tenho chamado de MOC, que é conseguir pegar esses lugares degradados e chamar a população para juntos a gente conseguir transformar, porque eu acho que essa transformação coletiva, realizar essa arte urbana coletiva é muito importante, porque consegue colocar as pessoas sendo construtores desse novo lugar, desse lugar que a gente imagina, que a gente quer, que é essa cidade sendo bem cuidada, bem tratada, colorida e limpa”, destaca.
“Acho que esses mutirões de ocupação criativa fazem parte desse fazer coletivo e ele é muito importante, porque juntos a gente consegue construir o lugar onde a gente está. Além disso, continuamos realizando essas intervenções urbanas, os festivos, enfim acredito que a arte urbana é uma coisa ilimitada tendo diversas possibilidades de trabalhar. Então, ao longo do caminho, vamos buscar criativamente e conseguir desenvolver novos projetos e novas artes aqui na cidade”, destaca.
Mensagem
“Eu venho parabenizar a cidade de Paranaguá pelos seus 377 anos. Essa cidade é tão especial para os moradores daqui, para os parnanguaras, tanto nascentes quanto os de coração, que foram acolhidos. Então, estar num lugar como esse, com uma natureza linda como essa, com esses manguezais, com esse modo de vida própria, com essa outra velocidade de sociedade, é um prazer enorme poder dizer que eu vivi aqui, vivo aqui e usufruir desse lugar tão maravilhoso e tão especial. O que eu posso dizer é isso. Parabenizar e torcer para que a gente consiga se desenvolver cada vez mais e que a gente se torne o sonho do lugar que nós sonhamos em viver”, finaliza Gio Negromonte.






