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Ano Novo 2024

2023 foi marcado pela inclusão em Paranaguá

Ações foram realizadas no município para ampliar atendimentos e conscientização

Em janeiro de 2023 entrou em funcionamento, em Paranaguá, a Secretaria Municipal de Inclusão. O município, que já tinha a Central de Libras, o Centro de Autismo e o Centro Municipal de Avaliação Especializada (CMAE), apostou em uma pasta que tenha o olhar voltado para as necessidades das pessoas com deficiências ou transtornos, uma das poucas existentes no País. Estima-se que esta tenha sido a terceira Secretaria Municipal de Inclusão criada no Brasil.

Com isso, ao longo do ano de 2023 várias ações foram realizadas com o objetivo de oferecer o suporte para essas pessoas e também conscientizar a população sobre os direitos e, sobretudo, para quebrar os preconceitos.

A secretária municipal de Inclusão, Camila Leite, disse que já foram mais de 70 ações realizadas. Ela destacou o Dia do Circuito PCD “Correr, Andar e Rodar”, realizado no mês de agosto no Aeroparque. “As famílias e a sociedade participaram. Tivemos também o Festival PCD com todas as instituições que trabalhamos (Escola Eva Cavani, Apae, Cedap, associações de esporte), foi um momento bem legal, a gente se emocionou muito por poder proporcionar isso para eles, de ter essa experiência com o público”, afirmou Camila.

A pasta formou turmas de intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) com mais de 380 pessoas. “Só no mês de dezembro formamos 160 intérpretes, foi bem bacana, inclusive ano que vem os que fizerem o nível avançado irão ganhar estágio na Central de Libras. Em cada departamento da Prefeitura que a gente for haverá pelo menos uma pessoa habilitada para dar o direito de comunicação a todos”, disse Camila.

“Quanto mais informação, menos preconceito”, ressaltou a secretária municipal de Inclusão, Camila Leite

As ações também foram voltadas para conscientização em estabelecimentos comerciais para que a sociedade entenda os direitos das pessoas com deficiências ou transtornos. Em novembro, foi realizada a entrega do Cordão de Girassol, utilizado para identificar aqueles que enfrentam desafios diários relacionados à saúde mental e deficiências não visíveis ou doenças raras.

“Fizemos uma blitz para informar a população de que o cordão não é um enfeite, indica que aquela pessoa tem uma deficiência oculta e a gente tem que respeitar e dar prioridade nas filas. Ninguém é obrigado a saber, mas quanto mais informação, menos preconceito. Nosso papel também é esse, levar informação”, enfatizou a secretária.

“A Arte de Conhecer e Incluir”

Voltado para alunos acima de 35 anos da Escola Municipal Eva Cavani, o projeto “A Arte de Conhecer e Incluir” propiciou o início de uma série de oficinas de artesanato, culinária, pintura, peças teatrais entre outras, para ampliar a convivência social, trabalhando as habilidades manuais. Tudo que esses alunos produzem em sala é vendido na Feira da Lua e na Feira da Inclusão e os valores são revertidos em novas experiências.  

“Eles saíram da sala do pedagógico e foram para a sala do projeto. Temos alunos de 35 até 70 anos lá. Além das atividades manuais, eles fazem a vivência na comunidade, vão a restaurantes, fazem esporte, fazem passeios, muitos deles entraram na piscina pela primeira vez. Proporcionar isso para eles está sendo muito prazeroso e isso é inclusão, estão vivenciando coisas que nunca puderam vivenciar”, destacou Camila.

Centro de Autismo

De janeiro a maio de 2023 o número de atendimentos com terapias no Centro de Autismo superou todo o ano de 2022. “Hoje, temos mais de 400 atendidos com fonoaudióloga, ensino estruturado, estimulação precoce, psicólogo, terapeuta ocupacional, psicomotricidade, musicoterapia. Para o ano que vem temos mais oficinas previstas como a de teatro e a de musicalização através de uma parceria com a empresa Cattalini. Também teremos a sala sensorial através do Fundo da Criança e Juventude”, afirmou Camila.

Direcionado às famílias, a Secretaria também realizou encontros parentais, os quais deram subsídios para elas trabalharem o desenvolvimento das crianças atendidas, com sugestões de atividades para serem realizadas em casa.

Expectativa para 2024

A grande novidade para o próximo ano é o início do projeto com equoterapia, ou terapia assistida por cavalos, um método terapêutico que utiliza o animal para o desenvolvimento de pessoas com deficiência e/ou com necessidades especiais. A estrutura já está pronta no Aeroparque.

“Já ganhamos dois cavalos. O profissional que trabalha com equoterapia precisa ter um curso especializado na área. Já temos pessoas finalizando o curso e vamos poder iniciar. Vamos poder atender crianças do Centro de Autismo e crianças PCDs, só precisam ter um laudo médico para o encaminhamento”, adiantou Camila.

Camila é pedagoga especializada em Educação Especial e já atuava há dois anos no Centro de Autismo antes de assumir a pasta. “É um caminho sem volta, a gente se apaixona pela área, é muito prazeroso poder proporcionar tudo isso. Nossa equipe é muito dedicada, por isso o trabalho funciona, todos fazem porque amam e dão o seu melhor. Antes da criação da secretaria, não havia um trabalho que olhasse para a acessibilidade, para a necessidade de filas preferenciais em hospitais e mercados. A gente não atua somente com as terapias, a gente ajuda as famílias a terem seus direitos, trabalhamos com todas as outras secretarias”, concluiu.

Do diagnóstico às terapias

A mãe Rogéria Tavares teve o diagnóstico de autismo do filho Luciano Tavares Neto, de quatro anos, e recebe atendimento no Centro de Autismo. “Percebi algo diferente, fui até o CMEI onde ele estuda (CMEI Sathie Midorikawa) e pedi uma reunião com as responsáveis. Hoje, ele faz musicoterapia e acompanhamento com fonoaudióloga no Centro de Autismo”, contou Rogéria.

Por meio das terapias, Rogéria pôde ouvir a voz do filho Luciano pela primeira vez

Com a ajuda de profissionais, Rogéria ouviu a voz do filho pela primeira vez. “Meu filho fez quatro anos e não falava nada, hoje depois das terapias, meu filho está falando, não sei descrever a emoção de escutar a voz dele pela primeira vez, é outra coisa que não tem preço”, contou a mãe.

Segundo ela, a criação da Secretaria de Inclusão tem feito a diferença na vida da sua e de outras famílias da cidade. “É muito importante, só quem tem um filho com TEA sabe como é, pois muitos julgam, acham que é besteira ou que a Secretaria é obsoleta, como já foi citado, mas mal sabem eles como as terapias são importantes, não para nós pais/mães, mais sim para os nossos filhos, para o desenvolvimento e futuro deles. Que Deus abençoe imensamente todos os profissionais e a nossa secretária”, agradeceu Rogéria.

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