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Entrevista

Tenente do Corpo de Bombeiros alerta sobre cuidados para evitar afogamentos no litoral

2.º Tenente Ana Paula Inácio de Oliveira Zanlorenzzi é responsável pela Comunicação Social do Corpo de Bombeiros na Operação Verão 2018/2019 (Foto: Divulgação)

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2.º Tenente do Corpo de Bombeiros do Paraná, Ana Paula Inácio de Oliveira Zanlorenzzi, concede orientações para banhistas nas praias e rios da região

O verão começou oficialmente há cerca de uma semana e já foram registrados no litoral cinco óbitos de turistas por afogamento. Os falecimentos acendem um alerta aos turistas e moradores litorâneos, principalmente nos municípios que concentram as praias da região e o maior número de visitantes: Guaratuba, Matinhos e Pontal do Paraná. A 2.º Tenente do Corpo de Bombeiros do Paraná, Ana Paula Inácio de Oliveira Zanlorenzzi, responsável pela Comunicação Social do Corpo de Bombeiros na Operação Verão 2018/2019, concede dicas importantes para a população evitar afogamentos e risco de morte, ficando atenta para a presença de guarda-vidas, das bandeiras de sinalização e sempre lembrando que "água no umbigo é sinal de perigo." Confira a entrevista:

 

Folha do Litoral News: O cuidado contínuo deve ser realizado pelos banhistas nas praias. Qual a importância de os turistas redobrarem a atenção nas praias para evitar afogamentos?

Tenente Ana Paula: Sempre recomendamos que as pessoas tenham consciência de fazer sua entrada no mar da maneira mais segura possível para que todos possam aproveitar este momento de lazer e descontração, prezando por um bom final de ano. As pessoas nunca devem ir muito para o fundo, pois a água chegando na região da cintura ou umbigo faz com que o banhista tenha uma reação muito mais rápida do que se ela estiver com somente o pescoço para fora da água. É importante as pessoas ficarem em uma região do mar com possibilidade de movimentação e reação mais rápida. O mar é sempre irregular, a gente acha que está muito raso em alguns locais, mas anda dois a três passos e pode cair em um buraco, bem como pode ser afetado por correntes de retorno ou valas. É muito importante o banhista ficar em uma região com a água na cintura.

 

Folha do Litoral News: Com relação à ingestão excessiva de bebida e comida por banhistas, algo que ocorre no período de férias, quais as orientações do Corpo de Bombeiros ao entrar na água?

Tenente Ana Paula: A questão da comida a gente fala por causa da congestão, pois dependendo do alimento ingerido o organismo tem um tempo para digerir completamente. Durante a digestão, temos uma diminuição do fluxo sanguíneo no corpo e pode ter, se estiver fazendo uma atividade, mesmo que brincando na água, com exigência de esforço, a pessoa pode ter sinais de tontura, enjoo, vômito, o que pode interferir na capacidade de natação da pessoa e ocasionar afogamento. Da mesma forma na questão da utilização do álcool, que ocasiona um risco de forma intensa, dentro da questão das drogas lícitas, e que, se a pessoa está sob efeito do álcool, ela perde a consciência de até onde ela pode ir, ela acha que pode ir um pouco mais fundo ou tentar fazer o que não consegue, ocasionando o afogamento secundário, no qual a pessoa se afogou em virtude de um problema clínico, que seria a ingestão do álcool antes de entrar na água. Se ela já estivesse com esta debilidade pelo uso da bebida, ela teria mais dificuldade para respirar e de locomoção, o que pode ocasionar afogamento.

 

Folha do Litoral News: Quais os horários aconselháveis aos banhistas para o banho de mar, rio ou piscina?

Tenente Ana Paula: Por questões de incidência solar e riscos de saúde em torno da pele, o horário indicado é sempre antes das 10h e após as 16h. Além disso, falamos que não somente pela questão do sol, mas também para a pessoa avaliar junto ao guarda-vidas se a maré está enchendo ou vazando, pois quando a maré está descendo a probabilidade da pessoa ser puxada é maior por causa da maré.

 

Folha do Litoral News: Quantos postos de guarda-vidas nós temos no litoral?

Tenente Ana Paula: Nós temos 89 postos distribuídos pelos 60 quilômetros aproximadamente de áreas frequentadas por banhistas, isto inclui Pontal do Paraná, Matinhos e Guaratuba, incluindo a Ilha do Mel, em Paranaguá, onde temos dois postos. Temos um posto na região de Morretes no Rio Nhundiaquara, com um posto tático-móvel, que fica ali transitando durante este período.

 

Folha do Litoral News: Tenente, com relação ao salvamento de uma vítima de afogamento, como um cidadão comum pode ajudar neste tipo de situação?

Tenente Ana Paula: A gente sempre fala que uma pessoa que vai ajudar não pode se tornar outra vítima. Se uma pessoa não possui capacidade técnica para salvamento ou os equipamentos necessários, a melhor ajuda que ela pode oferecer é chamar o socorro especializado pelo telefone 193 ou nos postos de guarda-vidas. As pessoas devem sempre se banhar nas áreas protegidas por guarda-vidas, que é aquela faixa delimitada por duas bandeiras vermelhas e amarela, onde os salva-vidas conseguem ter acesso imediato aos banhistas. Nas áreas não protegidas por guarda-vidas, as pessoas devem correr até o posto mais próximo ou acionar via 193 o Corpo de Bombeiros. Outra dica é que a pessoa não-habilitada acompanhe no visual onde está a pessoa que precisa ser salva para indicar a localização ao Corpo de Bombeiros.

 

Folha do Litoral News – Um fenômeno observado nos rios da região, principalmente em Morretes e Antonina, é a questão da cabeça d'água, em que uma grande quantidade da água desce da Serra do Mar e pode ocasionar afogamentos de banhistas. Quais as orientações em torno deste fenômeno?

Tenente Ana Paula: Os rios da nossa região, principalmente em Antonina e Morretes, podem perceber a vinda da cabeça d'água com aumento muito rápido do fluxo do rio e mudança da coloração da água, que aparentemente fica mais suja, com vinda de galhos e troncos. Mesmo não chovendo na região que o banhista está, uma região próxima com chuva pode influenciar o movimento das águas de um rio mais distante. No menor sinal do fenômeno as pessoas devem sair da água, pois as chances são altas de acontecer uma fatalidade neste caso. Temos no litoral um posto tático-móvel composto por uma viatura e dois guarda-vidas, o qual fica andando pela região do rio Nhundiaquara, para atuar nos salvamentos, bem como indicando qualquer possibilidade da cabeça d'água aos banhistas.

 

Folha do Litoral News: Em Morretes há a prática da boia-cross, que é a descida, principalmente do Rio Nhundiaquara, de boia. Qual a importância de usar equipamentos de segurança na prática desta atividade?

Tenente Ana Paula: Para quem é turista, eles fazem a locação destes equipamentos de segurança, algo feito já pelas próprias empresas que atuam com o boia-cross. Infelizmente, há pessoas que não fazem uso do equipamento de segurança achando que vai incomodar ou que vai passar vergonha usando, mas não é vergonha nenhuma estar bem equipado, pois durante o trajeto do rio há trechos rasos, porém em outros locais a profundidade é grande. A pessoa não conhecendo, não sabendo nadar, ou nadando e estar suscetível a qualquer situação, isto pode gerar risco. Que os banhistas sempre usem colete e capacete, inclusive por conta das características do rio com alta velocidade, pedras, galhos.

 

Folha do Litoral News: Outra questão é o fato de ser totalmente desaconselhável entrar na água, seja nas praias ou rios, no período da noite.

Tenente Ana Paula: Isso mesmo. Os postos de guarda-vidas estão ativos durante a Operação Verão das 8h da manhã às 20h. Então, é um tempo grande para as pessoas se banhar e se divertir. À noite, a visibilidade é muito mais reduzida. Os postos não ficam abertos, mas se formos informados no quartel sobre uma possibilidade de afogamento, obviamente uma equipe se desloca ao local, mas a visibilidade é muito reduzida e a probabilidade de encontrar qualquer pessoa é menor. Os banhistas devem evitar se banhar de noite em praias e rios. Sabemos que na piscina é diferente, por ser um ambiente controlado, geralmente com iluminação artificial, mas em questão de rio e mar sempre deve se banhar durante o dia.

 

Folha do Litoral News: Foram registrados alguns casos nos últimos anos de pessoas feridas ou machucadas até com certa gravidade de saltos de pedras, de locais muitas vezes que nem são indicados para isso. Esta é outra preocupação do Corpo de Bombeiros?

Tenente Ana Paula: Com certeza, principalmente na questão dos rios, muitas vezes a pessoa tende a entrar no rio pulando de cabeça, seja por pedras ou por pontes próximas. Isto não é recomendado, pois se a pessoa não conhece a região, ali pode ter pedras ou galhos, ocasionando um trauma grave com sequelas e possibilidade de ficar paraplégico ou tetraplégico, bem como risco de morte. Se for para entrar em rios, evite pular de cabeça, entre com os pés e confira a profundidade da água. No mar a orientação é a mesma, visto que no litoral há alguns pontos que as pessoas querem pular de pedras, o que é muito arriscado.

 

Folha do Litoral News: Agradecemos a entrevista e estas orientações tão importantes para os banhistas do litoral.

Tenente Ana Paula: Agradecemos a entrevista e pedimos a todos os leitores que baixem o aplicativo do Corpo de Bombeiros do Paraná pela loja virtual do celular, seja para IOs ou Android, com o nome "Bombeiros Paraná". Neste aplicativo estão todos os postos de guarda-vidas ativos, ele é atualizado diariamente em tempo real, bem como concede dicas de segurança e prontos socorros, com alertas de chuvas e tempestades aos turistas e moradores, informando sobre cuidados gerais e alertas meteorológicos.

 

 

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