João Carlos da Silva, de 52 anos, é parnanguara, filho de Ivanilde e Reinaldo Duners da Silva (In memorian), casado com Silvanira Fernandes de Souza, e pai de quatro filhos. Entrou para a Polícia Militar no ano de 1984, com 18 anos, tendo ficado na corporação por 31 anos, chegando a segundo sargento.
Na PM, trabalhou por 15 anos na Rádio Patrulha, considerando sua grande escola, principalmente nas madrugadas, quando as equipes velam pelo sono da comunidade.
Na sequência, trabalhou no Tático Móvel, em que pôde destacar o trabalho da PM junto à sociedade parnanguara. Ele também integrou o Serviço Reservado pelo período de sete anos.
João Carlos foi muito atuante também à frente da Associação de Moradores do Bairro Alexandra, na qual atuou por cinco anos.
A disciplina, rigidez e retidão nortearam sua carreira profissional na Polícia Militar e, nesta entrevista, João Carlos abre seu coração e conta um pouco do sonho de ser militar, de sua carreira, e do seu novo desafio profissional de estar à frente da Secretaria Municipal de Segurança de Paranaguá. Confira:
Folha do Litoral News: Conte como escolheu a carreira militar e como foram os anos de serviços prestados à população dentro da corporação?
João Carlos: Com 13 anos já sonhava em ser policial, um sonho que também era do meu pai. Infelizmente ele não me viu galgar esta carreira, que foi coroada de êxito, graças a Deus. Meu pai faleceu quando eu tinha 15 anos. Mas neste curto espaço de tempo em que convivemos, ele me passou ensinamentos que tenho carregado por toda minha vida. Ele era motorista da prefeitura e minha mãe, dona de casa, com seis filhos, pessoas simples, mas de muito caráter e coração. Consegui realizar este sonho no ano de 1984, quando entrei para a Polícia Militar, de 280 candidatos fui o 12.º colocado, na época cursava Ciências Contábeis, na Fafipar. Entrei como soldado e, nos anos seguintes, fui galgando outros postos, passando por cabo e chegando a segundo sargento e indo para a reserva remunerada. Quando fui fazer o curso para sargento, fiquei mais de um ano fora de casa e realmente quem foi o sargento foi minha esposa, pois ela teve que cuidar da casa e dos filhos, além de trabalhar fora. Ela me ajudou muito, porque não tinha condições de vir todos os dias para Paranaguá. Concluído o curso, voltei a Paranaguá, apesar do convite para permanecer lá. Trabalhei por sete anos no Serviço Reservado, passou um tempo e fui promovido a segundo sargento, e a convite do coronel Mário Martins, então comandante do 9.º BMP, juntamente a uma pessoa que vou carregar para sempre no coração, pois foi um oficial que acreditou muito no meu trabalho, na minha atuação, o capitão Marcelo Figueiredo, que infelizmente o perdemos em um acidente, fui para o destacamento de Alexandra, local que eu e o cabo Célio revitalizamos e onde fiquei por cinco anos. E aqui agradeço novamente ao Coronel Mário pela placa que tem no local, na qual consta o meu nome, não por vaidade, mas para mostrar que o trabalho foi reconhecido. Voltei para Paranaguá onde trabalhei como auxiliar do CPU (Comandante do Policiamento Urbano), e vi que chegou a minha hora e solicitei a reserva, após 31 anos de serviços prestados. Quero agradecer a cada um dos valorosos companheiros de farda que estiveram ao meu lado. Sempre digo que hoje estou na reserva, mas vou continuar sendo policial militar até morrer. Saí com a sensação do dever cumprido perante a sociedade.
Folha do Litoral News: Como recebeu o convite para este novo desafio em sua carreira?
João Carlos: Marcelo Roque estava pensando em concorrer à prefeitura e esteve em casa um ano antes das eleições. Foi tomar um café comigo e bateu um papo bem bacana, inclusive levei outros amigos que tenho ex-jogadores do Rio Branco, Pelezinho, Macaé, Capitão Zé Carlos e o Ratinho, que nem pensava em sair candidato a vereador. Marcelo me convidou para entrar em sua campanha, trabalhando em sua segurança. Vi naquele garoto muita disposição e determinação, principalmente quando me expôs o plano de governo. Passadas as eleições, ele saiu vitorioso, e cada um de nós foi para sua casa. Ficamos algum tempo sem nos falar, pelo menos uns dois meses, quando criaram uns comentários de que estávamos brigados, mas nada disso aconteceu. Uma semana antes da posse, o prefeito Marcelo Roque fez uma reunião em sua casa, quando surgiu o convite. Ele brincou que estava esperando o futuro secretário de Segurança chegar e eu estava ao lado dele, foi quando me convidou para a pasta, por saber do meu trabalho e dos desafios. Me coloquei prontamente à disposição e aceitei o convite.
Folha do Litoral News: O senhor tinha pretensões de trabalhar nesta pasta?
João Carlos: Não. Fui para a campanha sem promessas, mas por acreditar que algo de verdade seria feito por Paranaguá. E também pelo local onde moro, a Alexandra. Moro lá há 25 anos e o bairro foi totalmente esquecido pelo Poder Público. Mas hoje vejo a necessidade que para se realizar as mudanças através de nosso sistema tem que haver este engajamento político das pessoas e da comunidade. Fui juntamente com o sargento Orlei convidado a participar de um congresso em Foz do Iguaçu, em que policiais destaques no Estado do Paraná, seja como secretário de Segurança Pública, como vereador ou exercendo outra atividade, e vamos para inserir o policial na política.
Folha do Litoral News: Já se passaram dois meses, deu tempo para se inteirar sobre os assuntos da segurança no município?
João Carlos: Dois meses ainda é pouco tempo, mas está dando sim para conhecer a pasta, pois tenho tido apoio da guarda. Cheguei solicitando que a diretoria de Ensino promovesse cursos, os quais já estão acontecendo. Esta semana 18 guardas municipais que estão realizando curso de operador tático, aprimorando 100% a parte técnica deles, estão se formando. Os GCMs estão recebendo uma aulinhade abordagem. A minha função é motivar e valorizar o GCM, resgatando e valorizando a autoestima de cada um deles. No segundo período, vamos ter o treinamento de tiro e estamos correndo atrás de 100 novas armas, para que o guarda possa proporcionar a segurança necessária à população, pois não tem como se colocar um guarda na rua sem o colete e sem uma arma, seria uma utopia de minha parte querer fazer segurança sem os devidos equipamentos. Estamos fazendo a parte burocrática para que tudo isso aconteça. É difícil e é por etapas, mas já está saindo do papel. Semana passada conversamos com o deputado federal Rubens Bueno que nos abriu espaço para conseguirmos projetos do Governo Federal junto ao Ministro da Justiça para a cidade.
Estamos fazendo um trabalho passo a passo. Isso sem falar do problema dos semáforos que está se arrastando desde 2014, embora já tenha sofrido duras críticas por parte de alguns da imprensa, mas não é desculpa para jogar naqueles que não fizeram, eu tenho que resolver o problema.
Folha do Litoral News: Qual mensagem o senhor deixa à população parananguara?
João Carlos: É de trabalho. Nestes dois meses frente à pasta tenho me dedicado muito, pois tenho a consciência da responsabilidade que é estar à frente da segurança de uma cidade. Sou uma pessoa que utiliza muito as redes sociais e quero agradecer a todos os amigos que se manifestam seja para fazer elogios, sugestão ou críticas construtivas para que possa realmente focar no trabalho de segurança pública. Lembrando que atrás de mim tem minha família que me acompanha, e isso é muito importante, este apoio é importante. Logo no início recebi algumas críticas e a família sofre, tenho uma mãe com 80 anos, esposa, filhos e amigos e estou sendo fortemente cobrado por coisas que se arrastam por anos.
Um problema que há oito anos a cidade carrega é a situação do Ginásio de Esportes, onde também houve uma polêmica nas redes sociais. Meu filho estudava no Instituto e aquela situação mesmo antes de ser secretário me incomodava, com pessoas utilizando bebidas alcoólicas, drogas e fazendo sexo às 7h30 em local público, com os alunos passando para ir à escola. É uma situação com a qual a população não deveria conviver, e esta foi a primeira coisa, quando o prefeito Marcelo me chamou, que fui ver, pois ouvia o clamor das pessoas. Fizemos um trabalho em conjunto com a Assistência Social, simplesmente conversamos e pedimos àqueles moradores em situação de rua para que procurassem os órgãos competentes a fim de receberem ajuda. Infelizmente houve uma distorção quanto ao assunto. Estive em reunião na Defensoria Pública, que faz seu trabalho, mas os moradores de rua fizeram um abaixo-assinado relatando inverdades que não fiz e tenho testemunhas, que são os permissionários que eram coagidos por eles, que ostentavam faca dia e noite tentando angariar dinheiro e lanches das pessoas. Sou um ser humano também e muitos ali estão por dissabores da vida, mas alguns não querem nada. Gostaria de relatar esta passagem porque nada houve, e tudo o que foi realizado foi dentro da legalidade e da maior transparência possível, sem violência e sem coação. Esta história me fez voltar no tempo, há uns 10 anos, quando um fato aconteceu com a prisão de secretário e guardas, e depois de muito tempo todos foram absolvidos. Peço que estas denúncias sejam verificadas com certo cuidado, para que as coisas do passado não venham a acontecer novamente, pois reafirmo que vou atuar dentro da legalidade, de forma transparente e totalmente voltada para a população parnanguara. Quero pedir à população que acredite no trabalho que estamos desenvolvendo e que farei o meu melhor.