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Entrevista

Professora do CMAE destaca importância da educação humanizada em Paranaguá

Espaço inaugurado em 2017 já atendeu inúmeros alunos e colabora com a qualidade de vida e saúde mental dos professores

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Professora desde 1989 através da rede municipal de ensino de Paranaguá, Irazilda Bisson Dalago atualmente é responsável do Centro Municipal de Avaliação Especializada (CMAE), e destacou a importância do espaço, que foi inaugurado pela gestão do prefeito Marcelo Roque e da secretária municipal de Educação e Ensino Integral, Vandecy Silva Dutra, em novembro de 2017. Segundo Irazilda, o local é um importante alicerce da educação humanizada em Paranaguá, atendendo diversos alunos especiais, bem como professores da rede municipal de ensino em prol da qualidade de vida e saúde mental.

Irazilda atuou por mais de 20 anos na Escola Municipal Tiradentes, em Alexandra, trabalhando em inúmeras unidades de ensino, passando para a equipe da Secretaria Municipal de Educação e Ensino Integral (Semedi) desde 2017 na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Em 2018, foi convidada para integrar a equipe de gestão do CMAE, onde já participava no Programa Saúde do Professor, área onde faz Mestrado, atualmente. Militante da causa da escola pública, Irazilda Dalago é casada com Antônio Carlos Dalago, com quem tem duas filhas, Christine, 24 anos, estudante de Medicina, e Lívia Maria, 11 anos, ela contou um pouco da sua atuação no CMAE em Paranaguá. Confira: 

Folha do Litoral News: Qual o balanço que a senhora faz da atuação do CMAE desde sua a instalação, em 2017? 
Irazilda Dalago:
Os avanços são imensos em torno do atendimento dos alunos, com avaliação psicopedagógica e todo o respaldo necessário. Nesse sentido foi fundamental o apoio do prefeito Marcelo Roque para a criação do CMAE. Só em 2018, foram 46 avaliações com laudo médico de crianças para tratamento e intervenções em sala de aula. Além disso, tem a formação dos professores com profissionais especializados nas áreas de Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia e Psicologia. Temos uma série de atividades que não se resume só ao atendimento. A dificuldade do aluno é detectada na escola, com relatório encaminhado ao CMAE e atuação da Educação Especial, com orientação de professores, equipe pedagógica, diretores, atendimento aos pais, entre outros, com salas de atendimento especializado nas próprias unidades de ensino e atuação na Educação Especial contínua. Estamos realizando o curso de Libras, algo que será iniciado em março na Unespar e formará 35 novos professores nesta área e em 2018 formamos 30. Atuamos também nos Centros Municipais de Ensino Infantil (CMEI`s). É nesta hora que conseguimos atuar com prevenção e com o objetivo das crianças entrarem encaminhadas no Esino Fundamental. 

Folha do Litoral News: O atendimento das crianças pelo CMAE é algo complexo. Como isso funciona?
Irazilda Dalago:
É algo feito a longo prazo pelo CMAE. No momento em que a criança entra aqui estará conosco por muito tempo. É um trabalho com dificuldade, entre eles temos o Projeto Piloto Patas do Bem, que concedeu um trabalho maravilhoso com as crianças autistas. Agradecemos à secretária Vandecy Dutra todos os dias pela garra que teve em inaugurar o nosso Centro. Trabalhamos com dedicação total por toda a equipe, que é muito entrosada e responsável, que atua para fazer a diferença com tratamento humanizado. Sentamos com pais, responsáveis,  orientamos, com muita paciência e com apoio da nossa assistência social com encaminhamentos, avaliação e visita ao bairro do aluno junto com a família. Não se resume só às atividades do CMAE, vai muito além. 

Folha do Litoral News: Como funciona o processo de identificação dos alunos que necessitam do apoio do CMAE?
Irazilda Dalago:
É importante dizer que as crianças avaliadas que estão sendo atendidas no CMAE estão em um processo terapêutico, é um trabalho da equipe da Divisão da Educação Especial, que tem contato direto com as escolas e com os professores de Atendimento Educacional Especializado (AEE). Quando é identificado um aluno com dificuldade de aprendizagem, esta profissional vai lá e faz uma triagem inicial com a criança, se ela percebe que realmente tem que ser investigado o caso, aí é feito todo o relatório com a escola, equipe gestora e professora, com todos os aspectos que a criança apresenta, encaminhando para a Educação Especial, fazendo o trâmite de colocar na lista, dando o aval para o CMAE e entrada na lista de espera e, assim que possível, já são marcadas consultas, atendimentos para avaliação, passagem por psiquiatra, entre outros profissionais. Se a escola não tem professor de AEE, a própria equipe, quando sinaliza o aluno com dificuldade de aprendizagem, preenche as fichas e traz para nós. Temos relação em cada escola, é chamado este aluno para avaliação e também temos parceria com o CAEM. Quando a avaliação termina, tem o fechamento com laudo com médico neurologista e psiquiatra, e começa o trabalho de acompanhamento na escola e na família, com retomada todo final de ano, trazendo todos para ver o que foi feito. São muitas pessoas trabalhando em prol deste aluno, ele será acompanhado sempre pelo CMAE e pela escola, a partir do momento que ele está aqui o acompanhamento é contínuo.

Folha do Litoral News: Qual a importância dos pais e famílias colaborarem com a atuação do CMAE? 
Irazilda Dalago:
Trabalhamos muito no convencimento das famílias, pois há muitas famílias que não aceitam estar aqui, não aceitam que o filho vá passar por este processo, é a negação. Trabalhamos com estes pais quando eles chegam aqui no convencimento, além da conscientização destes acompanhamentos e de colocar em prática o que os profissionais do CMAE colocam aqui, que não pode ficar aqui, tem que ser colocado em prática também em casa e na escola. Tem que ir além para dar certo. 

Folha do Litoral News: Como o CMAE contribui para o avanço da educação municipal? 
Irazilda Dalago:
Todo este trabalho que é feito com os profissionais do CMAE junto às crianças, professores e familiares, de forma conectada entre as partes, atuando em conjunto, é algo que traz um resultado positivo impactante na qualidade da educação. Nosso grande desafio é fazer com que este mecanismo todo trabalhe em conjunto com a equipe do CMAE, equipe da escola, professor regente, equipe gestora e famílias, em um mesmo contexto, trabalhando de forma integrada, isto traz um resultado significativo no desempenho escolar do aluno e na educação pública municipal. 

Folha do Litoral News: Qual a principal atuação do espaço neste início do ano letivo de 2019?
Irazilda Dalago:
Um dos pontos principais do CMAE no início do ano é receber os professores e colocar a todos a importância do atendimento a estas crianças de inclusão e de todo este processo, do primeiro olhar do professor às crianças junto com a equipe gestora em prol de todo o acompanhamento do CMAE. Isto é uma coisa muito séria, pois isto dá início ao atendimento da criança aqui. Com isso atuamos na formação dos profissionais.Nesta semana nos reunimos com o professor do AE, que é nosso elo principal, onde eles discutiram a importância do trabalho desenvolvido por eles no ambiente escolar. Eles têm acesso a todas às salas de aula. 

Folha do Litoral News – Como o CMAE atende os professores da rede municipal? 
Irazilda Dalago:
A qualidade da educação que tanto lutamos não é algo só pensado no aluno, mas também no professor que está ligado direto aos estudantes. Eles têm que estar bem para atender de forma efetiva ao aluno. Pensando nisso, desenvolvemos o programa Saúde do Professor, onde atuamos com eles de várias maneiras, seja de forma espontânea, onde ele vem até aqui e agenda uma consulta, assim como pelo diretor ou equipe gestora da escola nos informar dificuldades com profissionais, então fazemos visitas à unidade com palestras, falando do programa junto com psicólogo. Isto é algo novo, nem todas as escolas tiveram acesso ao programa, que está sendo implantado de forma gradativa com ações de aferição de pressão, taxa de glicemia, cálculo do IMC, orientações de hábitos saudáveis e atividade física. O professor pode vir conversar nestas palestras conosco e agendar consulta no CMAE. Além disso, pode passar pela Ouvidoria algum atrito na questão da relação interpessoal, algo que nos é comunicado e entramos em contato com o professor apresentando o programa e fazendo o convencimento. 

Folha do Litoral News: E os resultados com os profissionais de educação são positivos? 
Irazilda Dalago:
Obtivemos vários resultados positivos, como na aferição de pressão em uma escola onde uma professora que quase estava tendo um AVC e foi atendida e hoje está bem com medicação e cuidados médicos, bem como evitando e tratando depressão de profissionais com atendimento contínuo. Depois do atendimento eles voltam aqui sorrindo e voltam para a sala de aula. Vemos uma evolução grande na parte emocional e psíquica, com psicóloga atendendo de forma individual e depois, se possível, com grupos de terapia e com atividades desenvolvidas coletivamente em atenção à saúde, no valor do trabalho do professor, atividade ao ar livre na Floresta do Palmito e outros locais, entre outros. Estamos com um projeto com a UFPR e um grupo de saúde coletiva com várias ações nesse sentido. E agora nós estamos passando por um edital de contratação de profissional de Yoga e Biodança para saúde do professor, além de estar prevista a hidroginástica na piscina do município com contratação de professor de educação física. 

Folha do Litoral News: Para finalizar, gostaria que a senhora falasse qual a importância do desenvolvimento de uma educação humanizada e inclusiva por parte do CMAE?
Irazilda Dalago:
O CMAE foi um sonho realizado de todos nós e não esquecemos no nosso dia a dia, do quanto desejamos que a rede tivesse um espaço como esse. A educação humanizada é importantíssima pensando na qualidade de vida para nossos alunos, professores e profissionais de educação e das famílias. Quando uma família chega aqui a ela é dada toda a atenção, todo o carinho, amor, atenção e orientação necessária. Procuramos fazer mais do que é possível fazer. Sentimos quando o trabalho é feito de forma humanizada. De forma isolada não obtemos resultado, mas quando trabalhamos de forma humanizada e ampla, com respeito a cada ser humano, o avanço ocorre. Temos respeito desde a nossa recepcionista com todos que são atendidos no CMAE. Na correria do dia a dia é importante termos sempre o foco de tratar o próximo com respeito e de forma humanizada, algo primordial e que falamos entre todos nós. O nosso carro-chefe é tratar com carinho, respeito e profissionalismo todas as pessoas que chegam aqui para serem atendidas por nossa equipe. 

Equipe do CMAE que atende no período da tarde no espaço de forma humanizada e inclusiva com alunos e professores do município 

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