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Entrevista

Presidente do Conselho Tutelar fala sobre as atividades exercidas pela função

Foi através da motivação vivida no cotidiano que Camila chegou ao Conselho Tutelar e há um mês exerce a função de presidente do órgão.

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Camila do Rocio Lacerda Matoso nasceu em 1982 em Paranaguá e desde cedo demonstrou preocupação com as causas sociais. É casada com Alessandro Matoso e tem um filho. Estudou no Instituto Estadual de Educação Dr. Caetano Munhoz da Rocha, e se graduou em Pedagogia pela Fafipar. O amor pelo trabalho educativo e social sempre esteve presente em sua vida, moldando um ser humano com o perfil capaz de  atuar nas causas em defesa das crianças e adolescentes.  Foi através da motivação vivida no cotidiano que Camila chegou ao Conselho Tutelar e há um mês exerce a função de presidente do órgão. É sobre sua atividade que ela fala nesta entrevista. Confira:

 

Folha do Litoral News – Como iniciou seu envolvimento nas causas sociais. O que te motivou a ser conselheira?

Camila –Eu fazia estágio na Escola Costa e Silva e conheci uma amiga que me disse que eu levava jeito para ser conselheira, pois ela já havia sido e conhecia bem o ramo. Ela disse isso para mim mais que duas vezes, e por causa disso me senti motivada e comecei a estudar sobre o conselho e suas funções. Nisso me identifiquei porque gosto de trabalhar com crianças. Fiz o processo seletivo em 2008, passei e fui chamada. Cumpri aquela gestão e voltei em 2016. Gosto muito do que faço.

 

Folha do Litoral News – Após um ano de trabalho, como você define a questão da política pública em prol das crianças e adolescentes em Paranaguá?

Camila –Estamos tentando fazer o melhor, pois não depende somente dos funcionários para realização do trabalho, e sim das autoridades, as quais são as responsáveis por nos fornecer melhores condições e valorização.   Um conselho não consegue atender a todas as necessidades das crianças. Vontade de trabalhar todos temos, o que nos falta quase sempre são os recursos.

 

Folha do Litoral News – Qual é o maior desafio do Conselho Tutelar em Paranaguá?

Camila –Primeiramente a valorização do Conselho Tutelar, pois é visto como um órgão de frente na defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes, porém, não é valorizado e respeitado como deveria ser. Por exemplo, na parte estrutural trabalhamos em locais perigosos de noite e madrugada, sendo um risco total para a equipe. Muitas vezes precisamos de reforço policial, pois já fomos algumas vezes até ameaçados de morte e muitas vezes encontramos fortes resistências por parte da própria família.  Essas situações tornam nosso trabalho, em alguns casos, inviável e sem resultado positivo. Atendemos adolescentes em situação de drogadição. Outro desafio também é lidar, hoje em dia, com as redes sociais, pois vemos comentários de pessoas sem conhecimento algum que difamam nossa imagem e falam inverdades ao nosso respeito. Seria muito bom se essas pessoas procurassem antes conhecer um pouco das nossas atribuições.

 

Folha do Litoral News – Como está o trâmite para a implantação do segundo conselho na cidade?

Camila – Segundo o secretário de Assistência Social, Levi Andrade, em breve vai sair do papel. Falta um local para ser a sede. Apesar de muito tempo estarmos falando nisso, temos certeza que agora está chegando cada vez mais perto. Precisamos de mais um Conselho Tutelar, pois somos em poucos e não podemos exercer outras atividades. Temos que estar 24 horas disponíveis. Se o conselheiro tiver outro emprego, ele necessita pegar licença. Isso nos mostra a importância do órgão na atuação da garantia dos direitos da criança e do adolescente.

 

Folha do Litoral News – Qual é o papel do Conselho Tutelar?

Camila – Está avaliado no Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA, ali está bem claro que nós não podemos abordar os adolescentes que estão fazendo uso de droga, usando bebidas alcoólicas, ou presentes em casas noturnas. Essas atribuições ficam a cargo dos policiais e guardas civis. Além disso, nós ainda corremos o risco de ao chegarmos até eles, sermos agredidos. Nossa função é atender crianças e adolescentes nas hipóteses em que seus direitos forem violados ou ameaçados pela sociedade, Estado, pais, responsável, ou em razão de sua própria conduta. Em grande parte dos casos, a ação ocorre através de uma denúncia. Essa prática age em benefício do menor que está sofrendo e acelera o processo de aconselhamento do mesmo ou dos pais. Ao órgão são encaminhados os problemas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Ao receber uma denúncia, passa a acompanhar o caso para melhor resolver o problema. A denúncia é anônima e pode ser feita pelo telefone dos conselhos da cidade.

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