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Entrevista

Padre Emerson Zella explica o que a Páscoa representa aos fiéis

Vida religiosa está pautada na Páscoa de Cristo, sua paixão, morte e especialmente sua ressurreição

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A Páscoa é tida como o centro da fé cristã. A paixão, morte e ressurreição de Cristo é a base da igreja para todas as atividades religiosas durante o ano. O padre Emerson Zella, da Catedral Diocesana Nossa Senhora do Rosário, é quem relembra os momentos que marcaram a trajetória de Cristo. Nesta entrevista, ele ressalta os ensinamentos que a Semana Santa oferece e a importância de vivenciar a Páscoa em outros períodos do ano, por meio do sacrifício, amor e doação, aspectos que devem estar presentes em todos os momentos da vida.

 

Folha do Litoral News: A Páscoa representa a paixão, morte e ressurreição de Cristo. Quais os principais acontecimentos que marcaram esses três momentos?

Padre Emerson: Jesus Cristo veio ao mundo para revelar a todos os homens a verdade: quem é Deus, quem somos nós, como Deus nos ama imensamente e para nos comunicar a graça de nos tornarmos filhos de Deus! (Jo: 1). Jesus revelou Deus nos seus ensinamentos, milagres, seus atos, sua presença, seu olhar, sua vida, pois Ele é o filho de Deus, Ele é Deus, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. Muitos acreditaram Nele e se converteram. Outros não aceitaram seu testemunho, não acreditaram que Ele era o Messias anunciado pelos profetas e tramaram matá-lo. Jesus, então, sabendo que se aproximava o momento da sua morte, reuniu os apóstolos para uma última refeição. Era quinta-feira da semana da Páscoa dos judeus. Esta festa recordava a libertação dos judeus da escravidão do Egito. E o Senhor Jesus aproveitou esta festa para deixar para os apóstolos um novo significado a ser celebrado: a libertação da escravidão do pecado. Durante a ceia, Jesus tomou o pão e o cálice com vinho, dizendo:  “Tomai e comei, isto é o meu corpo que é dado por vós". E depois:  “Tomai e bebei, isto é meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança, que é derramado por vós e por muitos para a remissão dos pecados. Fazei isto em memória de mim”. Os apóstolos ficaram muito admirados, não entendiam o que Jesus fazia. Só Jesus, o Filho de Deus, sabia o que estava fazendo: Ele estava se oferecendo a Deus Pai para morrer por nós. Ofereceu-se em um sacrifício perfeito, para alcançar o perdão dos nossos pecados e nós podermos voltar para Deus, não só como criaturas, mas como filhos.

Após a ceia, Jesus foi rezar no Monte das Oliveiras. Lá foi entregue por Judas Iscariotes aos soldados, que O procuravam para matar. Foi humilhado, maltratado, ferido, abandonado por seus amigos e condenado a morrer na cruz. Era sexta-feira da semana da Páscoa dos Judeus. A Sexta-Feira Santa. E estando na cruz, Jesus pede ao Pai: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem". Pede perdão para eles e para nós. É amor demais.

Depois da morte de Jesus, seus apóstolos e discípulos ficaram tristes e confusos, mas, no terceiro dia, aconteceu o que Jesus já havia dito a eles: “O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens e matá-lo-ão; e ressuscitará três dias depois de sua morte" (Marcos 9, 31). E foi isso que aconteceu. No domingo, antes do amanhecer, três mulheres foram ao túmulo de Jesus embalsamar o seu corpo, que fora sepultado às pressas. Encontraram o sepulcro vazio e um jovem com vestes deslumbrantes que lhes disse: “Por que buscais entre os mortos o que vive? Ele não está aqui, ressuscitou. Ide dizei aos seus discípulos e a Pedro que o verão na Galileia” (Lucas 24, 1-8). As mulheres, felizes, correram ao encontro dos apóstolos para lhes dar a notícia: JESUS RESSUSCITOU! E o coração de todos se encheu de uma grande alegria. A alegria da Páscoa é a certeza de que Jesus ressuscitou, vencendo a morte e o pecado.

 

Folha do Litoral News: Famoso entre os católicos de todo o mundo, o que o Domingo de Páscoa representa entre as celebrações pascais?

Padre Emerson: A primeira carta de São Paulo aos Coríntios nos diz: “E, se Cristo não foi ressuscitado, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé” (1 Corintios 15, 13-14). A Páscoa é o centro da fé cristã. Todas as nossas atividades de fé, toda nossa vida religiosa está voltada para a Páscoa de Cristo, sua paixão, morte e especialmente sua ressurreição.

 

Folha do Litoral News: Que ensinamentos podemos ter durante a Semana Santa?

Padre Emerson: Aprendemos olhando para a vida de Cristo o amor incondicional que Deus tem por todo ser humano. Tomamos consciência que somos todos filhos de Deus, irmãos uns dos outros. Todos somos pecadores (Romanos 3,23) e em Cristo encontramos a resposta de Deus para o problema do pecado que nos leva à morte. Ele sendo santo assumiu nosso pecado e nos trouxe a libertação. Olhando Jesus que sofre encontramos sentido para os nossos sofrimentos e olhando para sua ressurreição temos a certeza de que o amor sempre vai prevalecer e que o que nos espera após a morte é nossa plena realização, ser ressuscitados com Cristo (Romanos 6,8).

 

Folha do Litoral News: Em tempos de violência, de muitos desastres e atos de terrorismo, a Páscoa nos ensina que é sempre tempo de recomeçar?

Padre Emerson: Jesus nos mostrou que o amor é sempre a melhor escolha, ele passou pelo mundo fazendo o bem (Atos 10,38). Sendo assim, ao olharmos para a vida de Cristo tomamos consciência de que o amor é o que dá sentido à vida humana. E mesmo quando tudo parecer perdido (a morte de Jesus), o amor de Deus responde que nada poderá vencê-lo (Ressurreição de Cristo). Para nós, crentes, o amor jamais acabará, pois Deus é Amor.

 

Folha do Litoral News: É possível vivenciar a Páscoa em outros períodos do ano? De que forma?

Padre Emerson: Os símbolos da Páscoa nos ajudam a compreender bem isso. O Cordeiro Pascal é símbolo do sacrifício de Cristo e é um convite a nos sacrificarmos todos os dias por amor, sobretudo, no serviço amoroso em nossa casa, nosso trabalho, nossos estudos, em nossa vizinhança, em uma obra social e até mesmo como diz Jesus, com os nossos inimigos. O Círio Pascal é o símbolo da presença de Cristo Ressuscitado entre nós, nos lembra que nunca estamos sozinhos, que nossa força vem de Deus e nunca devemos perder a esperança. A troca de chocolates mostra que a partilha é necessária e nos motiva a repartir a doçura da vida com toda a humanidade. Esses gestos de sacrifício, amor e doação devem estar presentes em todos os momentos e situações de nossas vidas.

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